quarta-feira, abril 10, 2024

Rafa-El, o Superbaby!

 A palavra “El” em hebraico é um dos nomes de “Deus”. Muitas vezes é um sufixo em nomes angelicais (como “Gabriel”, que significa “força de Deus”, ou “Michael”, que significa “quem é como Deus”).O nome Rafael tem origem na expressão hebraica «refa`el», que significa «Deus curou».

Mas...pra mim principalmente, claro que o nome tem um significado mais ligado aos quadrinhos.

Em Krypton, o nome de nascimento do Superman é Kal-El, e seu nome significa que ele é Kal da Casa de El. Em kryptoniano, “El” significa “Criança” e “Kal” significa “estrela”. Portanto, o nome Kal-El significa “Filho das Estrelas” ou “Criança das Estrelas”. Dessa forma, Rafa-El, seria a criança Rafa, da "casa" do Superman, nosso querido Superbaby!

sábado, março 16, 2024

É uma pena...

É uma pena mas você não vai se lembrar de tudo que sua mãe passou pra que você estivesse aqui hoje. 

É uma pena mas você não vai se lembrar, de como a pressão dela subiu, de como ela ficou com dores na coluna semelhantes as de uma hérnia e não podia tomar remédios, pois isso podia afetar sua gestação, nem de como as mãos delas doíam tanto que ela mal podia segurar um copo e ainda assim tentou trabalhar até o último instante.

É uma pena mas você não vai se lembrar de tudo que ela estudou, de todos os vídeos que assistiu e médicos que consultou pra que estivesse completamente pronta pra sua chegada.

É uma pena mas você não vai se lembrar do risco que ela tinha de pré-eclâmpsia, colocando a própria vida em risco pra que você pudesse nascer.

É uma pena mas você não vai se lembrar do medo que ela tinha da anestesia, que saía de uma agulha daquelas que parecem saídas de filmes de terror. Nem do quanto ela tentava parecer calma enquanto as médicas abriam a barriga dela cessaria nem do quanto ela ainda tentou parecer plena pras fotos e pra quem estava assistindo, tendo até se maquiado pra estar em sua melhor forma quando você chegasse.

É uma pena mas você não vai se lembrar de como no seu primeiro mês de vida ela passou praticamente cada segundo da vida dela, acordada ou dormindo, preocupada com você. 

É uma pena mas você não vai se lembrar de todas as vezes, a cada 2h ou 3h, que ela acordou no meio da noite, pra te dar o peito, um reforço de suplemento na mamadeira se você continuasse com fome e ainda te deixar uns minutos de pé, pro leite não voltar.

É uma pena mas você não vai se lembrar de como ela dormiu mal durante muitas e muitas noites, privada do sono e da paciência, só pra que você ficasse maior e mais forte a cada dia.

É uma pena mas você não vai se lembrar de como era difícil fazer cocô e ela tinha que te massagear todos os dias pra te ajudar a evacuar e depois ainda te dava banho e trocava suas fraldas, as vezes até no escuro, pra não te acordar.

É uma pena mas você não vai se lembrar do que ela conversava com você de madrugada, enquanto seu sono não chegava, com você no colo e a Luna nos pés (e aqui eu nem vou poder te ajudar, já que na maior parte das vezes ela acordava sozinha, então eu nem sei o que vocês conversavam).

É uma pena mas você não vai se lembrar de todo o carinho e dedicação incondicional que recebeu, e é realmente uma pena que ninguém se lembre. 

Então que esse pequeno texto seja um lembrete, pra que você se lembre de ser grato, e pra que eu também nunca me esqueça.

terça-feira, março 05, 2024

E eis que surge um novo herói na nossa história...

Ninguém envelhece mais. Seja por conta dos avanços na cirurgia plástica ou por cuidados excessivos nas mãos de pais superprotetores, a maior parte dos adultos hoje em dia não passam de mentes adolescentes presas a corpos decrépitos. Provavelmente é culpa do marketing. Nostalgia é a emoção mais fácil de se vender. Dá um quentinho no coração saber que vai haver uma nova temporada daquele que era seu desenho favorito da infância (Xmen 97, que continua de onde a animação de 92 parou estreia agora em março no Disney+) ou poder completar aquela coleção de bonequinhos que você só via na mão do seu vizinho rico (toda a coleção do He-Man vem sendo relançada recentemente, nos mesmos moldes da coleção dos anos 80). Ou seja, se viver no passado, seja jogando Atari ou maratonando os filmes do Stallone no streaming está mais fácil do que nunca,  então quem, em sã consciência, escolheria crescer e virar adulto?

O problema é que um dia a ficha cai (provavelmente junto com o seu cabelo) e você percebe que não vai viver pra sempre. Como diria a Pitty, não deixe nada pra semana que vem, que semana que vem pode nem chegar. Então é melhor não postergar tanto seus planos. Foi com essa consciência (e obviamente, com um empurrãozinho da Amanda, que já era adulta desde que nasceu), que decidimos que era a hora de ter um filho. Li uma vez o Adam Sandler falou pro Chris Pratt que não era pra ele esperar muito pra ter filhos, porque cada dia que ele esperava era um dia a menos que o filho dele teria um pai. Faz sentido, se você esperar até os 50 pra ter um bebê, é provável que não aproveite muita coisa da vida dele.

Enfim, tendo consciência ou não da própria mortalidade, ainda foi muito difícil pra mim começar a pensar em mim mesmo como um adulto (e olha que eu realmente tentei, até gritei Shazam! pra ver se ajudava), então boa parte do tempo eu meio que continuei imaginando que a gente estava passando por uma gravidez na adolescência, o que leva a dúvidas comuns como: "Caramba, espera um pouco aí, um filho é uma dívida parcelada que a gente não vai quitar nunca???"

De qualquer forma, com ou sem ansiedade, pouco antes da gente mudar pra casa nova (mas já com toda papelada encaminhada antes da gente saber da notícia), descobrimos que estávamos grávidos (o que aconteceu lá no mês de julho)!

Não fizemos muito alarde durante a gravidez, porque acompanhamos de perto algumas pessoas que "perderam a entrega no meio do caminho" e vimos o efeito devastador que isso teve nelas e em suas famílias. Escolhemos revelar pra minha família só em agosto, no dia dos pais, quando visitamos meu irmão e a Isa em Campinas. O "chá de revelação" foi só um bolinho pra mim e pra Amanda (ou seja, a confeiteira do iFood foi a primeira pessoa a saber o sexo do bebê) e o "chá de fraldas/chá de beber" fizemos na casa dos meus pais só em dezembro, no finalzinho do ano, pros amigos e parentes mais próxioms. 

E eis que no dia 15/02, logo depois do carnaval, finalmente chegou a esperada data marcada pro Rafinha chegar ao mundo! A cessaria foi marcada pra quando ele chegasse em 37 semanas de gestação, levemente adiantada porque a Amanda desenvolveu pressão alta durante a gravidez (fora as dores nas costas e na mão, o que fazia com que quanto antes ele chegasse, melhor).

O parto foi realizado no no Pro Matre da Paulista, um hospital bem bacaninha que o plano da agência cobria, onde fomos muito bem atendidos e ficamos em um quarto maior que muito Ibis onde já nos hospedamos. Toda hora vinha alguma enfermeira no quarto servir alguma das 5 refeições diárias, entregar remédios ou chegar como a Amanda e o bebê estavam. Não era muito fácil se encontrar pelos corredores, que pareciam mudar de lugar como se a gente estivesse em Hogwarts, mas além do ótimo atendimento, a localização era muito boa, pertinho ali da Paulista com a Brigadeiro, a 100m de um Mcdonalds e do meu "duty free" favorito. 

Era uma quinta feira, e o Rafa chegou ao mundo as 14:47 da tarde. Eu acompanhei a Amanda de dentro da sala de cirurgia, enquanto minha mãe, minha tia Fatima, e meu irmão assistiram a boa parte do procedimento através de uma parede lateral de vidro (que lembra muito aquelas das salas de interrogatórios policiais dos filmes). 

O procedimento todo foi muito rápido. Em poucos minutos as médicas tiraram o bebê de dentro da Amanda e me passaram uma tesoura pra cortar o cordão umbilical (e só pra constar, eu não desmaiei, apesar de essa aparentemente ser uma preocupação geral...quase cortei o cordão no lugar errado, gerando um leve desespero nas médicas? talvez...mas desmaiar, não desmaiei). Falando em cordão umbilical, muito doido pensar que a gente nasce com um fio tipo um carregador na barriga e só depois que cresce vira wireless. 

O Rafa nasceu bem pequenininho (só 49cm) e assustadoramente roxo (por um segundo, meu primeiro pensamento foi que a gente teria que mudar o nome dele pra Thanos), mas logo começou a chorar e a mudar de cor, me fazendo perceber que estava tudo certo com ele. Algumas enfermeiras o pegaram pra limpa-lo, enquanto as médicas costuravam/fechavam a Amanda, tiramos várias fotos com ele ainda com a carinha toda amassada e depois aguardamos o efeito da anestesia passar. Então era isso, ainda em choque com o que tínhamos acabado de fazer, era aqui que começava um novo capítulo da nossa história. Que estreava um novo filme no nosso universo compartilhado, que era lançado um novo volume do nosso romance, que saía uma nova temporada do nosso seriado. E era assim que tinha que ser, afinal toda boa história merece ter continuação! Bem vindo ao multiverso, filhão!

Perto do final da tarde, fomos liberados pra voltar pro quarto, onde encontramos nossa pequena audiência e minha irmã, que havia acabado de se juntar a eles. Compramos flores pra Amanda e celebramos o nascimento com charutos de chocolate. Avós, tias-avós, tios e tias, todo mundo estava super contente com a chegada de um novo membro na família. E no sábado, meu pai chegou, trazendo de Jaú tambem minha tia Cristina e várias amigas da Amanda também foram nos visitar (Carol, Aline, Ana e Simone) e encheram o Rafinha de presentes.

Ficamos no hospital até domingo de manhã, quando recebemos alta depois de completar uma semana aos cuidados do hotel Pro Matre (no domingo, a Amanda já tinha sido internada, porque a pressão havia subido devido a uns estresses desnecessários), mas na quinta meu irmão e a Iza já tinham chegado pra ajudar a cuidar da Luna. Voltamos pra casa, minha família nos visitou mais uma vez antes de voltar pra capital do lanche no pão francês, e então, mais para o final do dia, realmente tinha início nossa saga como pais de primeira viagem.

No hospital, as enfermeiras eram responsáveis por trocar as fraldas e dar os banhos no Rafa. Agora que o trabalho pesado estava realmente pra começar. E a primeira lição a ser aprendida foi "Como pais de um recém-nascido, a esperança é a última que dorme"...

quinta-feira, outubro 19, 2023

O vizinho

 Ontem cheguei em casa por volta das 20h e encontrei um velhinho no elevador. 

— Está chegando do trabalho?  ele perguntou.
— Sim. — respondi. — Bom que hoje em dia é tranquilo, eu só tenho que ir presencialmente dois dias na semana.
— Ah, legal. Eu só trabalho uma vez no ano — Ele complementou, coçando sua longa barba branca, que ia até o peito.
— Isso parece bom — Respondi, tentando esconder o quanto aquele comentário tinha soado peculiar.
Então o velho tirou um celular do bolso e acendeu a tela do aparelho, exibindo a foto que havia em seu fundo de tela. 
Era ele vestido de Papai Noel, com um sorriso no rosto e um cachorro preto no colo.
Chegamos no meu andar e me despedi ainda sorrindo, me esforçando para ser o mais educado possível. Afinal, eu precisava mostrar que era um bom garoto.


quarta-feira, agosto 16, 2023

We're gonna move to a better, move to a better...Move to a better home...

 Dia 29 de julho chegou ao final "A saga da mudança". Foram meses que eu e a Amanda passamos procurando o apartamento perfeito, só pra chegar a conclusão de que o que a gente queria mesmo era um apartamento antigo de tamanho decente não morar num lançamento de 30m2, que custasse um bilhão de dólares. 

Um dia a gente estava no Maraba assistindo ao filme do Super Mario e reclamando do preço do aluguel (que seria muito melhor utilizado no pagamento de um empréstimo) e paramos numa construtora pra visitar mobiliados menores que uma casa da Barbie. Na semana seguinte, já começamos a conhecer corretores e a agendar visitas com o pessoal do quinto andar (apesar de ironicamente, a gente ter parado no quarto andar).

Apartamento encontrado, com móveis que sustentassem minha enorme coleção de quadrinhos e bugigangas, numa localização ideal entre os principais pontos de show da cidade e perto do metrô Barra Funda, começamos a procurar fundos. Passamos por vários bancos e no final foi com a ajuda do gerente da minha mãe, direto da capital do calçado feminino, que conseguimos o financiamento ideal, com os menores juros possíveis.

Então rolou toda a burocracia de assinar contratos, em bancos e cartórios, até que tudo estivesse no jeito, a antiga dona recebesse sua grana e o apartamento finalmente fosse nosso.

Com as chaves na mão (do apartamento 42, que todo bom nerd sabe que basicamente é a resposta pra pergunta "qual o significado da vida, do universo e tudo mais"), começamos a fazer dezenas de viagens de carro do apartamento velho pro antigo, a fim de transportar minha coleção, delicada e valiosa demais pra falta de cuidado dispensada pela equipe da mudança (que detonou vários dos nossos móveis no processo).

Meus pais trouxeram um pintor de paredes alienígena, minha tia trouxe um montador de móveis surdo e algumas semanas depois, chegou o dia de ver nossos móveis serem desmantelados pela equipe da mudança. E então, com a ajuda do meu irmão, terminamos de levar tudo que acumulamos nesses dez anos morando no centro, pra nossa nova residência (curiosamente localizada exatamente na saída oposta do minhocão).

Enfim, agora que tudo já está (mais ou menos) no lugar, começou a parte boa: desbravar o novo bairro, conhecendo seus restaurantes (tem uma Seven Kings a 300m de distância e um Ponto Chic bem na esquina!), shoppings, teatros, cinemas, academias, pet shops, praças (descobrimos ate que meu bisavô costumava participar de campeonatos de exibição de porcos, bem ali no Parque da Agua Branca), casas cenográficas de velho oeste e obviamente, os botecos com os melhores PFs e porções.

A gente gostava muito da Roosevelt (rolaram até umas lágrimas, minhas e da Amanda, quando tivemos que devolver as chaves pro pior zelador do mundo) e do centro (no qual passei vários dias me despedindo de meus bares, padarias e restaurantes favoritos - verdade seja dita, eu cheguei até a me despedir da Avenida Paulista, só porque ela já não estaria mais tão próxima), mas a mudança chegou na hora certa. Mudanças ainda maiores estavam a caminho...

quinta-feira, abril 13, 2023

Orelha de concha

 Na ultima vez que voltei pra Jau, um final de semana antes da Páscoa, achei que ia ficar maluco. Quando desci do carro na casa dos meus pais, o barulho da rodovia veio junto comigo, na forma de um zumbido constante no meu ouvido esquerdo. 

Basicamente, eu tinha passado o dia todo em ligações, usando um fone airpode rachado, que eu tinha acabado de comprar. Os fones chegaram na terça, derrubei o fone esquerdo no chão na quinta e na sexta usei o airpod zuado por mais de 5h seguidas. Ou seja, pedi pra dar merda. Wile E. Coyote, Inventor e gênio.

Liguei o ventilador pra dormir e o zumbido dele ajudou pelo menos a igualar o incomodo entre os dois ouvidos. Mas quando acordei e o zumbido continuou, achei de verdade que ia enlouquecer. Já tem vozes demais palpitando na minha cabeça, eu não seria capaz de aguentar um novo som me incomodando.

Felizmente, meu pai me deu um remédio (junto com a já tradicional salada de frutas matinal) e algumas horas depois, tudo voltou ao normal. 

Mas durante algumas horas senti muito medo de que a partir daquele momento eu tivesse que comer a ler quadrinhos com os carros passando zunindo na minha cabeça. Ou que eu tivesse que ir dormir dentro da turbina de um avião pra encontrar um pouco de conforto. 

Ou seja, alguns dias temos que ser gratos pelo silêncio.

quarta-feira, abril 05, 2023

A capital do congestionamento

Poucas coisas me deixam mais feliz pela manhã do que a uber ou a 99 me enviarem um taxi quando peço um carro pelo aplicativo. Isso significa que vou poder deslizar pela faixa preferencial dos ônibus, e chegar ligeiramente menos atrasado no trabalho. Afinal, como a Amanda gosta de repetir, eu sou uma daquelas pessoas que acordam cedo porque gostam de se atrasar com calma. 

Se eu estou dirigindo, acabo sempre me irritando com alguma coisa. Com a lentidão do transito, com os outros motoristas cortando minha frente, com motoqueiros levando o retrovisor.

Eu realmente admiro quem consegue dirigir nessa cidade mantendo a paciência. Pra mim é uma experiência traumatizante desde que eu era criança. Meu pai sempre teve a coragem e paciência que a cidade exige, mas sempre me lembro das discussões com minha mãe ou minha tia, dos mapas impressos que os neanderthais pré-waze tinham que carregar no carro e das infinitas voltas que a gente dava pra chegar de um lugar a outro. Era tanta volta, tanta demora, que eu sempre dormia. 

E assim, admiro quem dirige de boa por São Paulo com a mesma admiração e respeito que tenho por alguém que cospe fogo ou pula de bungee jumpee. Acho legal que existam pessoas que fazem isso, mas não tenho nenhum interesse em ser uma delas.

O Waze ajuda demais. Ele escreve certo por linhas tortas, mas sempre te leva onde você precisa e do jeito mais rápido possível, por mais que pareça não fazer sentido na hora.  Os "antigos" podem até não confiar nele, mas eu sei o quanto esse app já me ajudou. Já não basta o caos do transito, Deus me livre de ter que me preocupar também com os caminhos.

Ou seja, o transporte via carros de aplicativo pra mim são uma das maiores invenções recentes da humanidade. Graças a eles eu não tenho que me preocupar com direção, caminhos, pedintes, malabaristas, vendedores de bala, palhaços, acidentes, assaltos, motoqueiros, engolidores de espada, batidas, gasolina, zumbis da cracolândia, engarrafamentos, protestos, manutenção do automóvel, lavadores de vidro, rampas, alagamentos, buracos e os absurdos cobrados pelos estacionamentos nessa maldita metropole cinzenta.

E nos dias de sorte, nos dias realmente bons, o meu motorista tem passe livre pela preferencial, e aí é só alegria, ou como dizem por aí, "uma mão na roda".