segunda-feira, abril 09, 2018

Colecionador compulsivo: A origem

Hoje posso afirmar que colecionar quadrinhos toma tanto do meu tempo (e dinheiro), que se o termo "colecionador profissional" existisse, eu poderia usá-lo sem medo no meu currículo. Resolvi então que havia chegado a hora de abrir meu baú de memórias e contar um pouco sobre como tudo começou...

Eu passei boa parte das tardes da minha infância na casa dos meus avós, e acho que os primeiros quadrinhos que me lembro de ver são as tirinhas dos jornais que eles compravam. Além disso, os dois moravam perto de uma rodoviária, onde dentro ficava uma banca, a qual de vez em quando visitávamos pra comprar alguma coisa pra ler (qualquer coisa da Disney ou do Maurício de Souza, lembro inclusive perfeitamente de uma edição de Tio Patinhas que vinha até com um porta-moedas de brinde). 
Eu guardava minha "coleção" na casa deles, que na época não passava de um punhado de gibis em formatinho, que cabia em uma única sacola de mão pequena. 
Com vergonha, admito que lembro de escrever meu nome nas capas de todos meus gibis, algo que hoje eu consideraria um crime se visse uma criança fazendo, uma clara demonstração de possessividade exacerbada. 
Contudo, só fui aprender o que era coleção de verdade quando meus pais me entregaram uma série completa do título "Mortadelo & Salaminho", da Editora Cedibra, que meu tio Frei tinha deixado de presente. 
Aquela "herança" fez meus olhos brilharem:  todos aqueles títulos dos mesmos personagens e com a numeração na ordem cronológico era algo completamente diferente do que eu fazia, tinha um senso continuidade e simbolizava uma conquista: alguém tinha realmente se dedicado pra não perder uma única edição nas bancas.
Infelizmente, eu era muito novo quando recebi o presente e muitas das edições viraram recorte pra trabalho escolar (hoje, se eu ver um professor pedindo pra alguém estragar quadrinhos pra fazer trabalhos de escola, juro que ele apanha), e poucos números sobreviveram. Rezo pra que o céu dos colecionadores perdoe esse atentado que cometi contra a nona arte.
Eis que, um belo dia, começou a passar na TV Colosso aquele que se tornaria meu desenho animado favorito durante muito tempo: X-Men. Com efeitos incríveis (hoje completamente ultrapassados), jogos de luz e sombra, tramas fabulosas (que depois eu descobriria serem bastante fiéis aos quadrinhos) e personagens cativantes, o desenho me conquistou logo de cara. 
Quando, na minha próxima ida a banca, vi que existiam hqs daquela super-equipe, soube na hora que era aquele tipo de coisa que eu queria colecionar. 
X-Men e Homem-Aranha (que também tinha um desenho nos mesmos moldes na época) foram assim, as primeiras hqs americanas que comprei com regularidade. A primeira edição de X-Men (que na época saia em formatinho, pela editora abril) que eu comprei foi a de número 73. Depois adquiri tudo que saiu nos anos seguintes, e, pra conseguir pegar os números atrasados comecei a visitar aquele que se tornaria meu segundo lugar favorito depois das bancas: os sebos.
Sempre que minha família vinha pra São Paulo, os sebos da Liberdade eram parada obrigatória. Eu pedia pra entrar em todos que visse pela frente (e a cidade tem um a cada esquina) pra tentar achar números que não tinha. E o melhor: tudo ali era tudo muito barato, então era bem mais fácil experimentar coisas novas do que comprando direto na banca!
Dessa forma, e com uma ajudinha de alguns fóruns na internet (onde era bem mais fácil encontrar números específicos do que entre as pilhas e pilhas de papel velho dos sebos), completei minhas coleções de todos os títulos mutantes da Abril. 
Com o passar do tempo (e muito devido a treta cinematográfica da Marvel com a Fox), os quadrinhos dos mutantes perderam demais a qualidade, então migrei pra outras leituras, mas essas ainda são as coleções que tenho  pelas quais mais tenho carinho.
Com a chegada dos scans online, principalmente aquelas que eu encontrava em um blog chamado Rapadura Açucarada (de um cara que que escaneava albúns de quadrinhos inteiros e disponibilizava na internet), li pela primeira vez grandes clássicos (esgotados tanto em bancas quanto em sebos) como "Calaveiro das Trevas", "300", "Wathcmen", "V de Vingança" e "Miracleman". E aí, bom, aí já não tinha mais como parar, né?

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