quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Chegamos no final de tarde em Copacabana e nos hospedamos em um alberguezinho bom e barato, onde sério, só tinham jovens argentinas hospedadas, e que eu apelidei de Isla Paradizo (a Mulher-Maravilha vem de uma ilha onde só vivem mulheres, chamada Ilha Paraíso). Demos uma volta pelo píer (a Bolívia não tem mar, mas o Titicaca é tão grande que é meio que tratado como mar) e compramos passagens pro dia seguinte pra Isla del Sol. Demos uma deitada no hotel e saímos pra jantar. Em Copacabana eles vendem um puta pratos de truta (com batata frita, arroz, salada) por 20 bolivianos (algo em torno de cinco reais)! E isso porque estávamos em um bom restaurante de um cara parecido com o Zidane e que teve até música ao vivo, de uns caras que tavam tocando pra bancar o próprio mochilão. Ficamos sabendo que nosso albergue tinha toque de recolher e que se não voltássemos ate a meia noite, teríamos que dormir na rua porque ninguém abriria a porta pra gente. Então, lá pelas dez e pouco fomos beber no restaurantezinho do albergue mesmo. Pedimos umas paceñas e tudo bem, o lugar ta cheio de argentinas, podemos ficar por aqui mesmo. Mas eis que chega o dono do hotel e meia noite, simplesmente apaga a luz do restaurante mandando todo mundo pra fora! Pouco filho da puta¿ Ainda bem que dái voltamos pra cama e putos, já vazamos cedo no dia seguinte, esquecendo de pagar as cervejas, que também esqueceram de nos cobrar.

O barco pra Isla Del Sol (´tudo começou, há um tempo atrás, na ilha do soool, destino te mandou de volta....´) era muito, muito, muito lento. E eu me arrenpendi demais de não estar com um livro à mão. Depois de uma hora, chegamos nesta pequena ilha no meio do Titicaca. Ai era hora de procurar um hotel e com nossas mochilas de 20kg nas costas começamos a subir milhares de degraus (que pra ajudar, toda hora ainda passavam uns burros pelo caminho, tomando toda a passagem) montanha acima até um hotel que tivesse vagas. Era só uma amostra do que a trilha inca ainda nos proporcionaria (mas pelo menos na trilha eu tava com uma mochila bem mais singela). Deixamos as mochilas no quarto, dormimos um pouco e almoçamos umas bolachas. Depois o Guto saiu pro topo da montanha pra ver a vista e eu e meu irmão saímos atrás dele mas acabamos encontrando uns argentinos pelo caminho, com quem conversamos sobre política internacional (-´te gusta lula¿, - ´prefiro pollo´) e parando em outro lado da ilha, onde tinha umas antigas ruínas Twanaka, de uma civilização anterior à Inca. Eu e meu irmão tomamos pito porque estávamos escalando lugares das ruínas que não eram permitidos e quando fomos sair de lá, o guardinha tinha nos deixado trancados pra dentro do sítio. Uma velhinha típica, até vestida a caráter nos viu e mostrou um buraco na cerca por onde fomos embora. Na volta, achamos uma pequena vendinha perdida no meio do caminho e paramos pra tomar uma cerveja estorando de quente. Foi um belo momento de brisa. Só eu e meu irmão, no meio do nada, curtindo a linda vista do Titicaca e de umas ilhas ainda menores que ele abrigava a nossa frente e conversando sobre a vida, o universo e tudo mais. Voltamos pro apartamento, onde o Guto até que tava menos puto do que a gente esperava, por termos deixado ele sozinho. Tomamos uns banhos gelados (o Guto ainda teve que consertar o chuveiro, que tava todo entupido, usando partes da lanterna dele) e mais tarde saímos pra jantar. Comemos umas trutas em um pequeno restaurante montanha acima, que demorou uma eternidade pra nos servir. E quando descíamos de volta pro hotel, encontramos um maluco parado no meio no nada, no escuro e na chuva, balançando sua lanterninha de um lado pro outro, era ninguém menos que o Pedro (o ´Pode cre´dele (MG) é ´Boto fé!´), que eu já citei anteriormente. Em outro encontro, ele contaria que tava lá perdidaço e sozinho porque estava acabando com todo o estoque dele de marijuana e coca porque no dia seguinte iria pro Peru e não queria ter que passar com drogas pela fronteira. Batemos um papinho com ele, compramos chocolates (na Bolívia Toblerone e Snickers são muito baratos) e fomos dormir.

Acordamos cedo no dia seguinte, tiramos umas fotos e descemos (a descida foi tão rápida comparada a subida, que eu nem conseguia acreditar que na verdade estávamos tão próximos da costa) pegar um barco de volta pra Copacabana. Demos muita sorte pois tinha um barco saindo exatamente na hora em que chegamos no píer.

Em Copacabana, achamos uma agencia que nos levasse a Cusco, com direito a uma visita a Puno, onde ficam as Islas Flotantes no caminho. Na agencia, conhecemos dois paulistas, uma gostosa que tinha comprado um cachorro em Coxabamba (quem vai pra Bolívia e compra um cachorro no meio da viagem¿) com seu namorado Roots. Gastamos nossos últimos bolivianos, já que agora iríamos pro Peru, em chocolates e porcariadas e fomos pro busão. Foi um puta rolo, a velha maldita da agencia nos vendeu passagens pra um ônibus que não tinha lugar pra gente e tivéssemos que ir em outro, que no começo também não queria nos aceitar. E mesmo quando aceitou, só tinha 4 lugares, dos 5 que a velha tinha vendido. O Guto quis ser meninão e foi de pé, pra ceder lugar pro namorado roots da gostosa só pra fazer uma moral com ela. Antes de ceder o lugar, umas velhas argentinas ainda tinham arrumado briga com o Guto porque disseram que os lugares que ele e meu irmão sentaram elas tinham tentado comprar mas não queriam vender pra elas (era só uma fileira na frente...). Ai o bom menino pomba falou que trocava de lugar com elas se elas quisessem. Esse gesto de gentleman, deu brecha que a mais velha das velhas puxasse moh papo com o Guto, que disse pra elas que era advogado (eu só falei que estudava publicidade, como sempre na viagem, ia ser meio estranho explicar um advogado de moicano). A velha até ofereceu as netas dela pra ele! Bão, passamos pela fronteira do Peru, onde meio irmão tinha perdido um papelzinho que tinham dado na entrada da Bolívia e teve que deixar uma propina de 20 bolivianos pelo ocorrido. Nem revistaram nossas malas, o Pedro devia ta puto...Passei pelo arco que separa a Bolívia do Peru, correndo e gritando ´Até nunca mais, Bolívia!´, mas sabendo que duas semanas depois eu estaria de volta a La Paz.

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