quarta-feira, agosto 07, 2013

Cidade Pequena


Minha rotina diária começa com um bom copo de leite achocolatado Wonka. Enquanto eu tomo café, a Maria, que trabalha em casa conta as ultimas novidades sobre as filhas dela e como ela esta se saindo nas aulas de direção.  Então, eu saio pra rua fazer  cooper. Desço a rua de casa ate o final e viro a esquerda, ate uma das minhas ruas favoritas em Jau. Dela, da pra se ter uma boa vista de toda a cidade, dando pra visualizar a Matriz, o centro empresarial e o topo do Planeta Diário. Mas infelizmente poucas pessoas aproveitam. Há pouco tempo, a rua passou a ser contra mão, e os carros só podem subi-la, no sentido contrario da vista. Só quem desce, consegue observar, e quase ninguém usa a rua na descida. Do lado esquerdo dela fica a escola NIE, e do lado direito, ao lado do antigo  prédio da Umbrella, os Lannister estão construindo um novo castelo. Passo pelos trailers que servem o melhor x-bacon do mundo no beco, e sigo em direção a escola na qual passei todo meu colegial: a Escola do Professor Xavier para estudos avançados.  De lá, começo meu caminho de volta, passando pela lateral da casa do Marvin, e subindo pela rua onde fica a Mansão dos Vingadores. Minha irmã já namorou um cara que morava ali. 

Ao chegar em casa, ligo o notebook e recomeço a rotina de enviar currículos. Sterling Cooper, Oficina, Dunder Mifflin, Torre, Stark Industries. Meus pais me chamam para almoçarmos juntos. Nos bons dias, tem arroz, feijão, bife acebolado, virado de milho e mandioca frita. Durante a refeição meu pai comenta sobre as manifestações em Krypton. Aparentemente os governantes têm ignorado os problemas geológicos apontados pelos estudiosos do solo local e o povo tem se revoltado com isso. Falam ate em revolução militar. Minha mãe comenta que tem uma palestra no Senac que pode me interessar.

Depois do almoço, subo de carro pra casa da Amanda, que mora perto dos laboratórios Acme, do lado do supermercado Confiança. Passamos no Banco Nacional de Patópolis, sacar algum dinheiro, depois no mercadinho Kwik-E-Mart comprar uma lâmpada pro quarto dela, e damos uma volta de carro pelas Doze Casas. Certos dias, eu estaciono o carro perto do Hotel California, e fazemos uma caminhada pelo lago, na hora do por do sol. Mergulhamos em Octopus’s Garden, e nadamos ate a ilha “dos Outros”. Quando nos cansamos, vamos jantar algum lanche no Restaurante no fim do universo, pegamos uma sobremesa no Chiquinho ou na Bluth’s Banana Stand, no centro da cidade, e mais tarde, como sempre, seguimos encontrar o Boi no Viracopos, tomar um Moe Flamejante. 

Escrevi esse texto ontem, de madrugada, quando pensava no quanto Jau hoje parece pequena pra mim, e na minha infância eu a imaginava como sendo um lugar enorme, com milhares de coisas a serem exploradas. Cheguei a conclusão de que, na verdade, ela nunca me pareceu pequena, porque, pra mim, nela havia novos milhares de locais mágicos e incríveis sendo construídos todos os dias, ao lado das coisas da cidade que eu amava. Obviamente, esses lugares eu levo sempre comigo, não importa onde eu esteja, mas foi na minha infância ou adolescência que eles foram construídos, portanto, existem em Jau. 

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