Só um adendo, esqueci de dizer que no ônibus pra Sucre, uma hora quando estávamos falando do Pântano das Lamentações e me mandaram assistir ´Sons do Inferno´ no youtube, o Guto citou `La Morsa´e um garotinho boliviano até virou pra trás e falou `La Morsa¿ La Morsa es horrible!´...fim do adendo.
Bom, no segundo dia do passeio que compramos em Uyuni, acordamos, tomamos café na hospedagem San Juan e saímos visitar um deserto (agora não de sal, de areia mesmo). Logo que chegamos o Guto ficou desesperado pra cagar e protagonizou uma das cenas mais lindas da viagem. Estávamos num lugar que só tinha areia, pedras e alguns turistas (tah, essa é a definição de deserto, eu sei...) e só dava o Guto correndo pelo deserto com um papel higiênico rosa na mão, que ele tinha arranjado com nosso guia atrás de um lugar onde pudesse cagar. A sorte do Guto, foi que a câmera não estava comigo e meu irmão em vez de filmar, tirou uma seqüência de fotos, por isso essa cena não foi parar no youtube. Depois visitamos algumas lagunas coloradas (verdes, vermelhas), vimos alguns flamingos e subimos em algumas formações rochosas altas o suficiente pra fazer nossas mães surtarem se estivessem vendo. Paramos pouco antes da janta, em um outro hotelzinho podrera de banho gelado. A essa altura eu já tava com dor de cabeça, dor de barriga, cansado pra cacete e tive que pedir umas folhas de coca pro nosso guia pra mascar e sobreviver. Tomamos uma sopa, comemos uma macarronada, tomamos um vinho (foda-se a dor de cabeza) e jogamos Testa, dessa vez em espanhol, com os irmãos bolivianos antes de dormir.
No terceiro dia, eu me senti um traficante colombiano de coca que recebe uma informação de que a polícia está chegando e tem que sair correndo do cafofo o quanto antes. Nós acordamos lá pelas quinze pras quatro da manhã pra arrumar nossas mochilas (no escuro!porque de madrugada a hospedagem fica sem energia elétrica...) correndo porque nosso guia queria sair cedo pra nos levar aos geisers, que são mais altos de madrugada. Eu tava achando a vida ruim, até que uma americana perguntou se não podia usar nossas camas enquanto saíamos porque a hospedagem não tinha mais quartos quando ela chegou e então ela teve que dormir em uma cadeira tremendo de frio....
Meia hora de carro e chegamos aos geisers, que devo admitir, realmente valeram a pena toda a merda porque passamos. A visão daqueles enormes jatos de fumaça saindo da terra era uma visão infernal, linda de se ver. Depois mais um pouco de estrada e chegamos nas piscinas termais naturais (fotos no orkut do Guto). Tava um frio do caralho que dava até medo, mas não dava pra deixar de pular. Era fenomenal estar numa puta água quente com uma porrada de gente vestindo casacos e gorros do lado de fora. Saímos correndo da água direto pros nossos abrigos e tomamos um café da manhã até que firmeza na traseira da caminhonete (onde geralmente nossas refeições eram servidas). Ainda nesse vida, vimos mais algumas vicuñas (tipo llamas), viscatchas (quando eles pronunciam, parece biscate) do deserto, que são tipo coelhos, subimos em mais algumas pedras, contemplamos a natureza, e levamos o Diego até a fronteira do Chile, de onde ele seguiria viagem pra Santiago. Pulamos no deserto chileno só pra dizer que pulamos, tiramos algumas fotos e passamos mais longas horas na viagem de volta para Uyuni, onde havia começado nossa jornada de três dias pela natureza boliviana. No caminho, almoçamos aprendendo malas palavras (palavrões) em espanhol (pode-se dizer Miercoles pra disfarçar um Mierda)e sueco (Fan em sueco significa demônio, creepy! Já que eu sempre me considerei um grande fanboy) e ensinando palavrões em português (com direito até a `Vai enfiar a dentadura no cu e rir pro caralho´) e depois fomos até o deserto de Dali, que tem várias formações rochosas em formas muito loucas e subimos em mais algumas pedras, numa paisagem que lembra a do planeta natal do Luke Skywalker (eu não lembro agora o nome, acho que é Naboo, mas não tenho certeza, sou nerd, mas nem tanto). Daí surgiu o nome da musica dos baratas Star Llama (postarei uma lista com todos os nomes que surgiram durante a viagem depois).
Chegamos em Uyuni por volta das seis da tarde e já tínhamos passagens compradas antecipadamente para La Paz em um ônibus que sairia as oito da noite. Achamos um restaurante legalzinho pra passar esse tempo, onde o Guto acertou as câmeras, usamos o banheiro e comemos uma pizza (com três rodelas de pepperoni na pizza inteira) e tomamos uma limonada (temperatura ambiente, ou seja, calliente). A Natalia e o Sebastian, que também iam pra La Paz, onde ela morava, foram na pizzaria com a gente, e ela nos indicou comidas, lugares, boliches (que é como eles chamam as baladas, boliches mesmo são bowlings) e principalmente bares legais pra visitarmos quando chegássemos a capital. Passamos a noite dormindo no busão na estrada de Uyuni a La Paz. Esse busão, diferente da maioria dos ônibus bolivianos até tinha banheiro, mas como não podia deixar de ser, também tinha overbook, então eu sofri do mesmo jeito pois sempre que queria usar o banheiro tinha que pular dois americanos que estavam dormindo no corredor (incrível como esse povo gosta de sair de um país que presta pra virar mendigo num país podrera).
Chegando em La Paz, na manha do dia seguinte, nos despedimos da Natalia e do Sebastian, e pegamos um táxi para o centro. Lá, passamos horas procurando por um hostel que tivesse vagas (e nessa hora, eu já tava com sono, dor de cabeça e precisando cagar e já tinha amaldiçoado até a quarta geração do Guto. Se eu não fosse mais pão duro do que fresco, teria voltado pra São Paulo nessa hora mesmo, o foda eh que eu já tinha gasto 500 reais pagando a trilha inca antecipadamente). Finalmente acabamos achando um hotelzinho bacana e bem localizado, por um preço justo e com banheiro privado. O dono era bem gente fina e até agendou pra gente um passeio pro Chacaltaya no dia seguinte. Só de ver o banheiro meu animo já melhorou. Eu dei uma deitada pra ver se as dores passavam enquanto o Guto e meu irmão saíram pra explorar a cidade. Depois saímos pra almoçar num restaurante bom e barato nas proximidades e visitamos o centro, onde passando pela banca, só achei gibis do Condorito e Muy Interrantes (a Superinteressante deles), várias igrejas, a praça Murillo e o Mercado das Bruxas, onde se pode comprar feitiços, facas, lembranças da bolívia, fetos de llama morta e chá alucinógeno de cacto de velhinhas bruxas mal encaradas. Fizemos algumas compras, tomamos uma cerveja num barzinho bem jeitado (fotos no meu Orkut) e voltamos pro apartamento. A noite, pegamos uma condução pra praça Avaroa, onde a Natália tinha dito que era bão pra se tomar umas. Na verdade, era uma terça feira, então nenhum lugar era muito bão pra tomar umas, mas valeu a pena pois vimos um pessoal ensaiando uma dancinha pro carnaval deles (parece que lá ainda tem guerrinha de bexigas dágua nessa data, você pode acertar um policial e sair de boa!) e visitamos uma porrada de bares, entre eles o Juan Sebastian Bar (adorei o nome!), um barzinho de decoração, musica e ambiente rock n roll, e o Utopia, uma espécie de Santo, que servia vários drinks diferentes em canecões de dois litros por um preço acessível (35 bolivianos, algo em torno de 8 reais) que dava pra dividir em bastante gente.
No dia seguinte, acordamos cedo pra seguir uma guia até a agência de onde sairia o ônibus para o Chacaltaya. Lá encontramos pela primeira vez o Pedro, um maluco viajante de Minas e os goianos Marco e David, que ainda veríamos muito até o final da viagem. O busão atravessou o transito caótico da capital boliviana e afastando-se da cidade, subiu a montanha por estradas lazarentas, sempre beirando a morte e ficamos decepcionados de ver que o maldito aquecimento global tinha derretido a maior parte da neve da tão esperada montanha, que já abrigou um dia a mais alta estação de esqui do mundo. Com muito esforço, subimos até o topo e demos muita sorte, porque assim que chegamos, começou a nevar! Primeira vez na vida que a maioria dos brasileiros presentes via neve na vida, alegria geral e muitas fotos com a bandeira nacional salpicada de branco nas mãos. Voltamos ao busão e fomos levados até o Valle de La Luna, um lugar onde o magma vulcânico criou uma paisagem peculiar que lembra muito a superfície da Lua e onde qualquer escorregão pode ser fatal. Foi la que a guia nos ensinou que só os cactos com mais de seis pontas são realmente alucinógenos. Jantamos no Burger King e supostamente íamos só dar uma deitada pra depois sair, mas queimamos a largada e dormimos até o dia seguinte.
Nesse dia, o Guto foi fazer um percurso de bicicleta e eu e meu irmão fomos curtir uma civilização. Comemos no fast food local Mega Burger (horrível, hambúrguer gigante porém horroroso), procuramos um cinema (mas só tava passando 2012, então desistimos), visitamos o Museu e tentamos visitar o Valle de Los Animales, que é tipo o Valle da Luna, mas com formações que lembram animais. O problema foi que o taxista entendeu por Valle de los Animales, que queríamos ir ao zoológico, e acabamos ficando por lá mesmo. O zôo de La Paz deve ser o menos seguro do mundo. As raposas (zorros) não são cercadas por grades, as grades das onças e tigres parecem os portões da Cia. Do Espetinho e uma hora saíram cinco funcionários do zoológico correndo desesperados em direção a zona onde ficam as cobras, o que não pode significar boa coisa. A noite, jantamos no Burguer King (again), assistimos um pouco de tv em español (sempre tem Simpsons passando na Bolívia, o Homer chama Homero) e mais a noitinha saímos em busca de uma balada. Tavamos quase entrando em uma aparentemente miada que nos tinham indicado, quando meu irmão lembrou que ainda não tínhamos ido no Hard Rock Café. Na hora, pegamos um táxi e tocamos pra lá. O lugar já tinha até mudado de nome (se não me engano, agora chama Ibanez), mas ainda era rock n roll e tava cheio de gente. Logo eu e meu irmão chapamos e o Guto realizou uma de suas maiores proezas da viagem. Uma hora vimos chegando uma mina boliviana (sem comentários a respeito de sua beleza, só porque eu falei pro Guto que ia ser bonzinho) de mãos dada com um carinha de terno e óculos. Na hora, pensamos ´é puta!´. O Guto começou a mexer com a safadinha, que simplesmente dispensou o banana (banana em espanhol se diz platano, a fruta, não o homem de pouca dignidade) pra ficar com o Guto! Rolaram até umas minas dançando em cima do balcão atrás da gente, que tava em chamas porque ocasionalmente os garçons jogavam bebida na bancada e tacavam fogo nela. Mais uma bela visão infernal (e o Guto que o diga!heheh, foi mal, não deu pra perder essa deixa...)
No dia seguinte, almoçamos no Burger King (só pra variar) e pegamos um ônibus pra Copacabana.
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