quinta-feira, junho 16, 2016

Craft Essays by Chuck Palahniuk Parte 3 - "Encontrando diferentes formas de pontuar passagens de tempo"

Relógios mentem. Certo dia alguém teve a brilhante ideia de dizer que o tempo passava igual pra todo mundo. Como se qualquer idiota não soubesse que não é assim que funciona.
Uma criança não conta o tempo da mesma forma que um idoso. 
Alguém prestes a encontrar seu grande amor não conta o tempo da mesma forma que alguém que está com medo de chegar atrasado ao trabalho.
Nem as unidades de medida são as mesmas para qualquer pessoa.
Um médico conta o tempo em pacientes. Uma dentista conta em dentes.
Um jornalista mede o tempo com palavras. Ilustradores usam imagens.
Uma pessoa com tédio não mede o tempo da mesma forma que uma pessoa que está se divertindo. 
Um filme no cinema pode ser medido pela quantidade de pipoca restante em seu balde.
No trabalho, você pode contar o tempo com músicas. Em festas, pode fazer isso usando latas de cerveja (até a hora em que, obviamente, isso se tornar impossível porque o próprio conceito de tempo deixará de importar).
Um taxista pode medir o tempo em "distância" e "passageiros". Enquanto seus passageiros o fazem com "possibilidade de trânsito" e "rotas suspeitas".
As mulheres contam o tempo através das novelas da Globo, enquanto seus maridos esperam a previsão do tempo do telejornal.
Os mais velhos se guiam através das cores de seus remédios. Duas pílulas azuis acompanham o nascer do sol. Três comprimidos vermelhos significam que o almoço está prestes a ser servido. Pílulas verdes antecedem o café da tarde e dois comprimidos laranjas te colocam pra dormir.
Não que nada disso importe. Eu só precisava escrever qualquer coisa para matar o tempo.
Desculpa a bagunça.
Agradeço seu tempo.

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