sexta-feira, maio 10, 2019

Battle Royale Fortnite (ou traduzindo "A batalha real pra hoje a noite")

Chego do trabalho e a primeira coisa que faço é ligar a caixa preta. 
Frodo senta-se ao meu lado e começamos a confabular qual será o próximo mundo que vamos visitar.
O cachorro dele começa a latir.
Agradecemos ao motorista do ônibus voador.
Pulamos de para-quedas em um posto de gasolina e começamos a coletar armas, coletes e munição.
 Em seguida, depredamos as paredes da loja de conveniência com picaretas pra coletar madeira, pedras e tijolos.
A Amanda chega em casa, impregnando a batalha com o cheiro de torta de frango do Marajá. 
Nosso mundo começa a diminuir, consumido por gases tóxicos.
Temos que correr do posto pra zona de batalha. 
Shaolin e Ney materializam-se junto a nossa localização no mapa e começam uma conversa completamente aleatória sobre o fim do petróleo. 
No meio de uma frase ou outra, um dos quatro tenta sugerir a melhor estratégia militar a seguir.
Encontramos um bolo gigante e começamos a dançar ao redor dele.
Minha sala é pequena, mas agora estamos em cinco pessoas (quatro delas estão vestindo pijamas, uma está só de cuecas), um cachorro, dois gatos e um periquito. 
Abaixo de nós, um grupo de torcedores do Palmeiras comemora um gol.
Tem 96 pessoas querendo me matar e a Amanda acha que tenho tempo pra ouvir as reclamações dela sobre a vizinha de cima.
Enquanto eu estava distraído, alguém construiu uma casa de madeira sem portas e eu faço uma piada por termos sorte de ninguém da turma ter tentando se formar em engenharia.
A guerra está sendo televisionada, mas não tem ninguém assistindo.
Atirei em um desconhecido com um rifle mas ele fugiu (usando uma cama elástica), antes que eu pudesse terminar o serviço.
Ele não estava sozinho.
Logo atrás dele, vinha um estranho que vestia uma roupa de ursinho com uma cabeça rosa gigante.
Não contente apenas em me encher de tiros de escopeta e roubar meus itens, o ursinho começa a dançar e a bater palmas.
Shaolin o elimina com um tiro certeiro na cabeça.
Estou agonizando agora, me arrastando pelo chão.
O Frodo reapareceu de trás de uma pedra e me ofereceu uma armadura e um kit de primeiros socorros.
Ao parar pra me ajudar, foi atingido por uma granada.
Um outro desconhecido, usando o corpo de uma mulher e um chapéu de cowboy, nem espera que eu me coloque de pé e acaba comigo usando uma marreta gigante de madeira.
Eu grito de dor. 
O cachorro uiva.
O periquito agita suas asas.
A Amanda me dá uma bronca, me lembrando que temos vizinhos e já é tarde.
A Alessandra diz que a Amanda tem razão, e chama o Frodo pra ir dormir.
Ele diz que já vai. Sua mulher vai embora fungando.
A Amanda levanta pra escovar os dentes. 
Mulheres não entendem a guerra.
Todos meus amigos estão mortos agora.
O Ney preferiu sair fumar um cigarro do que ressuscitar.
Tenho fome, mas tenho que seguir em frente.
Sou um soldado.
E nossa batalha...
E essa febre...
A batalha real nunca termina...

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