terça-feira, fevereiro 07, 2023

A segunda pior coisa que pode te acontecer na vida...

Envelhecer é foda, né? Ok, é melhor que a alternativa, mas ainda assim...foda, né?

Fui em dois shows nessas últimas semanas que jogaram muito na minha cara o quanto eu estou envelhecendo. Sexta passada fui ver os os Backstreet boys com a Amanda. Os "boys" já viraram "men" há muito tempo, e estão na faixa dos cinquenta. 

As dancinhas ficaram um pouco patéticas e as barbas tingidas mais evidentes. Não que eu esperasse um número musical saído de RRR (minha nova indicação de filme do momento), mas eu realmente esperava mais...movimento, sabe?  A faixa etária eram mulheres de meia idade e mais velho que o público, só quem estava no palco.

Pelo menos eles ainda cantam alguma coisa. O show foi divertido e a nostalgia bateu muito forte, ainda que a maior parte dessas músicas eu só escutasse por tabela, ou no aguardo da próxima posição do Disk MTV.  Melhor que vender o ingresso que a Amanda tinha sobrando pros cambistas, que ofereceram 1/4 do valor que ela tinha pago quando comprou.

Aí sábado agora (04/02) fui num show do Paul Di Anno (o vocalista dos dois primeiros discos do Iron Maiden). Ele está com 64 anos de idade, mas por conta da saúde extremamente debilitada, infelizmente parecem ser muito mais. Ele veio pra turnê (que passa por umas 30 cidades brasileiras, diga-se de passagem) de cadeira de rodas, fazendo show com uma perna enfaixada pro alto, sem enxergar direito o público e sem aguentar até o final uma única música. 

O público abraçou a situação da forma mais compreensiva possível. Afinal, melhor um show capenga do que show nenhum, cancelado sem previsão de reposição. E sendo muito sincero, no final das contas quem faz o show é o público. E não tem no mundo uma plateia que ame o Iron Maiden mais do que os brasileiros. Se o Paul não consegue cantar, a gente canta por ele. A gente pula por ele, grita mais alto que a banda, bate cabeça enquanto pode. 

Foi o primeiro mosh ("rodinha de porrada") que eu vi onde predominavam cabelos brancos, panças de chopp, escolioses. Faz sentido. Os dois primeiros álbuns do Iron são de 80 e 81. O público se renovou até o começo dos anos 2000, e depois só se manteve. Os jovens foram ouvir outra coisa: Lady Gaga, K-Pop ou Pablo Vittar.

Enfim, o lado bom da velhice é que não é algo pelo que você tenha que passar sozinho. 

O velho no palco reflete os idosos se cotovelando na pista, que refletem o estranho que eu vejo no espelho. E enquanto a música estiver tocando, a gente faz o que pode pro show continuar.