sexta-feira, março 17, 2017

O velho e a caneta

Os livros mais vendidos em 2016 foram "escritos" por youtubers. No ano anterior, quem sustentou a indústria foram os livros de colorir. A Fnac ameçou sair do país. Uma das maiores redes de livraria acha que o Brasil não dá mais lucro.
O recado é simples: ninguém lê.
Os livros dos youtubers tem supostas biografias de pessoas de 20 anos, letras gigantescas, ilustrações e quase pouco ou nenhum conteúdo. Quem compra é criança fã que quer autógrafo. Os livros de colorir então,não preciso nem comentar, né?
Poderíamos até tentar justificar essa queda nas vendas de livros com a crise, dizer que as pessoas abriram mão desse tipo de entretenimento por falta de dinheiro, mas o problema está muito além disso.
A verdade é que a maioria dos brasileiros tem preguiça de ler. Não conseguem nem sentar pra ler míseras 2h de legendas no cinema. Como pedir pra alguém assim se dedicar dezenas desse tempo para terminar uma única história?
Outro item em escassez ultimamente é o tempo. Pra abrir um livro, você precisa desligar o videogame, esquecer da Netflix, fechar todas as abas do seu navegador e redes sociais abertas no telefone. 
Como se não bastasse, os livros são um entretenimento caro. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, um lançamento em edição de bolso é vendido a 7 dólares, no Brasil um livro novo já chega com capa dura, custando na faixa dos 50 reais. 
Fora tudo isso, ler é uma atividade que se faz sozinho. Precisa de iluminação e silêncio. Duas coisas que a maioria das pessoas teme mais do que filme legendado.
É simplesmente pedir demais: dinheiro, tempo e compromisso.
Ainda assim, continuo firme e forte em busca do sonho. Mais do que nunca talvez. Simplesmente porque escrever é algo que faz com que eu me sinta bem. Me alegra e me da orgulho. 
Não sei se algum dia algúem vai ter tempo pra me ler, mas não importa. 
Até lá, seguirei escrevendo...escrevendo...escrevendo...e esperando ansiosamente por um pulso eletromagnético que transforme todos os televisores, videogames e smartphones em pesos de papel.

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