quarta-feira, abril 05, 2023

A capital do congestionamento

Poucas coisas me deixam mais feliz pela manhã do que a uber ou a 99 me enviarem um taxi quando peço um carro pelo aplicativo. Isso significa que vou poder deslizar pela faixa preferencial dos ônibus, e chegar ligeiramente menos atrasado no trabalho. Afinal, como a Amanda gosta de repetir, eu sou uma daquelas pessoas que acordam cedo porque gostam de se atrasar com calma. 

Se eu estou dirigindo, acabo sempre me irritando com alguma coisa. Com a lentidão do transito, com os outros motoristas cortando minha frente, com motoqueiros levando o retrovisor.

Eu realmente admiro quem consegue dirigir nessa cidade mantendo a paciência. Pra mim é uma experiência traumatizante desde que eu era criança. Meu pai sempre teve a coragem e paciência que a cidade exige, mas sempre me lembro das discussões com minha mãe ou minha tia, dos mapas impressos que os neanderthais pré-waze tinham que carregar no carro e das infinitas voltas que a gente dava pra chegar de um lugar a outro. Era tanta volta, tanta demora, que eu sempre dormia. 

E assim, admiro quem dirige de boa por São Paulo com a mesma admiração e respeito que tenho por alguém que cospe fogo ou pula de bungee jumpee. Acho legal que existam pessoas que fazem isso, mas não tenho nenhum interesse em ser uma delas.

O Waze ajuda demais. Ele escreve certo por linhas tortas, mas sempre te leva onde você precisa e do jeito mais rápido possível, por mais que pareça não fazer sentido na hora.  Os "antigos" podem até não confiar nele, mas eu sei o quanto esse app já me ajudou. Já não basta o caos do transito, Deus me livre de ter que me preocupar também com os caminhos.

Ou seja, o transporte via carros de aplicativo pra mim são uma das maiores invenções recentes da humanidade. Graças a eles eu não tenho que me preocupar com direção, caminhos, pedintes, malabaristas, vendedores de bala, palhaços, acidentes, assaltos, motoqueiros, engolidores de espada, batidas, gasolina, zumbis da cracolândia, engarrafamentos, protestos, manutenção do automóvel, lavadores de vidro, rampas, alagamentos, buracos e os absurdos cobrados pelos estacionamentos nessa maldita metropole cinzenta.

E nos dias de sorte, nos dias realmente bons, o meu motorista tem passe livre pela preferencial, e aí é só alegria, ou como dizem por aí, "uma mão na roda".

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