segunda-feira, agosto 31, 2020

Sabe que horas são?

Enquanto o Brasil ultrapassa as 120 mil mortes por COVID, esse número deixa de chocar ou causar qualquer impacto e passa a ser simplesmente uma unidade de medida. 

Uma medida de tempo. 

Ontem 10 mil, hoje 120 mil, mes que vem quem sabe? 150?

Assim como sabemos que o tempo não para, o número de infectados também não vai parar. 

E pra quem fica, só nos resta matar o tempo.

Ok, home office é legal e talvez essa e outras mudanças incríveis aconteçam no futuro.

Mas e todo o tempo perdido? 

Quem vai devolver o ano de 2020 pra gente?

E tudo que deixamos de fazer? 

Os shows, eventos e teatros aos quais deixamos de comparecer? 

As viagens não fizemos? 

As visitas que não aconteceram?

As pessoas que não encontramos? 

O progresso na carreira profissional que não atingimos?

De um jeito ou de outro, todo mundo saiu perdendo. 

Em todo o mundo.

Afinal, se existe algo que não tem preço é o tempo.

Já estamos chegando em 6 meses de pandemia. 

De isolamento. 

Seis meses desde o dia em que a Terra parou. 

Ainda que não pra todo mundo, e não do mesmo jeito.

Acredito que essa passagem bizarra de tempo gere o desespero que faz as pessoas quererem aproveitar seu tempo do melhor jeito possível. 

Seja aprendendo um idioma, um prato novo na cozinha, fazendo regime ou estudando. 

Ninguém quer acreditar de verdade no quanto está perdendo.

Acontece que por mais habilidades que se acumulem, nada vai nos devolver esse tempo.

E eu já estou ficando cansado.

De tanto perder tanto tempo...