Sexta feira, eu e a Manda continuando a saga “Shows gratuitos no teatro –
se for bom ótimo, se não for, não pagamos nada mesmo”. E fomos surpreendidos
novamente. Desta vez com o espetáculo chamado “Semana Noventa@Vinte e Dois”, um
ballet no qual dezenas de artistas representam quadros e poesias da semana de
22. E serio, foi muito bom! Quadros ganhando vida, musica tensa no fundo, e
homens e mulheres, com fantasias malucas, tipo de alienígenas de filmes clássicos,
literalmente pirando no palco! Tinha seres com vários rostos, braços metálicos,
um Abaporu gigante, mascaras animalescas e ate um lagarto andando de skate com
a barriga (juro.por.Deus!). As vezes a coreografia era tão aberta e abstrata
que parecia soh um bando de amigos que tinha subido la no palco de boa, só pra
pirar sem vergonha de ser feliz, dando ate vontade de subir la também pra ficar
mexendo o corpo como maluco, tendo um ataque epilético no meio deles. Show!
domingo, agosto 25, 2013
Cores que não vesti
Segunda feira fui pra uma entrevista em uma gráfica na capital do
calcado feminino as 7h30 da manha. Depois de duas perguntas desinteressadas,
fui prontamente contratado pra uma “semana de teste”, na qual testariam meu ‘ritmo’
como assistente de arte. Fui alertado de que as coisas tinham que acontecer
muito rápido num lugar desse tipo, e que não seria como a vida em uma agencia,
com a qual eu estava acostumado.
Mas como bom pequeno leão que sou, ri na cara do perigo e aceitei começar
imediatamente o teste. Fiz um folder no primeiro dia, um catalogo no segundo e no
terceiro uma peça de email marketing, um formulário pra um hospital e um
panfleto. Em São Paulo eu levaria pelo menos uns três dias pra fazer cada uma
dessas coisas, e não faria nada disso sozinho. Geralmente varias pessoas
trabalham juntas num projeto em SP, uma planeja, a outra cria a arte e a outra
escreve o texto. Aqui eu teria que fazer tudo sozinho e ainda disseram “tema
livre, use a criatividade”.
Ow, tanta liberdade não eh tão
legal quanto parece... Eu mal sabia por onde começar. E mal tinha tempo de
pesquisar benchmarks e ferramentas em aplicativos que pouco usava pra
trabalhar. No primeiro dia, apanhei mas gostei do resultado. No segundo dia, não
gostei do que fiz, cheguei em casa e fiquei ate meia noite fazendo versões alternativas
do meu trabalho para apresentar no dia seguinte. E na quarta, tirei de letra.
Eu já estava entrando no ritmo, e orgulhoso de meus resultados. Mas não foi o
suficiente. Ao final do dia, sem nem querer saber de tudo que eu tinha feito
naquele tempo, meus possíveis empregadores me chamaram de canto e disseram que
meus serviços não eram mais necessários. Sai de lá frustrado, mais pelo fato de
quem nem quiseram olhar o que eu tinha feito, do que realmente de ter perdido o
emprego. Não era o trabalho dos meus sonhos, mas seria legal treinar por um
tempo de ser uma agencia de um homem só. Vi muita coisa nova nesses três dias, e
realmente gostaria de ter visto um pouco mais.
O chato foi que motivo da “demissão”, ficou meio obscuro, já que nem
olharam as coisas que eu fiz no terceiro dia, mas que calculo que pode ser o salario que eu pedi (que
eu julguei baixo e justo, mas pros padrões da cidade provavelmente foram considerados altos) ou o pessoal la não gosta mesmo de muita gente (eu fui o terceiro que "foi reprovado" nos testes das ultimas semanas). #savida. Pelo menos, me
animei um pouco de ter uma resposta inicialmente positiva e considerei uma vitória,
ainda que de curta duração. Saindo de la, afundei as magoas em álcool e anchovas ao lado de meus pais e do meu irmão e me apoiei nos abraços da Manda pra me reerguer. Já na manha do dia seguinte, fiz outra entrevista e consegui um
trampo novo. Afinal, savida continua...
domingo, agosto 18, 2013
"That the Joke was on me"....(A piada Mortal)
No ultimo podcast do Kevin Smith, realizado sexta feira passada, Grant Morrison soltou uma bomba no colo dos fãs de hqs. Segundo ele, Alan Moore matou o Coringa, nem 1988 e ninguém percebeu!
Claro que tive que reler a obra mencionada (“A piada mortal”, um dos maiores clássicos do Batman) depois disso, e não eh que o careca tava certo? Caralho, tava tudo ali, bem na nossa frente!Eu li essa hq pela primeira vez, há muito tempo atrás, quando conhecia muito menos de HQs e antes mesmo de ler Watchmen ou Sandman. Mas lembro que o final era meio perturbador. O Coringa, depois de deixar a Batgirl numa cadeira de rodas e de sequestrar o Comissário Gordon (talvez tendo ate o estuprado!), encontra o Batman e conta uma piada. O Batman ri junto com o criminoso, e o gibi acaba. Mesmo sendo muito juvenil quando li a historia, achei um final muito estranho.
Eis a piada do Coringa: Dois loucos estão correndo, fugindo do hospício e tem de pular de um prédio para o outro. Um dos loucos pula. O outro tem medo de cair. O primeiro louco então diz que tem uma lanterna, que ele pode liga-la, assim o outro pode atravessar pelo facho de luz. Mas o outro louco responde “Eu não, e se você desligar a lanterna quando eu estiver no meio do caminho?”
Vamos considerar que essa eh uma piada sem muita graça, e caberiam ai muitas piadas melhores. Depois que ele conta a piada, o Batman, que nunca ri na vida, começa a gargalhar e do nada, a revista acaba (abaixo segue a ultima pagina da HQ):
Eis a piada do Coringa: Dois loucos estão correndo, fugindo do hospício e tem de pular de um prédio para o outro. Um dos loucos pula. O outro tem medo de cair. O primeiro louco então diz que tem uma lanterna, que ele pode liga-la, assim o outro pode atravessar pelo facho de luz. Mas o outro louco responde “Eu não, e se você desligar a lanterna quando eu estiver no meio do caminho?”
Vamos considerar que essa eh uma piada sem muita graça, e caberiam ai muitas piadas melhores. Depois que ele conta a piada, o Batman, que nunca ri na vida, começa a gargalhar e do nada, a revista acaba (abaixo segue a ultima pagina da HQ):
Uma puta historia do caralho, acabava do nada, com um final meio sem sal. A menos que a piada fosse tão foda, que apesar de obvia, ninguém tivesse entendido. Mesmo estando no nome da revista (The killing joke!).
Reparem que o Batman ri, com o braço perto do pescoço do coringa. Segundo Morrison, nessa hora, ele quebra o pescoço do palhaço! Tanto que no quadrinho seguinte, o que vemos eh a mão do vilão, já meio sem vida, caindo junto a seu corpo. E as risadas do Coringa cessam de repente! E como se não fosse o suficiente, nos últimos quadros temos o que? Um facho de luz interrompido! Uma alusão a piada dos loucos, na qual um mataria o outro, interrompendo um facho de luz! No ultimo quadro, apenas escuridão!
Puta-que-o-pariu! Ta tudo ali, na nossa cara! A DC jamais deixaria o Moore matar o Coringa, então o autor fez isso de uma forma tão inteligente, tão sutil, que nem percebemos e enganou todo mundo por anos! Caraaaalho! Caraaaalho! Coisa que depois que você percebe, fica tao obvio, que fica se sentindo um idiota de nao ter percebido antes!
Agora uma HQ que já era foda, ficou ainda melhor, transformando o Moore num Da Vinci da nona arte! E a piada contada pelo vilão finalmente fez sentido! Puta que pariu, Alan Moore elevou os quadrinhos a novos patamares mais uma vez! Muito obrigado, seu gênio maldito!!!
Reparem que o Batman ri, com o braço perto do pescoço do coringa. Segundo Morrison, nessa hora, ele quebra o pescoço do palhaço! Tanto que no quadrinho seguinte, o que vemos eh a mão do vilão, já meio sem vida, caindo junto a seu corpo. E as risadas do Coringa cessam de repente! E como se não fosse o suficiente, nos últimos quadros temos o que? Um facho de luz interrompido! Uma alusão a piada dos loucos, na qual um mataria o outro, interrompendo um facho de luz! No ultimo quadro, apenas escuridão!
Puta-que-o-pariu! Ta tudo ali, na nossa cara! A DC jamais deixaria o Moore matar o Coringa, então o autor fez isso de uma forma tão inteligente, tão sutil, que nem percebemos e enganou todo mundo por anos! Caraaaalho! Caraaaalho! Coisa que depois que você percebe, fica tao obvio, que fica se sentindo um idiota de nao ter percebido antes!
Agora uma HQ que já era foda, ficou ainda melhor, transformando o Moore num Da Vinci da nona arte! E a piada contada pelo vilão finalmente fez sentido! Puta que pariu, Alan Moore elevou os quadrinhos a novos patamares mais uma vez! Muito obrigado, seu gênio maldito!!!
sábado, agosto 17, 2013
Wolverine (Imortal) - Critica
Ah, os tradutores brasileiros! Sempre fanfarrões! Qualquer cara que lê
quadrinhos sabe que o Wolverine não eh imortal, mas ainda assim, o titulo do
novo filme veio, como de praxe, com um subtítulo inútil e desnecessário pros
cinemas brasileiros. Mas tudo bem, “The Wolverine” (titulo original, curto e
grosso) eh um bom filme, ótimo não, mas bom.
Vemos pela primeira vez na grande tela grandes coadjuvantes do Logan,
como Mariko, Yukio e Samurai de Prata, num filme de ação bem divertido, com
boas cenas de adrenalina e com certeza mil vezes melhor que X-Men Origens: Wolverine
(uma unanimidade entre fans de hqs ou não eh que aquele Deadpool eh imperdoável).
Não que seja um filme perfeito. A víbora não ser oriental, por exemplo, foi
algo que me incomodou um pouco. E ainda sonho com o dia no qual a Fox perdera a
franquia dos X-Men de volta para a Marvel, e o mutante canadense usara um
uniforme nos cinemas, como todo bom super-heroi (não precisa nem ser o amarelo
e azul, o cinza e preto da X-Force já me deixaria feliz).
Por hora, esse Wolverine de jaqueta de couro já serve como um bom passatempo,
valendo com certeza uma ida ao cinema! =]
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Artista de bosta
Luan era orgulhoso daquilo que fazia. E ele fazia muita
merda. Sempre que ia ao banheiro, o garoto levava consigo seu celular e tirava
dezenas de fotos de sua bosta. Fora isso, também gravava o making of, salvando
em áudio e vídeo, todo seu processo de defecação. Mas guardar para si, a beleza
de seu trabalho não era o suficiente e Luan começou a enviar seus a seus amigos
o conteúdo que produzia. Repugnados, eles respondiam ironicamente perguntando
porque ele não postava aquela porcaria na internet, para todo mundo ver. E foi
exatamente o que ele fez.
A principio, todos acharam aquilo repugnante. Alguns
servidores vetaram a nojeira, requisitando que ele retirasse aquele material da
rede ou simplesmente bloqueando-o. Seus amigos se afastaram dele. Sua família tentou
faze-lo ir a um medico. Para ele, aquilo não passava de gente enfezada a toa. Mas
Luan era um artista determinado, e continuou firme no compartilhamento de sua
merda.
Eis que os primeiros admiradores surgiram. Eles admiram a
coragem e determinação do garoto. Um agente, vendo o interesse destes
admiradores e imaginando poder lucrar com isso, contatou o garoto e ofereceu-se
para representa-lo. Juntos, eles conseguiram patrocínio de certos grandes empresários,
que investiram um dinheiro pesado na carreira artística do garoto.
E em pouco tempo, todas as rádios tocavam os sons de seus
peidos e gemidos, no inicio, graças ao financiamento dos patrocinadores,
posteriormente a pedido do publico. Afinal, somos uma raça conformista. Não
importa o quão ruim seja algo, se ficar por tempo o bastante em exposição na
mídia, as pessoas acabam se acostumando, passando inclusive, a gostar disso. E
gostar muito.
Exposições com fotos de merda se espalharam por todo o país,
as pessoas cantarolavam peidos com a boca nos ônibus e avenidas, e Luan virou
convidado dos mais diversos talk shows em rede nacional, que o convidam para defecar
ao vivo, enquanto eh entrevistado. As garotas mais jovens passam a adora-lo.
Elas querem ver sua bosta de perto, cheira-la, toca-la, fotografa-la, ama-la. As
mais extremistas chegam a tatuar a “A Lua Negra”, sua obra prima, em seus
corpos adolescentes.
E com o tempo, mesmo os maiores detratores da carreira de
Luan, acabam se conformando. Hoje ele eh popular, um dos maiores e mais bem
pagos artistas da indústria. Anos mais tarde, será considerado um clássico.
Fight Night Champion - PS3 - Review
Comprei esse jogo por um único motivo: queria um jogo pra jogar com o
Move, o controle bacanudo que imita o Wii, mas que no final acabo usando em pouquíssimos
jogos. Acreditei que um jogo bacana pra jogar com esse controle, seria um de
boxe. Me enganei feio e o jogo não funcionava com esse controle, mas ainda assim, admito que
realmente me surpreendeu.
Acho que um dos problemas dos jogos de boxe de antigamente eh que por
mais que você apertasse botões diferentes, os personagens na tela não
conseguiam mostrar uma grande diferença entre um soco e outro. Era tudo igual e
o negocio era apelar pra vencer. Talvez por isso os melhores jogos sempre
fossem aqueles que se destacavam pelos golpes especiais, esses sim fáceis de
discernir.
Os gráficos e jogabilidade do PS3 e competência da EA acabaram com esse
problema. Agora você pode controlar perfeitamente um jab, um uppercut, se vai fazer
isso com o braço direito ou esquerdo, se o soco vai pra barriga ou pra cabeça,
e tudo mais. Você realmente sente que esta lutando, tomando decisões que
influenciam no resultado final da luta. E acabei ate preferindo que o jogo
fosse jogado com o controle normal, bem menos limitado que o Move.
Fora isso, mesmo sendo um jogo de esportes, esse jogo tem uma historia
foda! Você acompanha a toda a trajetória mesmo de um lutador, como treinos,
lutas menores, prisão, volta aos ringues! E os objetivos a cada luta mudam,
como por exemplo, ter que lutar defendendo um corte no rosto ou apenas cansar
um adversário mais forte ate que ele se canse. Tão bom quanto um filme do Rocky
Balboa!Puta jogo dahora!
PS: O jogo que eu achei que estava baixando era o The Fight: Lights Out,
esse sim compatível com o PS Move.
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quinta-feira, agosto 08, 2013
Coagulo
Fabio vivia sendo questionado por seus pais a respeito de
seu trabalho. Formado em engenharia da computação, ele passava a maior parte do
tempo trabalhando em casa. Programava websites e programas para grandes
empresas e os vendia pela internet. Tinha diversos clientes que o pagavam muito
bem, portanto nunca lhe faltava dinheiro e sempre chegavam diversas encomendas
de produtos importados pelo correio em seu nome. O garoto era jovem, passava o
dia todo trancado em seu quarto e mal conversava com os pais, mas saia com os
amigos todas as noites e voltava tarde da madrugada, quando todos na casa já estavam
dormindo. Seus pais achavam aquele comportamento muito estranho, e sempre
desconfiavam das atividades do filho. Para eles, nascidos nos anos 50,
trabalhar em casa não era trabalho e ponto final.
Numa tarde de quinta feira, o carro do pai de Fabio teve um
problema na bateria e deixou de dar a partida, quando ele e a mãe do jovem, estavam estacionados em frente a um banco no
centro da cidade, pagando as contas do mês. Eles pagavam todas as contas
pessoalmente no banco, não importando o tempo que perderiam em filas, nem que
fosse muito mais cômodo fazer tudo pela internet. A mãe de Fabio não confiava
em bancos, e muito, menos na internet. A televisão mostrava diversos golpes
sendo aplicados na internet , nos quais muitas pessoas perdiam dinheiro em transações
realizadas online. E na televisão, a mãe de Fabio confiava cegamente.
Fabio deixou a programação do website de uma grande rede de supermercados
de lado por alguns instantes para prontamente buscar seus pais, assim que
recebeu a ligação de sua mãe pedindo ajuda. Seu pai sentou-se no banco do
passageiro ao seu lado e sua mãe no banco de trás, no qual havia um pacote
transparente, com aproximadamente um quilo de pó branco, que sua mãe, treinada pela
televisão em pericia criminal há anos, imediatamente identificou como sendo cocaína.
- Eu sabia! Eu sabia! Trabalhando honestamente o caramba! –
Ela gritava do banco de trás.
- O que foi? – o pai de Fabio perguntou.
- Olha isso aqui, querido! Ele acha que me engana!
Trabalhando em casa? Sei! Olha o que eu achei aqui, desavergonhadamente
jogado no banco do carro.
- Mãe, isso não eh o
que você esta pensando – Fabio tentou explicar-se, tentando manter-se atento a direção
e a conversa.
- Um filho meu traficante! Eu não acredito, eu vou tanto na
Igreja, não acredito! – A mãe gritava, enquanto começava a desferir bofetadas
na cabeça do filho.
- Mãe, para, eu estou tentando dirigir. – Fabio disse.
Mas já era tarde demais. Um segundo foi o suficiente. O
garoto virou-se para trás tentando afastar os sopapos da mãe, desviando sua atenção
da direção e perdeu o controle sobre o veiculo, fazendo com que o Golzinho prata
que dirigia chocasse diretamente com um poste.
Os pais de Fabio sobreviveram, mas o garoto, único sem cinto de segurança
na hora do acidente, bateu a cabeça com forca contra o vidro na hora do impacto
e teve um hematoma intracraniano. Um coagulo de sangue formou-se em torno de
seu cérebro e ele veio a falecer.
Na noite do acidente, vários de seus amigos receberam a
noticia de sua morte ao mesmo tempo. Eles estavam reunidos na casa de um deles,
com diversos ingredientes dispostos sobre uma mesa de jantar. Havia presunto,
queijo, calabresa, manteiga, coco e chocolate. Para que eles começassem a preparar a comida, só faltava a goma de tapioca,
que Fabio tinha se comprometido a levar.
Fato interessante (mas que não vai mudar em nada sua vida): escrevi isso antes de saber que a palavra “Tapioca”, em indígena, significava
coagulo.
quarta-feira, agosto 07, 2013
Cidade Pequena
Minha rotina diária começa com um bom copo de leite achocolatado Wonka. Enquanto eu tomo café, a Maria, que trabalha em casa conta as ultimas novidades sobre as filhas dela e como ela esta se saindo nas aulas de direção. Então, eu saio pra rua fazer cooper. Desço a rua de casa ate o final e viro a esquerda, ate uma das minhas ruas favoritas em Jau. Dela, da pra se ter uma boa vista de toda a cidade, dando pra visualizar a Matriz, o centro empresarial e o topo do Planeta Diário. Mas infelizmente poucas pessoas aproveitam. Há pouco tempo, a rua passou a ser contra mão, e os carros só podem subi-la, no sentido contrario da vista. Só quem desce, consegue observar, e quase ninguém usa a rua na descida. Do lado esquerdo dela fica a escola NIE, e do lado direito, ao lado do antigo prédio da Umbrella, os Lannister estão construindo um novo castelo. Passo pelos trailers que servem o melhor x-bacon do mundo no beco, e sigo em direção a escola na qual passei todo meu colegial: a Escola do Professor Xavier para estudos avançados. De lá, começo meu caminho de volta, passando pela lateral da casa do Marvin, e subindo pela rua onde fica a Mansão dos Vingadores. Minha irmã já namorou um cara que morava ali.
Ao chegar em casa, ligo o notebook e recomeço a rotina de enviar currículos. Sterling Cooper, Oficina, Dunder Mifflin, Torre, Stark Industries. Meus pais me chamam para almoçarmos juntos. Nos bons dias, tem arroz, feijão, bife acebolado, virado de milho e mandioca frita. Durante a refeição meu pai comenta sobre as manifestações em Krypton. Aparentemente os governantes têm ignorado os problemas geológicos apontados pelos estudiosos do solo local e o povo tem se revoltado com isso. Falam ate em revolução militar. Minha mãe comenta que tem uma palestra no Senac que pode me interessar.
Depois do almoço, subo de carro pra casa da Amanda, que mora perto dos laboratórios Acme, do lado do supermercado Confiança. Passamos no Banco Nacional de Patópolis, sacar algum dinheiro, depois no mercadinho Kwik-E-Mart comprar uma lâmpada pro quarto dela, e damos uma volta de carro pelas Doze Casas. Certos dias, eu estaciono o carro perto do Hotel California, e fazemos uma caminhada pelo lago, na hora do por do sol. Mergulhamos em Octopus’s Garden, e nadamos ate a ilha “dos Outros”. Quando nos cansamos, vamos jantar algum lanche no Restaurante no fim do universo, pegamos uma sobremesa no Chiquinho ou na Bluth’s Banana Stand, no centro da cidade, e mais tarde, como sempre, seguimos encontrar o Boi no Viracopos, tomar um Moe Flamejante.
Escrevi esse texto ontem, de madrugada, quando pensava no quanto Jau hoje parece pequena pra mim, e na minha infância eu a imaginava como sendo um lugar enorme, com milhares de coisas a serem exploradas. Cheguei a conclusão de que, na verdade, ela nunca me pareceu pequena, porque, pra mim, nela havia novos milhares de locais mágicos e incríveis sendo construídos todos os dias, ao lado das coisas da cidade que eu amava. Obviamente, esses lugares eu levo sempre comigo, não importa onde eu esteja, mas foi na minha infância ou adolescência que eles foram construídos, portanto, existem em Jau.
segunda-feira, agosto 05, 2013
O ultimo programa do mundo (da MTV Brasil)
O canal MTV Brasil como o conhecemos vai acabar. O canal vai deixar de
ser do Grupo Abril, e sua nova dona eh a Viacom, dona da VH1 e da Nickelodeon. Mas
o pior eh que o canal deixara de ser aberto e passara a fazer parte da tv a
cabo! E isso eh horrível!
OK, a MTV de hoje eh soh uma sombra do que ela foi no passado. E eu
culpo os emos, os funkeiros e os sertanojos por isso. Afinal, se for pra passar
clipe desses lixos, melhor passar programinhas de comedia mesmo. Mas mesmo
esses já tinham perdido o folego, ateh a emissora ser vendida.
Depois disso, os poucos integrantes que restaram na MTV Brasil perderam
o medo de qualquer coisa. E isso deixou a programação ótima!
No Furo MTV eles não tem mais medo de xingar ou criticar ninguém,
fazendo deste o melhor programa de noticias da atualidade. E eis que surgiu “O
Ultimo programa do mundo”.
Este programa, eh praticamente Monty Phyton. E esse eh um puta elogio.
Non sense, irônico e sem limites, nesse programa temos um maluco praticamente
sozinho dizendo tudo, mas tudo mesmo que lhe vem a cabeça, inclusive muitas
criticas a situação atual da MTV, e isso eh do caralho.
Tem por exemplo divagações
como “Pensa no primeiro cara que comeu um ovo, ele viu uma galinha cagando um
negocio diferente e pensou: porra, vou comer isso ae.”, tem programas que ele
eh atacado por um cara vestido com roupa de ginastica e mascara de galinha ou
um que ele eh salvo por um fantoche chamado Boquetito. Estou me divertido
demais com isso, e totalmente recomendo! Eh o ultimo folego da MTV, e mostra
todo o lado transgressor que esse canal um dia já teve, vale muito a pena ver!
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Maratona de Nova York - em Jahu
Esse sábado eu e a Amanda fomos ao teatro municipal assistir a peça “Maratona
de Nova York”. Os ingressos, mais uma vez eram gratuitos, sendo que para
ganha-los era necessário apenas levar um quilo de alimento não perecível ao
teatro. Quando em cartaz em SP ou no RJ, o mesmo espetáculo custa cerca de R$
60 o ingresso.
A peça foi muito boa, tinha insights como a origem da palavara maratona,
algumas partes engraçadas, a historia tinha um final bacana, e já valia soh
pelo esforço dos atores (que correm durante mais de uma hora, em 90% do tempo
que estão no palco!), um deles, Anderson Muller, da Globo.
Mas o povo de Jau, mais uma vez, nem compareceu. Apenas as primeiras
fileiras estavam ocupadas.Serio, não sei o que fazer pra tirar esse povo de
casa. Nem teatro de graça, com atores e direção globais, fez com que as pessoas
fossem ao teatro, o que eh uma pena, porque nada me deixaria mais feliz do que ter
programas assim todo final de semana.
Circo da Vida
Sábado passado, eu e a Amanda levamos a priminha dela de 4 anos no circo
que estava na cidade. Claro que eu não esperava que fosse o maior espetáculo do
mundo, mas nas minhas memorias, lembrava-me de já ter ido em alguns circos
divertidos em Jau quando era criança.
Este não era o caso. Quando passamos as cortinas vermelhas, não tinha
mais do que 100 cadeiras alinhadas na frente do picadeiro. O show começou. O
mestre de cerimonias, que não sabia usar o plural deu as boas-vinda pras poucas
pessoas que não ocupavam nem metade das cadeiras e entrou em cena o homem de
quatro-pernas, seguido de um homem aranha gordo que se enrolava em cortinas,
uma assistente gorda de uma magica gorda que não cabia em suas próprias roupas,
e uma torturante imitação fajuta de “Galinha Pintadinha”. Foi triste, dava pra
ver claramente que era apenas uma família se esforçando pra ganhar a vida de um
jeito inusitado. Vendendo o pouco que tinha de dignidade. Não havia magia, nem
animais adestrados, nem grandes números, soh o mundo real, e isso eh
deprimente.
O mais legal foi que no começo, quando tudo estava escuro, a priminha da
Amanda, estava com medo. Meio que como a gente quando começa a vida, chegamos
chorando, mas nos acostumamos com a bosta que ela eh e no final acabamos ateh
nos divertindo.Ainda bem que estávamos com uma criança que se divertiu, (e passou o circo todo esperando por um elefante, do qual eu prometi que ela poderia usar a tromba pra me dar um banho, fato que infelizmente ela não esqueceu ateh hoje), porque se
fossemos soh eu e a Amanda, eu ficaria muito puto de ter gasto R$ 10 no
ingresso. E foi ai que tive outro insight, talvez seja por isso que as pessoas
tem filhos. Talvez a felicidade e a ignorância (palavra feia pra ingenuidade)
tenham data de validade. E quando as pessoas não conseguem mais alegria por si
próprias, tem filhos para que recuperem a alegria através dos olhos de novas pessoas,
ainda intocadas pelo feio e pelo triste. The show must go on...
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