segunda-feira, junho 29, 2015

Do Not Adjust Your Set! - Monty Python em preto e branco!

Eu já assisti tanto aos sketches antigos de Monty Python que fico esperando até a Inquisição Espanhola (e ninguém espera a Inquisição Espanhola!), o que me levou a procurar o que veio antes do Circo Voador. Acabei chegando na série "Do not adjust your set", cujos 9 primeiros episódios você pode encontrar na íntegra no youtube.

É a origem de MP, ou seja, na falta de algo melhor, é tudo de bom!

Abaixo o textinho que traduzi da/pra Wikipedia, já que não havia nada a respeito do programa em português:

Do Not Adjust Your Set! (DNAYS!) é uma série de televisão produzida na Inglaterra em 1967. O nome do show vem da mensagem que costumava aparecer freqüentemente naquela época quando havia algum problema com a transmissão.

Ele incluiu primeiras aparições de Denise Coffey, David Jason, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin; os três últimos  membros da trupe cômica Monty Python. Embora originalmente concebido como um programa infantil, rapidamente adquiriu fãs entre muitos adultos, incluindo os futuros Pythons John Cleese e Graham Chapman.

A banda The Dog Doo-Dah Bonzo Banda tocava uma canção em cada programa e os músicos freqüentemente apareciam como extras nas sketches. O programa exibiu uma série de sketches muitas vezes bizarras e surreais, com frequência que já antecipavam o humor de Monty Python Flying Circus, que se seguiu cinco meses após o último episódio de DNAYS.



Final de semana cheio de bons achados é igual a segunda feira cheia de boas dicas

Dica de filme: 
Relatos Selvagens. Não dá pra falar muito desse filme sem soltar um spoiler que estrague sua vida. Vai ter que confiar na minha palavra de que é uma história realmente boa e original (várias histórias na verdade, é meio como se você estivesse lendo a um livro de contos). Minha única tristeza é que o filme é argentino quando poderia muito bem ser brasileiro se nosso cinema ainda não dependesse de comédias babacas e piadas com peido.



Dica de jogo (PS3): 
Unfinished Swan. Desde Journey eu não jogava alto tão original. Um jogo que tenta ser um livro que tenta ser algo totalmente diferente. Em um mundo branco e incompleto, você utiliza de bolinhas de tinta pra formar o cenário ao seu redor e resolver puzzles divertidos. A dor de cabeça que essa confusão dá é tão pequena comparada ao prazer de encontrar cada novo capítulo, que quase mal vale a pena ser mencionada.


Dica de livro: 
Clube da Luta é provavelmente meu filme favorito. Meu anarquista interior vibra com cada cena e meu cinéfilo interior vibra com cada easter egg que não consegue ser mais rápido que minha vista. Demorei pra ver o quanto o livro também era bom. O filme é estupidamente fiel ao livro, e mesmo já sabendo de cor o final da história, você ainda pode se encantar nas formas que o autor utilizou pra esconder a verdade de todos durante mais de duzentas páginas.


Dica de peça: 
Mudança de Hábito.
Num domingo (dia de missa), fui com a Manda ao teatro Renault (antigo Abril) as 16h da tarde (horário de sessão da tarde) assistir ao musical consagrado no cinema com a velha Whoopi Goldberg. Fui esperando pouca coisa. Nunca consegui assistir a esse filme inteiro e o tema igreja não costuma ser dos mais animados, mas confesso que fui surpreendido novamente. Os atores mandavam muito, as músicas eram contagiantes, e os cenários e figurinos literalmente brilhantes. E ainda teve o benefício de como era domingo a tarde, haviam muitos assentos vazios, então deu pra gente pular diversas fileiras pra frente e assistir a tudo de um ponto bem mais caro pelo menor preço de ingresso da casa. Sucesso! 

Dica de app:
Marvel Future Fight é um joguinho lindo. Lembra muito os dos X-Men pra PS2, no qual você controla diversos personagens da Marvel simultaneamente e enfrenta dezenas de diferentes vilões. O único defeito é essa pirraça da Marvel deixar de fora os mutantes e o quarteto de todas as suas novas produções. #Savida. Pelo menos temos os Vingadores, Guardiões da Galáxia, Demolidor, Homem-Aranha e muitos outros!

sexta-feira, junho 26, 2015

Apertado

Odeio viajar em ônibus espaciais. Não que eu não goste de visitar a lua púrpura, mas bem que eu queria que houvesse um jeito mais fácil de chegar lá.
Combinei com minha família de nos encontrarmos na colônia de férias lunar porque é o ponto mais próximo entre os planetas Amazon, Apple (onde meus pais moram desde que se apostaram) e Nike (onde minha irmã trabalha no atualmente em um banco de sangue). É sempre bom reunir a família toda, mas a viagem é bem longa e cansativa.
Não que o transporte não seja confortável, levando em consideração as condições do espaço, essa tecnologia evoluiu muitos nos últimos séculos.
Ainda assim, acho que nunca vou me acostumar com as travas e cintos de segurança do vaso sanitário da nave, mesmo sabendo que sem eles eu poderia sair flutuando durante um momento muito inoportuno.
Mijar dentro de um tubo, que suga o líquido expelido com a ajuda do vácuo, também não é a experiência mais agradável do mundo. Muito menos saber que por aqui não desperdiçam o material coletado, e que, depois de um tratamento especial, minha urina se transformará em água potável.
Mas a verdade é que ainda prefiro isso a ter que usar as fraldas de segurança. Pela cara que o sujeito ao meu lado fez há pouco, não duvido que ele tenha utilizado a dele sem pensar duas vezes na hora do lançamento.
Ao menos as poltronas são confortáveis o suficiente e me esforço para entrar em modo de hibernação o quanto antes, mas estou sem sono nenhum.
Acho que não devia ter exagerado tanto naqueles StarCoffees na rodoviária. Fazia tanto tempo que eu não tomava um space-a-puccino, que talvez eu tenha exagerado na dose.
O problema de não conseguir dormir é que acabo prestando atenção no que os demais passageiros estão fazendo, e isso me irrita demais. Por exemplo, não entendo o propósito de trazer crianças para uma colônia lunar. Existem dezenas de colônias de férias muito melhores em qualquer outro planeta do Império.
Mas esses burgueses malditos fazem questão de trazer seus pirralhos recém-provetados até a lua. Acho que é uma questão de status. Quanto mais novo você visitar as crateras de sal púrpura e os mares artificiais de vento, mais chances você terá de garantir seu lugar na alta-sociedade no futuro.
Como se essa viagem já não fosse um processo cansativo o suficiente para um adulto.
Minha esposa Amora dormiu assim que embarcamos. Às vezes eu queria ter a facilidade que ela tem para cair no sono, ou pelo menos, sua disponibilidade para ingerir uma boa quantidade de sonopílulas.
            O narrador do meu audiolivro cospe palavras em alta velocidade no meu ouvido, mas só consigo me concentrar no ronco do passageiro do banco da frente. Lembro por um segundo de que o som não se propaga no espaço, e isso só me deixa com mais vontade de jogá-lo para fora do busão.
            Já fazem cinco horas que deixamos Amazon para trás, e ainda não consegui dormir. Coincidentemente, o bebê chorão da primeira fila também não. Ele olha para minha cara e chora. Tenho vontade de chorar também. Ninguém notaria mesmo, já que as luzes da nave foram apagadas cerca de quatro horas atrás.
            Pouco tempo depois, o ônibus estacionou junto a uma base satélite. Que maravilha, não sabia que teríamos paradas na viagem!
            Isso significa que posso descer, esticar um pouco as pernas e aproveitar para usar um banheiro com gravidade artificial.
            As manobras de acoplagem demoram quase 40 minutos. Já estou quase usando a fralda, quando finalmente o motorista desce e começa a conversar com a equipe local.
            Acho que agora sou único passageiro que ainda está acordado. Caminho da última fileira, onde estou sentado, até a saída do ônibus e sinto como se estivesse caminhando por um cemitério. Dezenas de pessoas hibernando em animação suspensa. Repousando calmamente na fria escuridão do espaço.
            Liguei o suporte de vida de meu traje de viagem e, deixando o ônibus espacial, entrei pela primeira porta que encontrei aberta.
Esse posto espacial parece ser bem diferente dos outros que já visitei. Geralmente a entrada das toaletes e da loja de conveniência tem dezenas de luzes indicativas, e fica bem óbvia.
            Neste aqui, tive que percorrer uns cinco corredores, até que minha insistência acabou vencendo e finalmente encontrei um banheiro. Ah, que alívio poder contar com a boa e velha gravidade para dar uma mijada.
            Me perdi um pouco na volta, mas depois de pouco encontrei a porta por onde eu havia entrado na estação.
O problema foi que assim que a atravessei, vi a coisa mais assustadora que poderia acontecer em qualquer viagem interplanetária: meu ônibus partia e me deixava para trás.
            Como assim? O motorista nem se deu ao trabalho de contar os passageiros? Olhe para o seu maldito painel imbecil! Tenho certeza de que verá uma luz vermelha piscando com o número de meu assento nela!
            Foi então que me dei conta. Não era um satélite de conveniência, o ônibus estacionara apenas para abastecer. 
          Tentei voltar para dentro e pedir ajuda para a equipe de manutenção da estação-posto, mas a porta que eu tinha utilizado fora selada automaticamente após a finalização do processo de abastecimento.
            Merda! Fiquei preso do lado de fora!
            Gritei, xinguei e chutei a lateral da estação com todas as minhas forças, mas obviamente ninguém me escutou.
            Meu ônibus ficava cada vez mais distante, só um ponto prateado em meio as estrelas. Imagino a cara de desespero da Amora quando acordar e perceber que eu não estou ao seu lado. E o aperto que a coitada vai que passar quando tiver que explicar o que aconteceu à minha família.     
            Sento na beirada da estação e observo o visor digital do meu suporte de vida. Tenho mais doze horas, se conseguir entrar em estado de hibernação. Talvez quatro horas, se eu continuar acordado.
            Me sinto pequeno, triste, vazio.
            E apertado.
            Não vai ter jeito, acho que vou acabar tendo que usar a fralda.

segunda-feira, junho 22, 2015

Virinha! Virinha! Virinha!

Um final de semana corrido. Depois de quase um mês em maio passando nossos sábados e domingo somente em Sp, eu e a Manda decidimos voltar e acabamos acumulando muita coisa pra fazer em pouco tempo. Sexta a noite, voltamos de carona com o Edu, e comi um lanche de atum com meus pais quando cheguei. E já cheguei cansado porque na quinta-feira tínhamos encontrado minha irmã pra trocar lembrancinhas de viagens e comer uma pizza na Bella Antonia (que pasmem! está a venda!). 

Passei a manhã do sábado imprimindo documentos e lendo Corporação Batman (Morrison S2), almocei com meus pais no Zezinho, e a tarde cochilei e assisti um pouco de Netflix. A noite, eu e a Manda saímos jantar com o Sustinho do Don Chef (pizzaria mais bonita da cidade, com altas restrições de escolha ja que a Manda não come nada marinho e a mulher do Sustinho nada porquinho e ele próprio não curte "pizza de coxinha"). Ainda bem que a pizzaria era boa e conseguia fazer milagre com queijos e chocolates. LOL Saindo de lá, fomos conhecer com o Bones o novo rolet mais underground rock n roll da cidade, o Cuca Fresca. Um lugar onde as cervejas tem preço de Rosário (4 reais uma "No Grau"!), as pessoas são simpáticas apesar de parecerem mal encaradas a qualquer estranho, serve amendoim (sempre um ponto positivo), tem um fliperama (sempre sucesso) e ainda tava rolando uma banda cover do Metallica. Se não fosse talvez perigosamente demais próxima de uma favela e já não tivesse rolado um ou outro tiroteio ou esfaqueamento por ali (ou a Manda, como eu, não ligasse pra esse tipo de detalhe), eu diria que voltaria em breve com certeza. Gosto de me sentir em cenários de faroeste, onde todo novo estranho é visto com desconfiança e todos tem suas botas sujas de terra.

Domingo cedo, mais um pouco de Bátima, passei com a Manda no território e almocei um suculento joelho de porco com meus pais. Em seguida, desci no Frodo (o estrangeiro), onde ele estava reunindo alguns rippers pra queimar uma carne excêntrica de um animal que não pode ser mencionado por motivos legais. Virinhas, escravos de jó (continuo não tendo coordenação nenhuma pra isso), Shaolin comendo coisas como "pele de pé" e "sujeira de unha" de outros com salame, e cerveja barata. Uma típica festa ripper só para homens, cuja trilha sonora foi essa pérola contemporânea do "trance horse", que batizei de "Shall we Vomit" publicada abaixo:




Saindo do churrasco, passei buscar a Manda pra um lanche nos Baratheon, afinal, não da pra vir pra Jau e não curtir o melhor lanche de vaca do planeta, e pouco tempo depois já estávamos esperando o Eduardo vir nos buscar e era hora de voltar pra São Paulo. Resumindo, um ótimo final de semana, onde consegui rever vários amigos e familiares, preenchendo meu tempo de forma tão corrida que nem tive tempo de correr (#badumtss). Acho que "virinha" é a expressão que melhor simboliza o panorama geral: "Tanto pra beber, em tão pouco tempo". =b

ColecionaCast #2 - Um milagre de publicação!

Nesse novo episódio do ColecionaCast, será mostrada a origem do MiracleMan, comentaremos as aventuras escritas por Alan Moore e Neil Gaiman, todas disputas judiciais a respeitos dos direitos de publicação do personagem nos bastidores, a vitória da editora Marvel e a sua nova publicação mensal no Brasil!


Agora o podcast conta ainda com a edição profissional do Wellatron! Que também re-editou o primeiro episódio, reupado, e que pode ser facilmente encontrado na nova seção "Podcast" localizada no menu superior do blog!

Keep listening!

quinta-feira, junho 18, 2015

Café da vovó

 Deixei todo mundo nervoso quando contei que a Alice viria comigo para o sítio no feriado.
Nós namoramos há quase dois anos, desde que fui morar na capital para cursar a faculdade de Engenharia Agrícola, mas por conta da distância e dos custos, nunca consegui trazê-la até a fazenda para que ela conhecesse minha família. 
Meus pais tem um pé atrás com qualquer coisa que seja construída na cidade, principalmente personalidades. Eles têm medo que ela ache que somos apenas um grupo de caipiras selvagens e desmiolados. Mas tenho certeza de que esse é um receio bobo.
Ainda que ela seja o estereotipo perfeito da típica patricinha, que adora roupas de marca, perfumes importados e seu local de passeio favorito é o shopping center, tenho certeza de que assim que respirar o ar puro do campo, vai se encantar com a beleza da vida no interior. 
Sei que ela terá um contato tão grande com a natureza, que poderá até voltar da viagem uma pessoa melhor, talvez até com menos frescuras e mimimis, espero.
Depois de quase treze horas de viagem, em um ônibus que não era dos mais confortáveis, chegamos em “Escapulário”, a cidade local mais próxima das terras de minha família, um vilarejo que tem cerca de seis mil habitantes locais.
Assim que o ônibus estacionou junto à praça central, usada como rodoviária na falta de algo melhor, logo avistei a velha caminhonete de meu pai estacionada na frente do bar onde passei boa parte de minha adolescência.
Meus pais aguardavam ansiosamente nossa chegada para nos levar até a “roça”, como eles insistiam em chamar nosso velho sítio.
Meu pai nos transportou através de uma estrada de terra até a fazenda, enquanto minha mãe questionava as novidades da cidade. Ela adorava que listássemos cada novo restaurante que conhecíamos, peça de teatro a que assistíamos e até os filmes que estavam em cartaz no cinema.  
Muitas curvas, nenhum poste de iluminação e um caminho lento e pedregoso, faziam com que os 10 km até nossa propriedade parecessem ser um percurso muito mais longoe somente meia hora depois chegamos ao nosso destino.
Minha mãe tinha se esforçado para preparar um almoço delicioso: arroz, feijão, repolho refogado e linguiças caseiras (minhas favoritas), mas a Alice mal tocou na comida.
Julgou os pratos pela beleza, e como nenhuma opção tinha as cores photoshopadas dos fast-foods com os quais ela estava acostumada, preferiu se empanturrar com bolachas e barrinhas de cereal que havia trazido de São Paulo.
Tiramos um cochilo após o almoço e só levantamos no meio da tarde, quando minha irmãzinha mais nova correu até o quarto para nos chamar para o café.
Acho que foi até por insistência da pequena Manoela, e seu sorriso inocente sem dentes, que a Alice aceitou tomar uma xícara do café da minha mãe. Ela mal tocou no bolo de fubá ou na pasta de amendoim caseira, mas o café ela adorou, e até repetiu.
            Contei orgulhoso que os grãos eram cultivados dentro do próprio sítio, e que foi minha bisavó quem deu início a plantação, que ficava localizada nos fundos da casa. Por conta disso, minha mãe sempre chamou a bebida de “café da vovó”, nome também adotado por mim e até mesmo por meu pai, ainda que a nomenclatura perdesse um pouco do sentido no nosso caso.
A Alice acabou gostando tanto da ideia que até aceitou meu convite para visitar a plantação logo depois que terminamos de comer.
Depois de ver o cafezal e os campos onde os grãos ficavam secando ao sol, fizemos uma trilha rápida de 2km pela mata em direção a cachoeira onde eu costumava brincar quando criança.
            Para minha grande surpresa, ela não reclamou nada de ter que andar (muito além do que alguém que só está acostumado a andar de uma estação de metrô a outra), do mato raspando em suas pernas e nem dos mosquitos que fizeram dela um banquete, com direito até a mordida no rosto.
            À noite, jantamos e conversamos com meus pais uma deliciosa galinhada servida em uma velha mesa de madeira improvisada sob as estrelas, enquanto a Alice já começava a fazer amizade com o Einstein, nosso vira-lata e parecia se mostrar cada vez mais interessada nas peculiaridades da vida no campo.
            O estranho foi que horas depois, pouco antes de ir para a cama, do nada a antiga Alice acabou aparecendo.
Afirmou que passar o feriado todo ali era loucura, que eu era insensível por coloca-la naquelas condições e que, da próxima vez, só viajaria comigo se fosse num voo de primeira classe em direção a um hotel cinco estrelas.
            Fui dormir confuso, incapaz de compreender como a atitude dela podia ter mudado tanto de uma hora para outra.
            Na manhã seguinte, a Alice acordou antes de mim. Ela não estava acostumada a ter um galo como despertador e quando lavei o rosto para me dirigir a cozinha, já me preparava para escutar mais uma boa dose de reclamações.
            Por sorte, eu estava enganado. Quando cheguei à mesa, a Alice já conversava animadamente com minha mãe, como se elas fossem velhas conhecidas. E ela estava aparentemente na terceira fatia de bolo de cenoura, que comia com gosto. Ela até pediu a receita para minha mãe! Mal pude acreditar no que eu estava ouvindo.
            Depois do café, pegamos uma carona com o meu pai até a cidade e mostrei para ela alguns dos lugares onde passei boa parte do tempo livre que eu tinha na infância.
Subimos no coreto, onde cantei uma música sertaneja brega a envergonhando na frente de todas as cinco pessoas que caminhavam pelo centro naquela hora.
Visitamos a vendinha do “Xavier” onde compramos alguns potes de doce de leite como lembrança para a família dela e tomamos um sorvete no “Peralta”, “o melhor sorvete de creme do mundo”, palavras da própria Alice.
            Voltamos para casa para o almoço e durante o trajeto de volta, o humor dela começou a se tornar volátil mais uma vez.
            Ela reclamou que o chacoalhar da caminhonete a estava deixando com dor de cabeça e se assustou com uma vaca que descontraidamente bloqueava a estrada. Tive que segurá-la para que ela não fugisse correndo do carro, só porque ela achava que o bicho estava perto demais e poderia tentar ataca-la.
Uma simples buzina fez com que a vaca saísse da frente e assim que ela liberou espaço suficiente para passarmos, seguimos viagem.
            A Alice mal tocou na leitoa frita que minha mãe havia cozinhado, e fez cara de emburrada até durante a sobremesa, uma maravilhosa goiabada caseira com queijo branco.
            Pelo menos, o cafezinho pós-refeição ela aceitou.
Fiquei chateado, afinal parecia que ela estava apenas confirmando a teoria de meus pais de que não seria a pessoa certa para um cara “da roça”, como eu.
            Não que eles tivessem muita moral para julgar minha escolha por escolher alguém de fora de nosso meio.
Minha mãe também havia conhecido meu pai na capital e ela mesma contava que no começo ele também não gostava muito da ideia de viver fora da cidade, mas que com o tempo ela conseguiu convencê-lo a ficar e a ver as coisas boas que uma vida mais tranquila e saudável tinha a oferecer.
            “Conquistado pelo estômago”, era o que ele costumava admitir, quando contava entusiasmado que os responsáveis por sua decisão foram os segredos culinários de minha mãe.
            Durante a tarde, continuamos explorando a propriedade. A Alice parecia mais entusiasmada do que nunca.
            Como na noite anterior ela havia reclamado de que as trilhas estavam acabando com suas roupas, sugeri que emprestasse algumas roupas de minha mãe.
            Minutos após a sugestão, ela apareceu na porta do meu quarto vestida com algumas roupas antigas de minha vó, pois as de minha mãe não tinham servido, e por um momento até assustei, como se o fantasma de minha falecida avó tivesse aparecido para nos acompanhar na caminhada.
Ignorei o desconforto inicial e logo começamos nossa escalada ao redor da propriedade. Visitamos a plantação de morangos, o alambique desativado de meu tio e até o cemitério que ficava no topo da montanha.
No meio da subida, a Alice quis tirar os sapatos. E mesmo com os pés cobertos de lama, não parecia nem um pouco preocupada com machucados ou nos insetos ou pedras nas quais poderia pisar.
            A vista lá de cima era incrível. Dezenas de tons de verde misturavam-se em uma pintura divina, que cheirava a vida e cujo ar era tão limpo que parecia capaz de regenerar anos e anos de uma rotina decadente no meio da poluição da cidade.
            O problema, se é que podemos chamar assim, é que esse tipo de ambiente sempre liberta minha imaginação de tal forma que consequentemente desperta todo tipo bizarro de insight.
           Me dei conta de que o cemitério onde meus antepassados estavam enterrados ficava exatamente um patamar acima do local onde ficava a plantação de café na montanha.
            Era por isso que a Alice estava se comportando de forma tão estranha! De alguma forma, as convicções de gerações estavam tão entranhadas naquela terra que o próprio grão de café que nascia desse chão tinha o poder de transformar as pessoas, e moldar seus ideais segundo os daqueles que minha mãe costumava chamar de “os antigos”.   
            Não tive coragem de falar nada pra Alice. Talvez ela nem acreditasse, mas preferi não arriscar.
            Faltando pouco para chegarmos em casa, ela já tinha começado a reclamar de tudo mais uma vez:
- Ah, que nojo! Você viu o tamanho daquela aranha? Tem remédio na sua casa? Acho que machuquei a perna. Olha o tamanho desse corte no meu tornozelo! E estamos a quilômetros de um hospital! Eu posso morrer com uma infecção, sabia? Ouvi isso? Será que aqui tem cobra? Minhas costas estão doendo, não invente nenhum lugar para a gente sair à noite que eu não aguento, hein? Não acredito que estou vestindo isso! Uma jardineira jeans! Quem veste isso? Acho que já não era moda nem quando sua vó era jovem! Ainda bem que aqui não tem espelho para eu poder ver o quanto estou horrível. Falta muito pra gente chegar? Porque vocês não dão um jeito de melhorar esse lugar hein? Estou cansada de andar. Não sei como alguém pode querer viver num lugar desses. Já estamos chegando? Quero ir embora daqui. Você já comprou nossas passagens de volta?
- Calma, amor. Mais dez minutinhos e nós já chegamos. Eu te preparo uma bela xícara de café e aí você decide se quer ir embora, ok? Quem sabe você não muda de ideia e decide ficar aqui pra sempre, hein?


segunda-feira, junho 15, 2015

Marvel Unlimited - A "netflix" de quadrinhos da Marvel

O serviço que a Marvel oferece através do aplicativo Marvel Unlimited para smartphones e tablets é um dos melhores custo-benefício para os colecionadores de hqs de todo o mundo. 
Pagar uma assinatura por ter acesso a bibliotecas inteiras de títulos tem se provado uma das melhores invenções que a Casa das Ideias já nos trouxe. 

O modelo de negócio funciona é basicamente o mesmo empregado pela Netflix. 

Ser assinante do MU significa que você pode ler praticamente todos os quadrinhos da Marvel já lançados na história. 

De clássicos dos anos 60 até lançamentos que ainda podem demorar anos pra serem publicados no Brasil. 

É possível ler quantas hqs você conseguir por mês, e ainda baixar até 12 por vez pra ler offline. Dentro das mais recentes, tem até extras como vídeos de bastidores, fichas de personagens e recapitulações.

É tipo ter acesso a biblioteca do maior colecionador marvete do mundo, a qualquer hora do dia! 

A assinatura custa sessenta dólares anuais, ou dez dólares mensais, um preço mais do que justo (principalmente pra quem assinou antes da alta do dólar). 

Para quem não tem problemas em ler inglês, é com certeza a melhor forma de acompanhar todas as mensais que desejar (e assim comprar posteriormente apenas as melhores no formato de encadernado). 

Quem se interessar pode clicar nesse link para assinar: http://marvel.com/comics/unlimited 

sexta-feira, junho 12, 2015

De óculos escuros depois da meia-noite

Samara tinha prometido a Ana que dessa vez não a deixaria sozinha. Entretanto, três doses de tequila e dois martinis depois, a primeira já havia encontrado um atraente rapaz cuja companhia se tornara gradualmente mais importante que a da amiga. 
Era sempre assim quando as duas saiam juntas, não importava se estivam em uma festa da faculdade de Economia, em algum bar novo ou em uma viagem de férias em um país completamente desconhecido, como era o caso dessa vez.
Samara era a pessoa mais descontraída que Ana conhecia, um contraste perfeito para sua incurável timidez. A amiga tinha a capacidade de conversar com qualquer um, a qualquer hora, não fazendo diferença nem o idioma em que estavam a paquerando. 
Por sua vez, Ana não conseguia ser assim, mesmo quando tentava e ingeria o máximo de vodka que seu organismo permitia. Não tinha problema, ela já estava acostumada, pelo menos durante o dia ela sabia que teria a companhia da amiga apenas para si.
Por volta de 23h, a caminho de pagar a conta no caixa, Ana jurou para si mesma que da próxima vez convenceria a amiga de que, ao menos, da próxima vez elas deveriam viajar para um país que falasse alguma língua mais fácil de compreender.
Antes que pudesse entregar sua comanda ao responsável, foi abordada por um belo e jovem rapaz.
Ele vestia camisa e calças brancas, um chapéu da mesma (ausência de) cor e óculos escuros. Um conjunto que faria com que ele parecesse um completo babaca caso ele não estivesse em um videoclipe musical dos anos 90 ou naquele belo local perdido no tempo. Naquela rústica vila de pescadores, localizada fora do continuum, ele parecia estar vestido de forma completamente casual. 
O estranho não disse nada. Apenas colocou seu corpo entre o balcão do caixa e a garota, fechou os olhos e puxou delicadamente o queixo dela na direção de seu rosto.
E como se fossem antigos namorados, os dois se beijaram lenta e apaixonadamente, sem saber nem sequer o nome um do outro.
Ana pensou que talvez tenha sido melhor assim. Se ele tivesse tentado dialogar com ela, provavelmente ela teria dito não. 
Palavras não eram necessárias. 
Os dois sabiam muito bem o que desejavam e tudo o que esperavam das próximas horas que passaram juntos, bebendo juntos em outro restaurante, sentados em um banco de madeira na beira da praia ou fazendo amor no mar, com seus corpos sendo guiados apenas pelo balanço das ondas e pelo brilho do luar.
Na manhã seguinte, Samara passou horas contando detalhes desnecessários de cada momento de sua pequena aventura amorosa durante café da manhã que tomaram no hotel. Mas Ana mal prestou atenção no que a amiga falava, tudo no que conseguia pensar era no misterioso rapaz de branco. 
Sentiu-se idiota por não ter nem perguntando o nome dele. E mais idiota ainda ao perceber que isso não faria nenhuma diferença. Suas férias acabariam em quatro dias e, ainda que ela o encontrasse novamente, aquele era um pensamento que não a levaria a lugar algum.
Durante a tarde, as duas amigas tomavam sol nas proximidades do hotel quando um vendedor de lembrancinhas aproximou-se de onde estavam deitadas e perguntou se elas não estariam interessadas em adquirir um olho de boto cor de rosa, lhes explicando que aquele era considerado um dos mais fortes amuletos na arte do amor. 
Ana achou a ideia divertida e comprou uma peças, que imaginou se tratarem apenas de pedrinhas coloridas, enquanto Samara ria e fazia piadas do desespero da amiga.
Naquela noite, as duas conheceram uma nova balada, recomendada por um casal de hóspedes que conheceram no hotel.
Ana reencontrou o rapaz na festa, mas dessa vez ele parecia muito mais interessado em sua própria bebida do que em qualquer coisa que estivesse acontecendo ao seu redor.
- Oi - disse Ana, aproximando-se dele e puxando uma cadeira para sentar a seu lado no balcão.
- Oi - ele respondeu cabisbaixo. - Não notei que você estava por aqui.
- Ah, que bom - ela respondeu. - Fiquei com receio de que estivesse me ignorando de propósito.
- Eu não tive um dia muito bom - o garoto afirmou, ainda encarando o balcão.
- Ah, não fica assim - disse a garota, toda animada, revelando o amuleto na palma da mão. - Olha o que eu comprei hoje 
O rapaz não esboçou nenhuma reação.
- É bonito, não é? - a garota perguntou, retirando uma das mãos do rapaz do copo de cerveja e depositando o amuleto em sua mão.
Ao sentir o toque do frio objeto circular na palma de sua mão, a expressão do garoto mudou completamente e a tristeza deu lugar a um súbito surto de ódio.
Ele arqueou as sobrancelhas irritado, e abriu a boca como se estivesse prestes a gritar com a garota. 
Mas ao invés disso apenas controlou-se e se levantou para ir embora.
Essa atitude irritou a garota, que decidiu ir atrás dele e o puxou pela camisa antes que ele atingisse a porta de saída. 
O garoto tentou a afastá-la e ela o empurrou de volta, fazendo com que os óculos escuros caíssem de seu rosto, revelando que suas cavidades oculares estavam precariamente costuradas com uma linha de pesca.
A garota estremeceu e o rapaz de branco aproveitou a deixa para ir embora.
Antes que Ana pudesse entender o que aconteceu, as férias acabaram. E entre as lembranças inesquecíveis que ela levava consigo da viagem, estava uma gravidez.
Acontece que nove meses depois, a bolsa de Ana ainda não tinha estourado. Todos os diferentes médicos que a garota havia visitado diziam que havia algo muito estranho com os resultados obtidos no ultrassom, mas nenhum conseguiu entender ou explicar exatamente o que havia de errado.
Onze meses depois, o corpo de Ana foi encontrado na banheira, nas condições mais bizarras que qualquer membro da equipe de criminalística já tinha encontrado em suas carreiras.
A garota faleceu de pernas abertas, com a maquiagem borrada de tanto chorar. 
A cabeça de um filhote de boto cor de rosa despontava sem vida de sua virilha. 

terça-feira, junho 09, 2015

De volta para o passado

Eu, aManda, e meus pais aproveitamos o feriado prolongado pra visitar meu irmão no interior do interior do interior de Minas Gerais, na reserva onde ele mora há mais de um ano ajudando um projeto de reflorestamento. 

O mais legal de tudo é que quando me perguntam pra onde eu fui eu posso responder "1965". Foi mais uma viagem ao passado do que a um local específico. O lugar não era importante, mas sim o "quando" representado pelo modo de vida da roça (ou de qualquer lugar do mundo no passado): estradas de terra, charretes, praças, igrejas, Veris são unidades de medida e cerveja barata.

Na quarta a noite pegamos um onibus na rodoviária Tietê (único lugar do mundo onde o Bob´s ainda tem filas quilométricas), e dali foram 10h de viagem até Muriaé, uma viagem que nem foi tão desagradável já que o bus tinha até wifi, revistas de bordo e dois banheiros. Muriaé tem praticamente um museu de videogames, e de lá um ônibus pra Rosário da Limeira, que parava em cada curva por que passava. No caminho, vimos até um "protesto" na estrada, onde aprendemos que 4 pessoas e uma fogueira ali eram suficientes pra caracterizar uma manifestação lol.

Quando chegamos em Limeira, meu irmão e sua namorada já nos aguardavam na praça, onde aproveitamos pra tomar algumas cervejas com o maravilhoso preço local. Quatro reais a breja! Great Success!
 
Algumas cervejas depois, ficamos sabendo que meus pais ainda demorariam algumas horas pra chegar, então paramos numa lanchonete pra mais algumas cervejas e porções supertemperadas de frangolombo e vaca. Saindo de lá, fomos almoçar (de novo) na Casa das Dar um arroz, feijão e leitoa frita. Meus pais chegaram logo depois, na hora do café e de lá fomos (forçados) pra uma missa em Belisário, onde a rua (única ou principal) estava enfeitada com pó de serra, e onde se seguiu uma mini procissão. A missa durou 2h, mas em 30min eu já havia me lembrado do porque tinha abandonado o habito de frequentar a igreja. Músicas tristes e sonolentas, mensagens repetitivas e nenhum questionamento. 

Saindo de Belizário, seguimos a moto de meu irmão através de uma estrada de terra infinita até a reserva. Muitas curvas, nenhum poste de iluminação e um caminho lento e pedregoso faziam com que 10 km parecessem 100 e só depois de muito tempo chegamos até a reserva, onde a cozinheira das equipes que vem pra conhecer o local, nos aguardava. As 19h30 ela bateu uma colher em uma panela para chamar o pessoal e serviu mais uma típica janta caseira num ambiente que me lembrou muito o mochilão, ainda que agora com a companhia de meus pais e minha namorada e uma garrafa de vinho.

Depois disso, meu irmão nos mostrou o centro onde costuma dormir, sua coleção de aranhas, a biblioteca e nossos aposentos: uma casinha no topo da montanha. Não era um hotel 5 estrelas mas também estava muito acima de qualquer lugar onde tenhamos nos hospedado na Bolívia (tinha um banheiro próprio, livre de insetos, por exemplo), mas claro que já era o suficiente pra minha mãe e namorada surtarem (=b).

Na sexta-feira de manhã, tomamos café da Carminha com pasta de amendoim da roça (nice!) e abelhas (meu irmão comeu até um ferrão, como se fosse apenas uma porção extra de açúcar) e nosso Guia nos ensinou a escalar uma palmeira (ensinar significando "mostrar como", e não "tentamos em seguida", obviamente) e nos levou através da trilha soft de Ervas Medicinais, exibindo o quanto aprendeu de ecologia e conhecimento da flora local. Abri até um urucum, usado desde os tempos mais primórdios pra extração de tinta vermelha. Pegamos até água pra beber direto da cachoeira, visitamos sua "sala de aula" de pedras e ouvimos a história do mundo mítico, que era basicamente assim: era uma vez um planeta constituído basicamente por ouro e pedras preciosas. Alguém da Terra foi pra lá e os caras ofereceram tudo de graça e perguntaram do que era feito nosso planeta. Os terráqueos responderam que era de terra, uma coisa onde você pode plantar muita coisa e gerar todo tipo de vida. O pessoal do outro planeta ficou maravilhado, pra eles nós vivíamos no mundo mítico! 

Por mais que tenha sido rápido, o rolet pelo interior da mata de verdade é o que melhor define o que aquele lugar tem de tão mágico. A quantidade de verde e vida transpira por ali, e não fica tão difícil imaginar porque alguém trocaria uma vida na cidade por aquilo (ok, ok, eu não trocaria, preciso de meus gibis, minhas pré-estreias no cinema e cerveja gelada, mas consigo entender). 

É até irônico que exista tanta gente por ali procurando (provavelmente em vão) por uma força maior dentro de quatro paredes abafadas por um cântico repetitivo, enquanto o verdadeiro Nirvana ("a superação do apego aos sentidos, do material e da ignorância; tanto como a superação da existência, a pureza e a transgressão do físico a qual busca a paz interior e a essência da vida") pode ser encontrado logo ali nas montanhas, que recortam o horizonte da cidade. 
 
Almoçamos na casa do Felizberto, o frei fazedor de velas mais um almoço caseiro típico da fazenda (arroz, feijão, linguiças caseiras, macarrão, angu, ovo, queijo e mangaba) e conhecemos uma cachoeira linda próxima à propriedade dele depois de uma caminhada de 2km. 

Voltamos pra cidade buscar a namorada do bro e de lá partimos pra Muriaé, visitar o mercado (e comprar brejas artesanais locais lol) e jantar numa pizzaria top que fica escondida em uma rua tipo paraty uma pizza e umas porções. Fato curioso 01: Lá descobri que além de árvores e animais, também temos comidas em extinção, o que me deixou realmente preocupado. Palmitos estão sendo substituídos por pupunha (o que talvez não seja tão ruim, já que acabam com as árvores pra fazer o palmito), salmão está virando algum outro peixe com corante e até meu querido atum está indo pra lista de coisas que quiçá sejam tão comuns no futuro como os dodôs! 

Voltando de lá (mais umas 437 horas de viagem, talvez km), caímos direto em nossas camas em Iracambi. Fato curioso 02: a Amanda tem medo de beliches, e acha que existem 90% de chances da pessoa que dorme abaixo ser esmagada pelo usuário da cama superior.

Sábado de manhã, tomamos café na reserva, arrumamos as malas e fomos até a casa da namorada do meu irmão almoçar: estrogonofe, lombo recheado e um peixe empanado sensacionais. Depois do almoço, pegamos logo a estrada porque meus pais tiveram que nos trazer até São Paulo (não encontramos passagens de ônibus), e muita gente voltou questionando o que meu irmão esperava da vida perdendo tempo naquele lugar, ainda que seu sorriso demonstrasse que ele não tinha pressa e que e sua própria camiseta exibisse uma única mensagem: "nirvana".

quarta-feira, junho 03, 2015

Música

Escrevi a partitura da música que move o mundo atualmente:

terça-feira, junho 02, 2015

Presa

Grades, para evitar assaltos vindos de fora 
Ralos, para impedir que os insetos invadam por dentro
Correntes, para receber as entregas
Cadeados, só pra garantir

De portas trancadas
E câmeras ligadas
Senhas memorizadas
Vigias contratados

Quem é a presa?
Quem é o caçador?
Quem vive presa?
Qual é o medo?

Do lado de fora
A qualquer hora
O crime segue
E nada impede

SPGo-urmet

Sexta-feira meus pais (junto minha Tia Cristina, que minha mãe adotou) vieram pra São Paulo, o que sempre significa um salto gastronômico no final de semana. Sexta-feira jantamos uma deliciosa pizza no Gato que ri (muito bacon! muita gorgonzola!), sábado almoçamos com o casal Vê no Consulado da Bahia (melhor.moqueca.de.todos.os.tempos), tomamos um sorvete no Ben & Jerry´s (New York Super Fudge Chunck, uma belezura de sorvete com nozes e tudo que há de bom, cuja delícia é proporcional ao tamanho do nome), e em seguida fomos todos pra casa onde meu pai está nos ajudando com a segurança (pra conter mais o medo que minha mãe tem do que qualquer outro perigo), cadeados, ferrolhos e fechaduras. Quando todos foram descansar, o casal Vee ficou pra umas partidas de Marvel vs. Capcom (perdi quase todas) e PES (ganhei todas, limpei meu nome) e pra assistir KUNG FURY, o melhor filme motherfockercrazy já feito na história (que você pode conferir abaixo). A noite, bem tarde da noite pra ser exato, minha outra tia já tinha chegado e nos encontramos com meus pais pra comer um hamburger. Tentamos o sujinho, mas estava fechado, então fomos conhecer o cheeseburger do Madero, supostamente o "melhor cheeseburger do mundo". O problema desse tipo de afirmação eu já questionei mil vezes. Adorei o lanche, obviamente, mas o Sujinho continua como campeão invicto (e o Big Kahuna, que conheci no almoço da sexta com meu chefe, ficou com o segundo lugar). Domingo a Manda acordou tarde, então aproveitei pra botar a leitura em dia, e pouco depois encontramos meus pais pra almoçar um supercombo divino no Applebee´s (costela, mussarela sticks, frango frito, nachos com creme de espinafre e limonadas de diferentes cores, digo, sabores). Depois disso só cochilo, sofá, tv, e a felicidade de saber que a semana seguinte seria curta, por contat do feriado :)

segunda-feira, junho 01, 2015

Apresento a vocês o ColecionaCast 01 - Um Podcast pra nerds hardcore

Faz pouco tempo que comecei a ouvir podcasts. Sempre pensei "não tenho 2h pra escutar isso, não consigo ouvir enquanto trabalho". Mas como passei a perder mais tempo indo de casa pro trabalho, comecei a ficar enjoado com minha vasta coleção virtual de clássicos do rock.
Era realmente um bom meio de receber minhas notícias, críticas de cinema e talvez até aprender mais sobre coisas como futebol americano ou história. 
Mas meio que me decepcionei com os podcasts de quadrinhos que encontrei. Não que fossem ruins, só não eram tão específicos quanto eu precisava. Eu queria resenhas sobre o material das bancas, pra saber o que era bom comprar, não saber quais eram as melhores histórias já publicadas sobre determinado personagem ou como foram suas adaptações para o cinema no passado.
Aí eu pensei: bom, porque não fazer um podcast assim? Pra colecionadores nerd hardcore! Gente que quer saber quem são os roteiristas, desenhistas, as hqs americanas que constam em cada edição, importância cronológica, coisas desse tipo!
O formato talvez seja diferente do que o pessoal está acostumado porque a maioria dos podcasts no Brasil é feito em grupo (percebi o porquê assim que acabei de editar meu primeiro arquivo e vi que falando sozinho o programa dura bem menos rs), mas nos EUA, principalmente, existem milhares de pessoas sem amigos como eu que fazem tudo sozinhos. Então, como sempre na vida, ao invés de me perguntar o motivo do porque eu deveria fazer algo, questionei apenas "porque não"? 
E o resultado é o ColecionaCast, que vocês podem conferir aqui:

No ColecionaCast 01 foram analisados os cinco primeiros números da Coleção Marvel "Os Heróis Mais Poderosos da Marvel", da Editora Salvat, a nova coleção, a da capa vermelha, na qual cada edição é centrada em um personagem Marvel. Escritores, qualidade, preço...Será que essa coleção vai valer a pena?