terça-feira, março 16, 2010

Última parte do Mochilão!!!

No terceiro dia na estação, pela manhã serviram um mingau e mais um paozinho sem recheio. Again. O mingau era horrível e o pão duro idem. Você tinha que dar um gole no mingau pensando, que merda, vou tirar o gosto com o pão. Ai mordia o pão e falava, que merda, vou tirar o gosto com o mingau. E assim, sucessivamente até terminar seu café da manhã. Mas pelo menos nesse dia a saída da estação era liberada, podíamos sair pra cidade jogar baralho na praça. Tomar umas cervejas (sempre de favor, ou em troca de nossas almas) e dar uma andada pela cidade. Já tavam até fazendo campeonatos interpaíses de futebol, tipo Brasil e Argentina na quadra central. No almoço deram um prato com quase meio quilo de arroz e um brodo de atum, com umas bolachinhas doce de ursinho. Era horrível, mas mta gente (tipo o Guto e meu irmão, que antes nem gostava de atum, repetiram várias vezes). A tarde, voltávamos um pouco pra estação, pra ver como ia a evacuação (que saia de lá e estava bem mais rápida que nos dias anteriores, com um helicóptero saindo atrás do outro) e dar um tempo no trem como nossos outros amigos perdidos (teve uma cena linda, que meu irmão falou ´nossa, que cheiro de frango´no trem, e o Pedro;-Java respondeu ´é que eu não tomo banho há tres dias) e de noite, tinha ate uma rede de vôlei montada na praça, ganhamos um cobertor de mendigo (uns caras antes de mim ganharam uma manta do homem-aranha, fiquei puto que o meu era só cinza) e umas bolachas (teve gente que ganhou até leite). Mais tarde, o consul brasileiro apareceu pra negociar com o prefeito e acabou dando vinte soles pra quem não tinha hostel onde dormir. Eu e meu irmão pegamos a grana, já que não víamos dinheiro há mto tempo e fomos tomar umas cervejas. Depois voltamos pro trem pegar a janta (um pãozinho com queijo e uma barrinha de quinoa), bater mais um papo com o pessoal e tentar dormir.

No quarto dia, fomos acordados muito cedo, lá pelas seis da manhã, pelo pessoal da estação, eles praticamente nos expulsaram do vagão em que estávamos e fizeram a gente formar uma fila pra nos cadastrarmos pra ir embora. Aparentemente, já tinham evacuado todas as prioridades e agora quem estava na estação iria embora (quem pegou o dinheiro do cônsul pra dormir em albergues acabou se fudendo, já´que quem estava fora da estação não podia entrar até todo mundo que tava lá ser evacuado, nada como ser alcoólatra!). Nós então nos cadastramos e eu fui dormir com minha mochila em um banco da estação, achando que ainda assim ia demorar pra cacete pra nos levarem. Umas onze da manhã, eu acordo com meu irmão, loco de nervoso me puxando, que tavam chamando a gente pra ir embora. E como que acordando de um sonho, minha vida morando na estação de trem acabou. Seguimos em uma fila, que saia da estação, até uma trilha que passava por trás de uns chalezinhos de luxo, no caminho tinha até um urso preto enjaulado, nos deram umas bolachinhas de kiwi e depois de horas seguindo nessa fila, finalmente pudemos pegar um helicóptero (junto com o Pedro e o Vinicius), que sobrevoou as ruínas de Machu Picchu (puta sorte poder ver elas lá de cima, eh uma região montanhosa, então não são geralmente feitos passeios desse tipo) até Olataytamba (não deve ser assim que se escreve), exatamente a cidade onde a velha mendiga tinha nos amaldiçoado. Lá nos registramos, ganhamos água e bolachas e pegamos uma van e depois um busão (que pra ajudar furou um pneu no caminho) até Águas Callientes. Era o fim da Aventura. Estávamos Salvos.

Chegando em Águas Callientes, buscamos nossas mochilas no The Point, pegamos um hotelzinho firmeza pra ficar, o Guto comprou passagens pra voltar de busão, eu e meu irmão mudamos a data do vôo que perdemos pra outro mais cedo possível, comprei uma hq do Homem-Aranha em español, soh pra sentir de verdade que tava tudo bem e de volta ao normal e raspei o moicano (afinal, a aventura punk tinha terminado). Comemos então no Mac e mais tarde um lanche no Bembo´s, tipo o Mac Local só pra experimentar (era horrível). Fizemos umas massagens pra relaxar da trilha, demos um tempo na praça pra ver se achávamos algum brasileiro antes do Guto vazar e la pelas dez horas, o Guto pegou um táxi pra rodoviária. Agora éramos só eu e meu irmão até voltar pra ksa. Mais tarde voltamos pra rua e encontramos a Karina, os Goianos e o Pequeno Cônsul, que disseram que o Brasil tinha mandado um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) pra resgatar o pessoal que mais precisasse.

Na manhã seguinte, eu e meu irmão saímos do hotel firmeza (porem, caro, 12 dolares por cabeça) em que estávamos pra procurar outro lugar mais barato. Achamos um perfeito, soh um pouco mais afastado, mas por apenas 15 soles e com uns 100 canais a cabo (fui ao delírio de poder ver tv decente de novo). Deixamos nossas mochilas lá e fomos passear pelo mercado, onde tomamos umas vitaminas. La perto achamos uma livraria moh firmeza, onde os livros novos eram muito baratos, eu comprei o ultimo do Dan Brow (El Símbolo Perdido) e meu irmão comprou Perfume (já que ele tinha visto o começo do filme no busao, mas perdeu o final que travou o dvd). Meu livro, que aqui custa em torno de 40 reais, saiu por míseros 14 soles (uns 11 reais). Também fomos em feiras comprar presentes (comprei uma calça roots e um jogo de xadrez de incas versus colonizadores) e bebidas (pisco sauer, pra trazer). Almoçamos comida mexicana num restaurante bom e barato (chamado Chez Maggy), dormimos, lemos, vimos House, 2 and a Half Men, clipes na VH1, jantamos no Mac e saímos pras baladas a noite.

No próximo dia, ficamos quase só no hotel, eu só saia as vezes pra ler meu livro sozinho na praça, enquando meu irmão dormia no albergue ou usava a internet, trocamos a data do primeiro vôo pra La Paz pra alguns dias antes, já que a Bolívia era bem mais barata que o Peru e fomos dormir cedo pois tínhamos vôo já pro dia seguinte.

Em 31 de janeiro de 2010, acordamos bem cedo pra fazer o check in logo no aeroporto. Voamos até La Paz e almoçamos no Pollo Copacabana (Mac Local, muito bom, um lanche, com refri e papas fritas sai por 20 bolivianos, cinco reais) e voltamos ao mercado das bruxas pra comprar porcarias (mas tava quase tudo fechado porque era domingo). Ficamos no mesmo hotel onde tínhamos ficado com o Guto (na verdade, até no mesmo quarto), que infelizmente não tinha tv a cabo, mas tinha banheiro privado (o ultimo em Cuzco não tinha) e custava só 45 bolivianos por cabeça. A tarde, usamos um pouco a internet e eu comprei alguns bonecos de super-heróis. Na net, descobrimos o Mega Center, o melhor shopping de La Paz, único que tinha filmes novos passando no cinema e tinha a famosa gelateria Dumbo, puta sorveteria gostosa pra caramba. Comemos no Pollo Copacabana de lá (um x-bacon, refri, batatas e um pedaço de frango frito por 25 bolivianos) e assistimos Sherlock Holmes (com legendas em español, coisa que já tamos acostumados em ksa, graças a CatTV tv por assinatura).

Então, em 01 de fevereiro de 2010, acordamos lá pelo meio dia, almoçamos no Burguer King (santo cartão de crédito internacional da mamãe e do papai) e passamos a tarde na tv e lendo livros. No dia 02, voltamos pro mercado das bruxas, onde meu irmão comprou um feitiço (um feitiço que ele tentou comprar, já tava aberto, a bruxa pegou de volta na mão dela e falou ´ah, esse é meu´e deu uma risada macabra) e nós compramos mais uns presentes pra família. Usamos a internet e vimos um pouco de tv. Dormimos cedo já que no dia seguinte sairia nosso esperado vôo pro Brasil.

Exatamente um mês depois que tínhamos saído de Jaú, em 03 de fevereiro de 2010, acordamos cedo novamente (nosso vôo era as 9, mas tínhamos que chegar umas 3 horas antes pra fazer o check in) pra pegar um táxi pro aeroporto. Lá, gastamos nossos últimos bolivianos em chocolates e cervejas (tipo, 7 da manhã), despachamos nossas mochilas e lemos nossos livros até sair nosso vôo. Pegamos um avião até Santa Cruz, e lá fizemos uma conexão pra Guarulhos. O vôo (num avião da Aerosur, pintado de jacaré) pra São Paulo foi demais, como não tinham mais passagens pra classe econômica, fomos forçados a ir de primeira classe, e meu, depois de passar fome e dormir num vagão de trem, aquilo era ainda mais impressionante. Quando sentamos em nossos espaçosos lugares, já fomos recebidos com duas taças de champagne e jornais locais (conheci melhor meu signo celta, bem como todo o resto do horóscopo celta e achei que é realmente muito real). Almoçamos uma puta refeição (melhor frango que eu comi lá fora), e na primeira classe ainda podiamos pedir bebida a vontade (moral da história: voltamos tomando umas cervezas paceñas com amendoim na maior parte do vôo). Depois dormi um pouco, admirei as nuvens pela janela e em pouco tempo, chegamos no aeroporto, estávamos de volta ao Brasil! Minha tia estava nos esperando pra nos levar pra rodoviária, onde comprei um gibi (em português!) dos Vingadores, tomamos guaranás (que não tinha em nenhum lugar da viagem), comemos tapiocas e pegamos o próximo busão pra Jaú. Meus pais e minha irmã foram nos buscar na rodoviária, cheios de emoção e saudades, exaustos depois de tanto nervoso que passaram quando estávamos na crise de Águas Callientes. Mas agora estava tudo bem, tudo ótimo, afinal, estávamos finalmente em Casa. No nosso Lar Doce Lar.

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