segunda-feira, dezembro 09, 2013

The eye of the tiger - A saga

Prologo
Eu tenho aflição com olhos. Sabe aquele filminho que passava na cultura "cade o leo", onde um garoto entra em sua maquina de lavar roupas pra procurar seu leão de pelúcia? bom, eu sempre tive medo do monstro de olhos, um fantoche horrendo que tinha varios olhos caindo pelo corpo. Adorava o Shyriu em cavaleiros de zodiaco, mas desisti de "ser ele", porque ele ficava sem enxergar metade do tempo. Não uso lentes de contato porque nao consigo encostar nos meus proprios olhos (e coitado do medico que tentar). Tenho aflição com olhos, principalmente os meus.

A Burocracia - parte 1
Eis que então na semana acordei numa bela manhã de segunda feira com o olho terrivelmente vermelho. Meu olho nao parava de acumular ramela, estava preocupado. Fui pro hospital correndo. Estava sem minha carteirinha da Unimed, tinha o número anotado no celular, mas tinha esquecido a carteira em Jau. No pronto socorro, me deram o telefone pra eu ligar pra unimed porque como eu só tinha o numero, era preciso autorizar a consulta. 0800. Gravações. Espera insuportavel e quando parece que vou ser atendido, a gravação volta pro início. Desisto. Se for pra perder meu tempo esperando, espero na fila do SUS.

O atendimento publico - parte 1
No SUS, só pedem meu RG, e me colocam numa fila atras de umas 15 pessoas, todas precisando do oftalmologista. Aguardo por quase uma hora. Um médico, provavelmente ainda estudante, me chama. Assustado ao olhar pro meu rosto sem óculos escuros, ele me receita um colírio pra lágrimas e receita compressas de gelo e me da um atestado de quatro dias. Deve ser um virus comum de conjuntivite, se não melhorar em 04, voce volta, ele diz.

A espera
Volto pra casa, passo o dia sofrendo, com o olho ardendo de quente, e ficando cada vez mais vermelho. Ligo pro meu pai, ele diz que não dever ser viral, que deve ser uma bacteria e me receita um colírio com antibiótico. Mas a farmacia não vende tal colírio sem receita. Tenho que correr de volta pro hospital. A essa hora, estou dez vezes pior do que estava de manhã. Tento mais uma vez o atendimento particular. Meus pais insistem em pagar a consulta.

A burocracia - parte 2: 
Chego na triagem do pronto socorro da Santa casa, e digo que vou pagar a consulta porque realmente preciso urgente de um medico. A consulta custa a bagatela de R$ 370 reais. A enfermeira da triagem faz uma ficha ligando minha senha de atendimento (036) a uma pessoa errada. Fizeram o contrato me cobrando(que tem que ser feito antes de eu ser atendido) com o nome errado. Peço pra que acertem o detalhe depois, meu olho esta ardendo. A enfermeira não consegue vincular a senha correta a minha ficha, nem alterar os dados. Perco 50 minutos discutindo que tenho pressa. Quando ela finalmente consegue acertar a ficha certa, sou levado até o médico. Ele olha meu olho e diz "nossa, está bem feio isso aí, mas não sou oftalmologista, melhor você passar no SUS". Ok, eu perdi meu tempo aqui metade da noite, insistindo em pagar uma consulta pro médico dizer que não pode fazer nada.


O atendimento publico - parte 2
Volto pro SUS, tenho que fazer um novo cadastro. Mas consigo usar minha carteirinha do mackenzie pra isso. Santo SUS. Eles supostametne tem um oftalmologista de plantão. Corro pro 2o andar do Conde de Lara. Tem quatro pessoas esperando sentadas em frente uma porta fechada. Eles me indicam que devo colocar minha ficha na parede. Espero 40min. Não vejo ninguem ser chamado. Pergunto se algum deles viu alguem ser chamado. Não. Abro a porta, e onde deveria haver um medico, nao ha ninguem. Começo a abrir todas as portas fechadas que vejo na frente. Acho uma enfermeira. Pergunto onde esta o oftalmologista. "Ah, ele não fica aqui. Se tiver paciente, o segurança tem que passar um rádio chamando ele". Falei que tinha muita gente esperando. Desço revoltado falar com o segurança. Ele diz que não é trabalho dele chamar o medico. Eh da assistente social e liga pro chefe dele contando minha historia. 15min depois o medico chega. A essa altura não sei estou mais puto com a inercia do medico, com o segurança, as enfermeiras ou com os proprios pacientes bunda moles que simplesmente esperavam sem nem saber se teria alguem ali para atende-los. Um médico (outro estudante provavelmente) fala que eu tenho que esperar mais, falei que piorei muito, ele não se importa. Peço pra receitar o remedio que meu pai recomendou. Ele pergutna se ele eh medico. Sim. Oftalmo? Não. Da uma risadinha escrota. Pede pra eu esperar e voltar depois de 4 dias, as vezes, demora ateh 3 semanas pra sarar uma conjuntivite ele diz. Doença nos olhos dos outros, é refresco.
Meu pai pede pra eu voltar pra Jau, acho melhor nao, porque tenho que voltar logo a trabalhar.

O especialista
Saio de lah consternado, amaldiçoando o atendimento pros meus pais e pra Amanda que estão comigo no celular o tempo todo. Meus pais conseguiram nesse meio tempo uma clínica especializada, que pode me atender apenas com o número da Unimed. Ja é meia noite, e minha irmã me acompanha de taxi até o hospital de olhos. O plantonista, outro jovem (cade os oftalmos experientes, inferno??) me atende. Diz que em 90% dos casos é viral, que eu tenho mesmo que esperar e que conjuntivite é o tipo de coisa que se cura sozinha. Receita outro colírio, mais caro, mas com a mesma função: lubrificar o olho. Desisto, com tanta gente insistindo que não é nada, o negócio é esperar.

A espera - parte 2
Passo a 3a feira toda vegetando, dormindo porque ficar acordado é insuportavel. Fico no escuro, mal consigo abrir o olho esquerdo. Na quarta feira de manhã, acordo ainda pior. Meu olho está vermelho de sangue, e eu choro ramela. Nunca fiquei tao nervoso. 

Um medico de verdade
Ao meio dia, pego um onibus pra Jau. Calor insuportavel pra quem esta com um olho super quente e ardendo. 5h40 de viagem. Vou a todo momento lavar meu olho no banheiro do busao. Ao chegar, minha tia ja conseguiu marcar um oftalmologista que me atendesse. Não é aquele que sempre me atende, mas este pode me ver imediatamente, enquanto o outro só tinha horario pra tarde do dia seguinte. Quase desmaiando da viagem, sou levado pela minha mãe até o médico, que reabriu o consultorio pra minha consulta e está me aguardando. A secretaria pergunta se tenho unimed. Digo que sim. Ela fala pra eu ir ver o médico, que depois eu passo falar com ela. o médico examina meu olho. Diz que meu caso é sério. Me receita remédios por boca (nada de cerveja no fds =[), um colírio mais forte que tem antiinflamatório e antibiotico (como meu pai havia sugerido, dias atrás) e pomadas pra passar antes de dormir. Ele até da as pomadas e um colírio (que eu havia comprado por quase 40 reais), de graça. Falo que esqueci (como sempre) a carteirinha da unimed, ele marca um retorno pra dali 2 dias e diz que posso passar a carteirinha outro dia. Começo a me medicar nessa noite e na manhã seguinte, já acordo melhor.

De castigo sem hqs, tv ou cerveja
Passo quinta e sexta em Jau, mas trancado no meu quarto no escuro, ouvindo discos e mp3. A essa altura já consigo abrir o olho, mas ainda dói usá-lo. Vejo a Amanda, mas a distância, e não temos muito o que fazer nem para onde ir. No final de semana, bebemos muito suco, tomamos sorvete e comemos no Mac (sem cerveja, comida é nossa unica alegria). Mas a melhora é constante, a hemorragia vai passando, meu olho se recupera. No domingo, já é difícil saber qual dos olhos estava doente. A Amanda ja adquiriu uma conjuntivite psicológica. Deus, obrigado! Como é bom enxergar! Como é bom ter um pai que, a 300km de distancia, identifica sua doença melhor que qualquer um! E que fique o aviso pra Unimed (que podia muito bem ter um atendimento telefonico melhor), pra Santa Casa da misericórdia e pro Hospital de Olhos de São Paulo: estou de olho em vocês, com meus dois olhos bons!


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