2) Meu segundo emprego, foi com um amigo do meu pai, que tinha largado a medicina pra advogar (sim, tem gente mais louca que eu). Também era só a tarde e era mais várzea ainda, eu nem tinha que ir todos os dias, mas também não tinha salário. Mas lá era legal porque eu podia ver ele conversando com os clientes, visitar o fórum, fazer umas peças simples pra ele corrigir (como o trabalho do meu chefe anterior era mais sério, eu não podia palpitar muito, só mais ajudar a procurar alguma jurisprudência, na raça, em livros mesmo e digitar o que ele ditasse). Fora isso, ele tinha uma filha que vivia ouvindo ACDC pra quem eu pagava um certo pau (mas era bem mais nova que eu, que ainda namorava na época.Comecei lá um ano depois do emprego anterior e durei quatro meses.
3) Dois meses depois, recebi um telefonema que tinha passado num concurso que tinha prestado alguns meses atrás pra estagiar na Defensoria Pública de Jaú. E caralho, como eu gostava daquele lugar. Lá eu advogava de verdade! Conversava sozinho com os assistidos (pessoas que precisam da assistência do Estado por não terem dinheiro pra bancarem sozinhos seus advogados sem prejuízo de seu próprio sustento), fazia as peças, os acordos se separação, pensão alimentícia e talz, ligava pra lugares, nomeava advogados, buscava históricos de processos. Fora isso, a equipe de estagiários tinha umas dez pessoas, todas mais ou menos da minha idade e os próprios chefes, os dois Defensores da cidade, não eram muito mais velhos que a gente. Isso significava que eu podia ser eu mesmo, não precisava ser educado ou fingir ser babaca. Podia ser bobo mesmo, resmungar de ter que fazer alguma coisa chata, e até xingar, não de verdade, brincando lógico, mas poder chamar seu chefe de filho da puta e mandar ele se fuder ainda que brincando é uma puta vantagem. Era um ambiente sussa, onde eu me sentia bem. Sempre tinha piada com alguma coisa, os próprios assistidos eram divertidos demais (tipo uma punk maluca que queria mudar o nome de nascença pro nome que ela usava na internet ou o cara que não queria pagar pensão porque a mulher ficou dando cambalhota e plantando bananeira depois de dar pra ele pra engravidar de propósito) e todo aniversário de alguém tinha festinha. Mesmo quando não era aniversario, as vezes almoçávamos por ali (aqui eu trabalhava de manhã, pois tinha acabado de me formar). Também tinha vários happy hours na shed e churrascos onde eu podia ser eu mesmo mais ainda (leia-se cair de bêbado pelas paredes). E tinhamos até nossos ´estagiários´, os mirins que trabalhavam por lá. A atmosfera era muito boa, tinha gente cantando,gritando, subindo nas mesas, chefes esbarrando no seu ombro pra impor respeito, os seguranças gente fina absurdo, gente que aparecia com receita do meu pai e ainda não mencionei mas o salário era ótimo, principalmente por ainda me deixar meio período pra estudar pra OAB, a qual eu não passei enquanto estava la, mas meus chefes me deram maior força na hora de escrever o recurso e ainda me deram de folga no dia que eu não passei porque eu fiquei mó chateado. Infelizmente, como eu já estava formado e era um estágio eu só pude ficar lá seis meses, mas foi uma puuuta experiência e pra trabalhar lá eu tirei até minha carteirinha de estagiário da OAB, que eu não tinha até então.
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