Meus pais, cansados de passar o ano novo sozinhos, já que os filhos sempre "fugiam para outras bandas", decidiram fazer algo tão divertido que nenhum Picagova poderia negar comparecer: alugaram uma casa grande o bastante pra toda família e agregados (Mandy, Vyctoryo e as mujeres de meu irmão - a namorada, que naõ tem autorização pra viajar sozinha e a irmã, supostamente mais responsável) passar o reveillón!
Depois de sete horas na estrada (nas quais eu devo ter dormido umas cinco), chegamos na casa, que superou minhas expectativas: três quartos de casal, cozinha e sala grandes, bem bacanuda, apesar dos donos quererem extorquir um pouquinho mais meus pais quando ficaram sabendo que nove pessoas ficariam hospedadas lá.
Descarregamos as malas e logo fomos pra praia (que ficava muito perto, menos de 500 metros de distância da casa). A areia não era das melhores, e o fundo do mar era meio lodoso, mas ainda assim, praia! Cerveja! Academia municipal! Meu irmão até achou um cachorro Marley pra jogar frisbee com ele e com a Darla! Deu pra curtir o finalzinho da tarde por ali e era tudo que eu faria no dia, já que nem consegui curtir a janta (lombo!) que meus pais (que diga-se de passagem, precisaram da ajuda da Manda pra ligar o fogão, não negando que são mesmo meus pais) haviam preparado, porque estava passando mal da barriga (ok, o sushi com maionese do posto de gasolina não ajudou).
Mas dia 31, já acordei novinho em folha, leve como um comercial de Activia e estava pronto pra curtir a praia. Acordei e já fui conhecer o centro histórico com a Manda, a procura de chapéus, créditos pra celular, caixas eletrônicos e obviamente, cerveja. E voltando, toda a família ja estava no Pontal, curtindo um sol, areia e mar, até sermos expulsos de uma dita barraquinha por motivos de farofagem (queríamos cadeiras, e consumiríamos as coisas da barraca, mas também queríamos coisas que eles não tinham e cervejas que levamos de casa, afinal, o Vyctoryo tinha levado litrões de Stella!) Voltamos pra casa, descansamos, e por volta de oito da noite, a ceia estava pronta. Como no natal, todos os casais estavam separados, foi muito bom poder ter a oportunidade de estar todo mundo junto ao redor de um peru recheado e champanhe, a luz de velas, não por opção, mas porque a cidade não suportou todos os turistas que recebeu. Isso só deixou o momento ainda mais mágico. Faz tempo que não vejo em uma mesma mesa todos meus irmãos, muito menos com suas devidas companhias, e terminar 2014 e começar 2015 dessa forma foi muito legal pra mim.
Depois da janta, vestimos nossas roupas brancas (no meu caso pijama, já que essa é uma cor que eu geralmente ignoro) e saímos pra cidade (tinha um palco a poucos metros de casa), onde tavam rolando vários shows e tinha centenas de pessoas do mundo todo comemorando.
Dia 1o, fomos todos pra Trindade, conhecer a praia do Rancho. Essa cidade ficava a uns 30 min de distância, mas compensava demais. A água era mais azul, a areia mais limpa (e quente) e achamos uma boa árvore que cobrisse nove pessoas pra descansar. Encontrei até o Ta-ta-ta-ta por lá =b Comemos umas porções de peixe e batata frita, tomamos cerveja e curtimos a segunda vista mais bonita do rolê. A noite, minha mãe fez tender (fiquei muito orgulhoso dela comandando a cozinha, faz mais de vinte anos que espero algo do tipo) e a Manda fez danoninho caseiro de sobremesa. Um ótimo começo de ano!
No dia 02, a Very e o Vyc foram pra Caraguá ver a família dele, e meu irmão partiu com suas mulheres pra ver os amigos em Ubatuba, e eu e a Manda acompanhamos meus pais até a praia de São Gonçalo, de onde pegamos uma lancha até a Ilha do Cedro, provavelmente a praia mais bonita que já vi na vida (foto ao lado, sem photoshop). Isolada, limpa, com a água transparente, variando de verde pra azul (foto ao lado, #nofilter). Foi o lugar favorito de meus pais na primeira visita deles a Paraty, e com certeza se tornou também meu local favorito. Fora ser a praia mais linda, tinha uma das melhores barracas, com caipirinhas deliciosas a 13 reais cada (mais barato que em Jaú)! Passamos um dia bem agradável por ali, até dormimos na areia e voltamos com um lancheiro que até lembrou que meus pais haviam passado por ali no carnaval. Dessa vez, foi a Amanda quem não estava muito boa da barriga, então ela descansou um pouco enquanto eu lia hqs, e quando acordou pra darmos um role na cidade, não deu pra ir muito além de uma barraquinha de churros porque logo começou a chover e tivemos que voltar pra casa.
Dia 03 chegou o esperado dia do batismo de mergulho. Meus pais me deixaram com a Manda (sim, ela também mergulhou e pior, melhor do que eu!) na Marina (o porto, não a pessoa), de onde sairia o barco que nos levou até a Ilha dos Ratos. Vestimos nossos trajes de super-heroi e esperamos nossa vez pulando ao lado do barco e brincando com snorkels. Aí eu já senti que tava ferrado. Respirar pela boca não é tão fácil quanto parece. Primeiro porque não é natural. E o instinto básico de qualquer um que está com os narizes tampados é entrar em pânico. O segundo é porque eu nado de desde criança, não estou acostumado a ter limites dentro d´água nem a depender de terceiros. E por último, meu instinto básico ao ver uma câmera fotográfica é sorrir. Fui treinado por uma mãe viciada em fotografias desde sempre a fazer isso. A combinação de todos esses fatores fez com que minha primeira experiência submarina quase se tornasse a última. Rolava U2 no barco pra acalmar a galera, serviram hot dogs, chegou nossa vez de mergulhar. Na hora H, a Amanda surtou e não queria mergulhar. Mas acabou sendo convencida (principalmente pelo medo de que seria zoada por mim se não mergulhasse). E eu que acabei dando vexame =b. Botei o respirador na boca, entrei na água, começamos a afundar, me senti o Aquaman sendo guiado através das rochas e dos peixes. Me levaram até a Amanda pra que tirássemos uma foto. Olhei pra câmera...e sorri. Primeira grande idiotice. Comecei a engolir água. Estávamos a uns 7 metros de profundidade. Achei que ia morrer. Imagina o pânico da Amanda ao assistir a cena. E então fiz a coisa mais babaca do mundo: tirei o respirador da boca e deixei o mar entrar. Comecei a nadar pra cima (pressão de profundidade?fodasse), com o meu instrutor fazendo sinal pra eu recolocasse o respirador? Que jeito? tinha muito mar no caminho, porra! Botei a cabeça pra fora, respirei ar puro, arrotei mar e ouvi as broncas do instrutor: "Jamais, em hipótese alguma, tire o respirador!" Ok, entendi a mensagem. Recuperei o fôlego. Mergulhei novamente. Demos mais um rolê submarino, tiramos algumas fotos, mais peixes, algas, pedras. Encontramos a Manda uma segunda vez, tiramos algumas novas fotos. E senti que tava engolindo água de novo. Fiz sinal que queria subir (que nem gente comportada dessa vez) e acabei saindo sem completar todo o trajeto (que incluía cavalos marinhos e estrelas do mar, não só os peixes toscos que eu acabei vendo). Me senti derrotado. A Amanda emergiu três minutos depois, tendo conseguido completar todo o mergulho. Mas apesar dos pesares, gostei da experiência. A sensação de ficar sem ar é horrível, mil vezes pior do que eu imaginava. Pior do que pular de pára-quedas, pior do que entrar na jaula de um leão, pior do que a sensação de fodeo de quando o carro em que você está começa a capotar. Mas a vista lá embaixo é incrível e não vou desistir tão fácil. Já encomendei um snorkel e agora o jeito é treinar a respiração pela boca. E me preparar para o próximo mergulho. =)
Na volta, o capitão do barco pegou uma lancha e nos deixou no centro. Comemos alguns pedaços sensacionais de bolo de aipim com coco, fizemos umas comprinhas e voltamos pra casa. Meu pai fez pizzas pra janta (com muito presunto de parma!) e a noite, demos um rolê pelo centro com meus pais, o casal V e as Valvetes (ainda tavam rolando alguns shows pelo centro e eu precisava de mais um pedaço de bolo de Aipim). Voltamos pra casa, tomamos mais cervejas e fui deitar enquanto a Veri fofocava com as mulheres (que de alguma forma se tornaram maioria no rolê).
Dia 04, domingo, já era nosso último dia na casa. Demos uma última tostada na praia mais próxima, mas nem entramos na água depois que o casal VV viu num Guia 4Rodas que ela estava imprópria para banho, tirei umas fotos com a Manda no porto-ponte e no centro e voltamos almoçar um lombo recheado! E funçando na coleção de livros do quarto no qual fiquei com a Manda, notei que vários deles eram autografados pra uma tal Carmen. Tinha até hq do Angeli autografada e um exemplar de "Cem dias entre o céu e o mar", do Amyr Klink (um maluco de Paraty mesmo que foi da África até Bahia num bote a remo), que automaticamente já entrou pra minha próxima lista de leituras (não, não furtei o livro, vou pegar na biblioteca mesmo, em respeito a coleção da grande Carmen, que aparentemente gostava tanto quanto eu de colecionar assinaturas). As quatro da tarde, voltamos pra São Paulo com os V´s, enquanto meus pais voltavam pra Jahu. Era hora de voltar pro trânsito, pra geladeira vazia e pras aventuras somente na televisão, mas com uma bagagem muito maior de viagens e experiências. Foram só alguns dias, mas ter todo mundo junto sob o mesmo teto foi uma experiência com certeza muito boa. =)
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