MUNDO GUSTT

The crash (ou ´nóis CAPOTA mais num breca´ ou ´8 vidas e contando´...)

Sábado começou como um dia qualquer. Almoço com a família, filminho a tarde, churrasco depois da janta (aniversário do Lucas) e baladinha intermunicipal pra fechar com chave de ouro. Eu e o Rosetto iamos pra W, mas dois amigos (o Romulo e o Thiaguinho) dele de Bauru deram a idéia de ir pra uma balada em lençóis paulista, que era firmeza e mais barata. Tocamos pra lençóis então, numa puta balada realmente animaaal. Mas a volta foi uma catástrofe, ao som de The Doors, o Rosetto acabou perdendo o controle do carro numa curva e capotamos antes mesmo de chegar em Bauru. De repente saimos da estrada pra uma montanha russa. O carro começou a girar depois a dar cambalhotas. Tudo que eu via era terra e vidro vindo na minha direçao enquanto era jogado de um lado pro outro. E então, escuridão e o silêncio. De madrugada, numa estrada sem movimento, me vi de ponta cabeça preso no carro. Mas podia ouvir as vozes de todo mundo, beleza, tava todo mundo vivo. Com dificuldade, nos arrastamos pra fora do carro, que tava um bagaço, uma bolinha vermelha de metal. Tava com o corpo intero dolorido e ralado. Pus a mão na cabeça, jorrava sangue. Um carro com dois caras jovens parou pra nos ajudar, chamaram uma ambulância. Um deles me deu um pano pra colocar na cabeça e segurar o sangramento. O Romulo ficou deitado do lado do carro, não conseguindo se mexer. O Thiaguinho tava com o braço todo tordo. O Rosseto sentou arranhado e desolado no acostamento. A primeira ambulancia chegou e verificou todo mundo. Outra ambulancia chegou. Um policial pegou nossos documentos. Fui preso numa maca e levado pro pronto-socorro do Hospital Base de Bauru em uma das ambulancias, junto com o Romulo. O Rosseto foi com o Thiaguinho na outra. Ai parecia cena de cinema, amarrado na maca eu só ia sendo erguido pelos enfermeiros e levado de um lado pro outro, só vendo as luzes do teto. Senti prenderem meu braço num soro. Demorou uma eternidade pra atenderem a gente no hospital, era troca de turno dos médicos e enfermeiras. A policia ligou em casa avisando meus pais (eu nao podia ligar pq ainda tava imobilizado na maca). Deu tempo do meu pai chegar com o meu irmão em Bauru antes que eu fosse atendido. Um médico deu cinco pontos na minha cabeça, tirei raio x da cabeça e do peito. Tava tudo bem, graças a Deus. O acidente foi antes das cinco da manhã, só as onze e pouco consegui ter alta do hospital. o Rosetto ficou lah com o pai dele pra ver o qq ia ser do Thiaguinho que ia ter que operar o braço e do Romulo, que tinha fraturado duas costelas. Eles não queriam avisar os pais deles do que tinha acontecido. Saindo de lah, fui com meu pai e meu irmão comer alguma coisa no Habib´s. No banheiro de lah foi a primeira vez que eu tinha me olhado no espelho, ainda bem. Depois ainda tivemos que passar no posto policial de Agudos, pra onde o policial tinha levado minha carta pra fazer a ocorrência. Cheguei em Jau, tomei o maior banho da minha vida (tirando sangue, terra e cacos de vidro do cabelo) e dormi o resto da tarde, tendo certeza de que teria tudo sido apenas um sonho ruim se não fosse pelos pontos na lateral da cabeça, o sangue no travesseiro e a dor pra levantar da cama. Por pior clichê que possa parecer, tem coisa que a gente só ve mesmo que é verdade quando acontece com a gente. Nunca pensei que fosse participar dum acidente desse porte, nunca tive medo de dirigir bebado ou de ser levado por gente bebada (na verdade eu costumava até induzir meus motoristas a beberem). Isso mudou, aprendi com direito a lição prática q bebida e estrada não combinam. Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido. Paralisia, amputação,morte? Não, não dah nem pra imaginar. Tivemos sorte pra cacete. Deus protege os bebados e os idiotas, por isso tenho proteção em dobro, mas é melhor não abusar.Mais uma vez as férias terminam comigo preocupando meus pais. Não brinco mais.