quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Primeiro, a depressão já passou, a tv gato voltou a funcionar, achei um livro do Gaiman que eu tinha perdido sem terminar (Dias da Meia-Noite) pra ler e comprei uma hq do Aranha (que ta numa fase muito boa, unica revista que ainda compro na banca) pra me acalmar...nada melhor pra acabar com um vício, do que substituí-lo por vários...agora, as novidades:

Terminus
é o novo curta (em breve vai virar filme) do diretor de Distrito 9, locura pura, tá sem legendas mas também nem tem falas...



Zelig
é um filme bom e engraçado, mas o mais cansativo que eu já vi até hoje do Woody Allen. É um falso documentário sobre um homem camaleão, que assume
as personalidades das pessoas que estão perto dele. Tipo, se ele está perto de advogados, vira advogado, se está perto de negros, vira negro, se está perto de gordos, engorda. Puta idéia, o foda é que ele é basicamente uma sucessão de fotos em preto e branco, só com o narrador contando a história, da forma mais séria possível, o que, na real, é tão original quanto pé no saco...mas que vale a pena ser assistido, vale (talvez não no carvanal, mas fazer o que...)

Links pro download da película:

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Algumas considerações

2010: O ano em que eu não pulei carnaval, eu pulei O carnaval...direto pra 4a feira de cinzas...

Eu acho incrível que na quarta feira de cinzas, os católicos fazem jejum só de carne e ainda comem peixe (que nesse dia é considerado um vegetal)...


Agora, de volta pra narrativa do mochilão...

Bom, em Santa Cruz de La Sierra, alugamos um quarto por algumas horas só pra tomar um banho e recarregar as baterias (sério, não em sentido figurado, pra recarregar as baterias dos celulares, mp3s e máquinas fotográficas) enquanto esperávamos o ônibus para Sucre. No hotel, o Diego contou que na noite anterior tinha sonhado com o Guto no topo de uma montanha, nos liderando, então a partir daí começamos a chama-lo de líder e deixa-lo a cargo de tomar decisões chatas. Lá almoçamos num hotelzinho aparentemente firmeza, uma sopa de vomito com osso e um bife nervoso (novamente, não no sentido figurado, era um bife cheio de nervos mesmo). A viagem de ônibus levava mais umas 12 horas, então passamos essa noite dormindo no busão.

Chegando em Sucre, compramos passagens para Uyuni e nos despedimos de nosso amigo Bernardo, que pretendia passar uns dias na cidade, virando um quarteto. Enquanto esperávamos o ônibus para Uyuni, eu, o Guto e meu irmão (o Diego ficou na internet) pegamos um táxi (muito barato na Bolívia) visitar um sítio arqueológico, que na verdade só tinha algumas pegadas de dinossauros, um esqueleto e muitas réplicas (uma de brontossauro gigantesca que até que valeu a pena). Tiramos zilhões de fotos e comemos uma Hamburguesauria (em espanhol, hambúrguer se diz hamburguesa), a melhor refeição que fizemos em dias.

Pegamos o ônibus voltando do sítio, por volta do meio dia. Mais algumas horas de sono e mp3 depois e o busão parou no terminal rodoviário de Potosi, uma das cidades mais altas do mundo, localizada a 3.967 metros de altitude, pra deixar alguns passageiros. Eu achei que era uma parada oficial, pra galera usar o banheiro e desci pro baño do terminal (já que os malditos ônibus da Bolívia, quase nunca tem banheiro, e quase sempre tem overbook – vendem mais passagens do que eles tem de assentos disponíveis, ai toca alguém ir no corredor). Quando sai do banheiro, encontrei um Guto afobado gritando que o ônibus ta indo embora. Aí toca sair correndo atrás do busão, sem fôlego nenhum por causa da altitude. Ae entramos de volta no ônibus, e logo depois ele pára, em outro ponto da cidade, dizendo que a viagem só seguiria pra Uyuni horas depois. Filhos da puta, custava parar na rodoviária? Então, eu, o Guto, meu irmão e o Dyego pegamos uma lotação pra visitar a casa da moeda. Lá encontramos umas argentinas, que nos convidaram pra tomar um te (chimarrão) na praça da cidade. Engolimos aquela água quente por educação e voltamos correndo pegar o busão pra Uyuni. No busão, estavam um grupo de brasileiros, 3 minas e 3 caras que encontraríamos por todo o resto da viagem. Jogamos testa (o joguinho que os soldados jogam em Bastardos Inglórios) com eles e depois dormimos.

Chegamos em Uyuni de madrugada. A cidade tava lotada de gente e ficamos um puta tempo procurando em vão por um hotel. Já tavamos quase dormindo no busão em que chegamos (como fariam os 3 brasileiros que conhecemos), quando um taxista passou e se ofereceu pra nos ajudar, dando um role pela cidade atrás de um hotel. Achamos um meio carinho, onde a água quente acabou depois de alguns minutos e a água acabou logo depois. Mas tudo bem, já que só tínhamos algumas horas de sono pra acordar cedo e marcar um passeio pelo Salar. Demos muita sorte e conseguimos marcar um passeio que começava no mesmo dia, tomamos o café da manhã (onde eu tive o insight de que chá de coca só daria barato se eu tomasse pelo nariz), imaginando como seria um ex-daimista (religiosos que usam chás de cipós e maconha para se encontrar com Deus) em uma reunião de Narcóticos Anônimos (Oi, meu nome é João, e eu estou tentando parar com Deus...) e logo saímos pra agência de turismo.

Chegando na agencia compramos um fardinho de águas de dois litros (afinal, estávamos a caminho do deserto) e conhecemos os irmãos bolivianos radicados na Suécia, Sebastian e Natalia, que nos acompanhariam em nosso 4x4 pelos 3 dias de passeio no Salar. Nosso guia, Juan, colocou nossas mochilas na caminhonete, ligamos meu mp3 no rádio do carro e ao som de um bom e velho rock n roll, seguimos viagem. Passamos pelo cemitério de trens, mas não tem muito o que se fazer por lá, além de tirar fotos e algumas horas depois chegamos no tão esperado Salar. Caralho, é provavelmente o lugar mais bonito que eu já vi na vida. A imensidão branca do mar de leite coberta pelo perfeito céu azul forrado de algodão...tá, parei com a boiolice...O salar é muito divertido, como ele é plano, dá pra brincar bastante com perspectiva e quando o guia quer ir embora, dá vontade de mandar ele a merda e ficar lá pra sempre. Rodamos mais um pouco e paramos numa “ilha” que fica no meio do salar, uma isolada porção de terra, revestida de cactos gigantescos (cujos espinhos parecem palitos de dentes), em cujo topo podemos ter uma visão de 360 graus do salar. Lá, nosso guia cozinhou pra gente um bife, com quinoa (um “arroz” comum na região, feito duma planta que dá no deserto) e salada. Pra acompanhar, uma “Cueca-Cuela” fervendo e maionese que passou o dia todo fritando no sol. De barriga cheia, visitamos outra parte do Salar, ainda mais bonita, que retém uma fina camada de água acima do deserto de sal, criando um “espelho”, que reflete o céu e as nuvens na superfície, dando a impressão de que você está pisando no céu. É fabuloso, sem brincadeira. Visitamos também um hotel feito de sal e um lugar pra comprar quinquilharias de sal e então chegamos no hotel hiper-fuleira onde passaríamos a noite, a hospedagem San Juan (foto do orkut), que tem sal no chão de alguns quartos e um quarto que fica no meio! de uma escadinha capenga na qual eu com certeza me mataria se bebesse. Em frente a hospedagem, tinha um campo com uma grande criação de llamas (que já tínhamos visto na estrada, mas nunca tão de perto), onde deu até pra perseguir algumas (vídeo em www.youtube.com/gusttman2). Guardamos as mochilas nos quartos e fomos com a Natalia e o Sebastian num hotel bem melhor que ficava lá perto (quem chega primeiro fica, e demoramos mais que outros grupos no Salar), tomar umas cervejas quentes (temperatura ambiente, mas estávamos no deserto) atrás desse hotel, vendo o sol indo embora até que começasse a ventar muito e a areia começasse a nos irritar. Entramos então no hotel, tomamos outras nas mesas de sal e depois voltamos pro nosso próprio hotelzinho fuleira, que tinha um banheiro só, unisex, pra todos os hóspedes, jantar uma janta até que de cara agradável (mas que nos dias seguintes ainda me faria muito mal), uma sopa de legumas e um frango gorduroso assado. Quando eu ia subir pra dormir, vi eles preparando a sopa, ao pé da cama de um gordo nojento e descalço, em um balde de lavar roupa, com a cozinheira cortando as batatas no chão (e eu tinha nojo da caipirinha que o Shao e o Rosseto faziam na praia, no chão do banheiro...). Já fui dormir com dor de cabeça, por causa da altitude, e no dia seguinte, acordaríamos cedo....

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