quarta-feira, outubro 31, 2012

#Savida


São sete horas da noite do 3o dia mais quente de São Paulo na historia! Tipo, tão quente do tipo que gera comentários tipo “ta tão quente que eu ate agradeço quem me trata friamente”. Tão quente que não da pra ficar dentro de casa.
Então abro uma cerveja, e vou pra varanda, o lugar mais fresco do ape ler quadrinhos. Mas tipo, não revistas de papel. Ler quadrinhos mesmo. Ficar observando cada janela de cada prédio como se cada uma fosse um quadro com uma historinha diferente. Cada quadro com seu personagem.
A vista do meu prédio da pra uma rua, e posso avistar vários prédios comerciais e familiares. Depois de 15 min, ainda na primeira lata já estou entediado. 
Todos os quadros mostram a mesma estória. Ou são trabalhadores fazendo hora extra, vidrados em seus computadores, convencidos por seus superiores de que suas tarefas tem alguma importância e caso não sejam terminadas o mundo acaba. Ou solteiros, casais ou famílias vivendo suas vidinhas medíocres. Assistindo TV, jantando, dormindo. Eu posso divisar mais de uma centena de vidas e ninguém esta fazendo nada interessante. Nada. Não tem ninguém tocando um violão, pintando um quadro, fazendo sexo selvagem, se transformando em borboleta ou preparando o chão pra um ritual satânico. Por um segundo ateh desejo que alguém pule de uma das janelas, saltando de seus quadros e se transformando em um borrão de tinta vermelha no concreto.
Isso me deixa chateado. Principalmente porque me recorda de que eu mesmo estou preso nos limites de meu próprio quadrinho e tudo que posso fazer eh assistir e julgar.
Assistir e julgar.

E julgar.

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