quinta-feira, abril 09, 2015

O sonho, a arte, a doença

Ah, o Grande Mutarelli! Ver o cara falando ao vivo é quase como ir a um stand-up. Melhor provavelmente. Ontem o mestre participou de um encontro chamado "Quarta ao Cubo" no Itaú Cultural, no qual respondia as respostas da galera enquanto desenhava numa parede. O próprio desenho já valia o ingresso (que era gratuito =b): ele se desenhou levando o cérebro pra passear numa coleira, enquanto um gato chamado mentira sussurrava coisas no seu ouvido, que por sua vez eram sussuradas no ouvido do gato por uma entidade mística chamada Chipetotec, cujas palavras tinham origem no diabo (um triângulo invertido com um olho dentro). E o cara é sempre engraçado pelo simples fato de que é muito sincero. "Arte é uma doença. Se você tomar seus remédinhos em dia, vão acabar trabalhando no Itaú, o banco mesmo, não o Itaú Cultural" foi uma das pérolas da noite. Alguém da plateia perguntou quando ele começou a ganhar dinheiro e viver de quadrinhos "Nunca ganhei dinheiro. Meus livros custam R$50 e eu fico com 10% disso, as livrarias ficam com 50%. Minha mulher sempre me sustentou. O máximo que fiz quando fazia quadrinhos era ajudar com o aluguel". Seu maior medo perguntaram "O que mais me assombra é o final do mês, contas, quando eu era criança era o boletim". Algo que gostaria de fazer? "Publicar gente nova. Mas já desisti. Ninguém quer apostar nisso e os cachorros velhos não querem largar o osso. Aí fica difícil". 
Gente fina pra caralho, com uma garrafa metálica de whisky no bolso e sempre louco pra fumar, ele ainda teve tempo de autografar meu encadernado da Trilogia de Diomedes (minha hq nacional favorita de todos os tempos). É meio triste que meu sonho seja ser como ele, e não como um empresário milionário qualquer, certo? Quem sabe? Talvez eu só esteja doente...

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