terça-feira, janeiro 06, 2015

Buenos Aires

Dia 24 de janeiro, 13h30 da tarde, começou a maior viagem de família que já fizemos. Nossa primeira viagem internacional juntos. Encontrei minha irmã no Airport Bus (que sai propiciamente a pouco mais de 300m de casa) e pouco mais de meia hora depois cheguei no aeroporto de Guarulhos, onde meus pais e meus irmãos nos aguardavam para que tomássemos um voo para Buenos Aires (diferentes voos, na verdade, ja que os 4 foram em um avião e eu em outro, já que demorei demais pra confirmar se ia ou não). Demos um rolê pelo aeroporto, fiz o check-in da minha bagagem, eles embarcaram, li um pouco de "Los 4 Fantasticos" (hq argentina que achei no sebo e levei pra ja ir entrando no clima) e logo chegou minha hora de embarcar. Voei de Qatar Airways, uma companhia indiana meio diferente (filmes de Bollywood no assento, entrega de meias para os passageiros), mas bem boa (refeições parrudas, champanhe e cerveja a vontade mesmo pra classe econômica) e duas horas e meia depois o avião estava pousando. Meu irmão tinha ficado no aeroporto me esperando, já que a Tam é uma merda e não providenciou o meu transfer pro hotel, como havíamos contratado. Sendo assim, tivemos que pegar um táxi até o centro, pela bagatela de 400 pesos argentinos. O preço do táxi foi minha primeira decepção com o país, que está com uma inflação cretina de mais de 300% e ridiculamente caro. Chegando ao hotel, encontramos os demais e saímos procurar um lugar que estivesse aberto na noite de natal e acabamos achando uma pizzaria chamada "La rey", na qual supostamente o "fogo nunca dorme". Lá jantamos e tomamos nossa primeira cerveza em terras argentinas. Ao lado, a bandeira de lego que estava exposta no aeroporto.

No dia 25, conhecemos o café da manhã do NH Florida (que tinha até churros!) e como boa parte da cidade estava fechada pro feriado, então aproveitamos pra visitar o Zoo de Lujan, famoso por deixar seus visitantes o mais próximo possível dos animais. Lujan fica a uns 70km de BA, e como estávamos em cinco, não é todo taxista que aceita uma farofada brasileira, então foi bem difícil de conseguir uma boa alma que fizesse essa viagem. Com insistência, achamos um maluco que se prontificou a nos levar. Mas com toda malandragem, ele a princípio disse que o faria por 600 pesos, mas no meio do caminho, depois que já estavamos no carro, mudou de ideia e quis 700. Pra ajudar, o taxi ainda ficava falhando e dando umas explodidas no motor, o motorista tendo que parar no acostamento, com toda aquela situação superagradável.#savida Admito que também esperava mais do zoológico. Em parte, ele cumpre o que promete. Andei lado a lado com um leão (e vi que sua juba, que por algum motivo eu imaginava ser sedosa era toda encrespada), botaram uma arara na minha cabeça, e me senti o Rafiki (macaco do rei leão) ao segurar um filhote leonino nos braços. Mas o resto é bem decepcionante. Animais (ursos, chimpanzés) irritados ou sedados (tigre branco), que aparentemente não tem uma vida muito boa (enquanto o dono do zoo coleciona motos, carros e tratores antigos). Mais triste e abusivo do que uma grande experiência. O ponto alto foi o fotógrafo ter registrado o momento exato da minha cara de "Fudeu!" quando pisei na cauda do leão, enquanto minha mãe estava abaixada ao seu lado. Felizmente, nada aconteceu rs

A noite, conhecemos um lugar chamado "Il Gato", provando que em qualquer lugar do mundo, restaurantes felinos são a pedida da família, um restaurante bacanudo, onde comemos massas ou um bom bife (meu caso) e tomamos mais algumas cervezas. Sempre uma alegria se embebedar em família. =]

Dia 26 saímos para um suposto "Tour de compras". A guia supostamente nos levaria pra lojas onde o preço compensasse mais que no Brasil. Quem sabe um dia, antes da inflação argentina e da reeleição da vaca da Dilma deixar o dólar 50% mais caro, três reais mano, que absurdo! Tudo estava caríssimo (600 reais uma jaqueta de couro sem marca, replica do Dr. House, 300 uma polo da Lacoste - que em SP pode sair por até metade do preço) e a própria guia foi se chateando já que ninguém da van comprava nada. Até que na última parada, sob a chuva, ela achou melhor dispensar o motorista e nos deixar por ali mesmo, sem garantir nossa volta (seca) pra casa. Pareceu mais uma picaretagem argentina, mas pelo menos na volta pra casa achamos uma boa loja de vinhos, que tinha inclusive uma marca chamada Aristides, cujo logo era um AV (de A. Valvasori) e uma boa loja de  cashmere argentino, uma mistura de lã da ovelha merino com a lã angorá. Almoçamos no "La Barra", uma cervezaria perto do hotel, onde o preço era justo, tinha grande variedade no cardápio e empanadas com ovos picados o suficiente pra se passarem por palmitos.

Descansamos um pouco no apartamento e chegou a hora do City Tour, que nos levaria conhecer rapidamente diversos dos pontos turísticos mais conhecidos de Buenos Aires, como Plaza Cinco de Mayo (se lê "macho"), a casa rosada, o estádio do Boca Junior (que achei bem meia boca - #badumtss), la Ricoleta e "El Caminito", uma ruazinha colorida, cheia de feirinhas e bugigangas artesanais e mais argentinos querendo nos enganar. Antes de sentar em um barzinho, meu pai, eu e meu irmão perguntamos a um garçom quanto era a cerveja. 70 pesos ele respondeu. Mas na hora da conta, quis cobrar 110 pesos por uma Patagônia! Fellas! Sempre dizendo um preço e cobrando outro no final! Na volta, pedimos pro busão nos deixar em Puerto Madero, visitamos o interior de um barco/museu e caminhamos pela Ponte da Mulher. E de lá, caminhamos pelo centro de volta pra casa. 

Dia 27 fizemos um passeio que primeiro nos deixou em San Isidro, onde tem uma estação de trem e várias feirinhas (onde tinha uma barraquinha particularmente interessante de esculturas feitas em giz! tipo, giz de escola, branco e talz de bandas e personagens da cultura pop, como Star Trek ou Star Wars) e depois saímos andar de barco pelo Rio Tigre, que tem várias casinhas em volta e é utilizada pela galera como se fosse praia (tipo um rancho nos 3 rios). O barco era legal, tinha uma boa brise e uma bela vista e serviu alfajores de lanchinho e passou por um parque de diversões chamado de "Terra do Nunca Jamás", que nunca jamais saberei porque tem essa repetição no nome. Na volta, ficamos no bairro da Recoleta, onde visitamos o cemitério que tem os restos da Evita (não da Madonna) e diversas esculturas. Passamos no shopping, nos dividimos na turma dos garotos e das garotas pra pegar 2 táxis e voltamos pro "La Barra", o boteco da esquina do hotel NH Florida, que já tínhamos tomado como nossa principal fonte de alimento e álcool.  Stella Artrois Noire, Quilmes 1890, Patagonias: esse foi o dia em que mais bebemos. E mesmo com o cochilo rápido entre passeios, estávamos bem cansados no dia do melhor programa da noite: a ida ao Señor Tango!

Quiça a mais tradicional casa de tango argentina, esse lugar tem um show criado, dirigido e produzido por Fernando Soler, cantor e showman do espetáculo, que é basicamente uma mistura de "Silvo Santos" com "Dom Juan" das senhoras de idade. O show tem várias músicas clássicas, dezenas de números com diferentes danças, standup do malandrão dono da casa pra integrar a galera e tantas mujeres semidesnudas que mesmo quem não gosta de tango não se importaria se o show de mais de duas horas não fosse um pouco mais longo. O jantar também foi incrível, com mais vinho argentino do que conseguíamos consumir depois da bebedeira da tarde e o melhor bife que comi por lá. Alto, grande, e no ponto (eu geralmente não sou muito fã de sangue na minha carne, mas admito que essa tava maravilhosa).


O show acabou tarde e chegamos em casa mais de duas da manhã, então bem no último dia acabamos acordando tarde, só mesmo a tempo de nos despedirmos do suculento café da manhã do hotel e dar um último rolezinho pelo centro, entrar na catedral e almoçar mais uma vez empanadas no "La Barra" (carne> ramon y queso > pollo). As duas da tarde, o transfer já levou todo mundo pro aeroporto (o que era uma pena, que meu voo saia só as 23h, ou seja, mais um dia bancando o Tom Hanks no terminal, lendo muito, comendo um McDonalds e andando de um lado pro outro enquanto esperava meu aviãozinho indiano chegar). O voo pra casa foi tranquilo, tomei cerveja, assisti a versão inglesa de The Office e ainda dei muita sorte de conseguir pegar um bus pra praça da Republica, chegando no ponto exatemente as 2:55 e pegar o bus das 3:00 (depois disso, só as 4:30). E na manhã seguinte, mais estrada, hora de voltar pra Jaú. E recuperar as forças pra próxima viagem. =)
Abaixo algumas das esculturas de giz que a inflação não me deixou trazer pra casa:

No geral, fiquei um pouco decepcionado com o país, tudo mais caro do que eu esperava, pessoas mais mal educadas ou malandras do que eu imaginava. Muitos mendigos pelas ruas. Mas sei que não escolhemos também o melhor momento deles pra fazer esse julgamento. Quem sabe numa próxima (afinal ainda preciso visitar a Patagônia!) eu não saia com uma impressão melhor ^^

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