quarta-feira, dezembro 21, 2022

Quando o segundo sol chegar...

Caramba, esse ano passou voando! Com tanta coisa acontecendo no trabalho, e a vida, com seus shows, eventos e churrascos voltando ao normal, eu mal parei pra escrever. Na verdade, mal tive tempo de ler. Ainda bem que leitura é uma necessidade básica que combina muito bem com, bom, outra necessidade fisiológica muito básica. Mas não queria que o ano acabasse sem que eu comentasse um pouquinho pelo menos da viagem pra Maceió que fiz com a Amanda em novembro. Foi uma semaninha intensa, em que conhecemos muitos lugares incríveis e diferentes, que valem a pena a recordação, não só em imagens, mas também em palavras.

Fomos pra lá dia 22 de novembro, saindo de São Paulo umas 15h e chegando em Alagoas perto das 19h. Correu tudo bem com o voo, mas o transfer que havíamos contratado pra nos levar do aeroporto pro hotel foi mega cansativo e demorou quase o mesmo tempo do percurso do voo. Chegamos acabados, deixamos as coisas no quarto e descemos pro restaurante ali do Ibis mesmo e eu tava com a cabeça tão longe que derrubei o primeiro chopp que o garçom trouxe e pedi um lanche de consume. Consume era uma sopa, nem era um lanche de verdade, apesar de estar do lado do xsalada no cardápio e eu me senti tão otário de descobrir isso na hora que acabei nem pedindo mais nada.

Felizmente, no dia seguinte, já tinhamos um passeio agendado e a viagem finalmente começou a fazer sentido. Fomos pra tradicional praia do frances, um lugar bonito porem lotado demais (tanto de turistas, quanto de vendedores ambulantes). Boa parte da praia está cercada por uma barreira de corais, que durante a maré baixa faz com que a praia se pareça com uma piscina de tão tranquila. Já deu pra pular no mar, que mal tinha ondas, e tomar uns bons drinks no abacaxi na barraca do grande Clenion. Um nome difícil de esquecer, já que no dia seguinte a gente realmente estava indo ver um canyon.

Na quinta feira, madrugamos pra pegar o busão da excursão, que passou pouco depois das 5h da manhã nos buscar no hotel. A viagem seria longa, mas com certeza valeria a pena. Localizado no sertão à 300km de Maceió, na divisa de Piranhas-AL com Canindé do São Francisco-SE, o passeio do dia consistia em visitar a cidade histórica de Piranhas, cidade a qual foi palco de diversos combates entre o bando de Lampião e as autoridades nordestinas. Dali pegamos um catamarã, que navegou entre os paredões de rochas do rio São Francisco. E como se a vista dos canyos já fosse incrível, ela ainda conta com um banho ali no rio, em uma grande piscina natural (cercada por redes artificiais), onde todos podem descer do barco e nadar bem no meio de umas das paisagens mais bonitas que já vi na vida. Voltamos de barco até a cidade mais próxima, petiscamos alguma coisa num restaurante ali perto e voltamos pra capital, num trajeto que levou cerca de 5h. Pra mim, viajar de onibus é  muito tranquilo. Ele começa a andar, eu começo a dormir. Simples assim. Mas pra Amanda, que passa o tempo todo acordada é um suplício. E isso nos fez desistir do outro passeio mais longo que havíamos planejado, no qual iríamos até Porto de Galinhas. Nesse dia rolou o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo, mas foi enquanto a gente ainda estava no ônibus e eu estava dormindo.

Na sexta, era hora de finalmente conhecer Maragogi, "o caribe brasileiro", que era desde o começo um dos principais focos da nossa viagem. Outro lugar inesquecível. Nenhuma foto faz juz a beleza do lugar. O azul esverdeado da água, em contraste com as pedras é tão bonito que parece até artificial. Tanto que quando fomos assistir "Avatar: O caminho da água", a primeira coisa que pensei quando eles chegam la na tribo dos corais foi "caralho, eles fugiram pra Maragogi!). As piscinas naturais são incríveis e a grande dica do dia é: leve seu próprio pão. Os fotógrafos usam bolinhos de pão molhado pra atrair os peixes, então se você estiver sem isso (ou sem um fotógrafo!), você até vai poder curtir a paisagem, mas não vai conseguir um contato mais próximo com a vida marinha, que é grande parte da atração. 

Sábado fomos pra praia do Gunga, outro destino famoso ali perto da cidade, onde o ponto alto foi o passeio de quadriciclo. Eu já tinha dirigido quadriciclos antes (em Monte Verde e Natal, por exemplo), mas nunca em uma estrada como essa, que começa com uma trilha na sombra de centenas de palmeiras e desemboca em uma praia, que de um lado tem um mar azul-piscina e do outro enormes falésias, cenário do filme "Paraísos Artificiais". O único problema da praia (e de Maceio como um todo) era o sol. Parecia que alguem tinha aumentado a intensidade dele. A piada dos guias, inclusive, é que na cidade existe um sol pra cada habitante. Pra quem é turista, a sensação é de que são pelo menos uns três. Estava tão quente que mal conseguimos pisar na areia e acabei comprando uma camiseta com proteção UV porque fiquei cansado de tanto ter que retocar o protetor solar. Voltando pra Maceio, paramos no Cheiro da Terra, um restaurante incrível que descobrimos próximo do hotel, onde provei o tradicional "chiclete de camarão" e a Amanda pegou um prato bem bom também de carne de sol na nata.

Já no domingo, foi dia de conhecer São Miguel dos Milagres, mais um destino da Costa dos Corais. Passamos de buggy conhecer o santo que deu nome à cidade (que veio por conta de uma estátua de madeira de São Miguel Arcanjo que foi encontrada por um pescador, que o curou/ou sua mulher, dependendo de quem conta a história, de um problema de saúde; a fama desse milagre concedido pelo santo se espalhou e alterou o nome do povoado), paramos em uma praia quase deserta, com mar tão calmo que realmente mais parecia piscina mesmo e em seguida pegamos um barquinho até as famosas piscinas naturais da praia do Patacho, tão bonitas e coloridas quanto as de Maragogi. Ali fiz o melhor mergulho de snorkel do passeio, onde consegui ver uma variedade bem maior de peixes, já que a região parece ser menos explorada e denifitivamente tinha menos turistas e fotógrafos oportunistas por perto.

Segunda-feira, decidimos tirar o dia pra descansar direito, já que a gente mal tinha parado desde que havíamos chegado. Finalmente tivemos tempo pra tomar o café da manhã do hotel (que era cobrado a parte, mas muito honesto) e dar uma volta pelas lojinhas da cidade. A seleção jogou a 13h da tarde, então sentamos no Cheiro da terra (nosso novo restaurante local favorito) pra tomar uns frozens e comer alguma coisa enquanto assistimos o jogo. O Brasil ganhou, a comida estava ótima e o frozen de maracujá excelente. A noite saimos comer uma pizza e assim tivemos nosso dia mais tranquilo da viagem.

Terça de manhã saímos dar uma volta ali na praia mais próxima do hotel mesmo, na praia de Pajuçara, fizemos o check out, deixamos nossas coisas na portaria e  tomei um chopp de saideira acompanhado de uma porção de dadinho de tapioca com carne de sol. Pegamos o voo no início da noite, e só porque a Amanda tem medo de voar, pegamos a pior turbulência que eu já experimentei. O avião tremeu o tempo todo, pra ajudar eu estava sem fone de ouvido pra assistir a alguma coisa no celular e o único jogo que eu baixado era Pokemon TCG pro emulador de gameboy, mas muita leitura 8bit enquanto sua cadeira está tremendo não é nada agradável. Felizmente chegamos bem em São Paulo, eu ainda estava de férias e na quinta-feira já era dia de Comic Con!

quarta-feira, maio 11, 2022

O show da vida

No último sábado de abril fui no meu primeiro show internacional pós pandemia. Foi minha primeira vez na pista premium (afinal, não tenho mais idade pra ficar me matando pra chegar perto do palco) e não poderia ser com uma banda melhor, the hottest band in the world: KISS. 

E mais, na sua turnê de despedida! É incrível o quanto estar mais perto da banda aprimora a experiência (e ainda bem que não descobri isso antes, senão estaria bem mais pobre). Ok, beleza que de qualquer lugar do estádio você pode sentir o clima maravilhoso de dezenas de milhares de pessoas cantando a mesma música em uníssono, que cria uma energia única que chega a arrepiar. Mas, ver seus ídolos de perto, ocasionalmente te olhando nos olhos, é outra coisa.

Na área premium tinha até maquiadores fazendo as pinturas da banda direto na pele da galera que tivesse saco pra ficar na fila! Ou seja, por muito pouco eu não voltei pra casa pintado como o Paul Stanely! Mas acabei me contentando em levar de lembrança só as máscaras de papel que estavam distribuindo também (peguei uma de cada membro do grupo!), coleção que um dia eu pretendo enquadrar pra exibir no meu porão/biblioteca/sala de jogos.

O KISS tocou as mesmas músicas de sempre, hinos que eu já ouvi tantas vezes que até já saíram das minhas playlists mais recentes por ja ter enjoado de tanto escutá-los, mas caramba, é incrível o quanto os caras são bons no que fazem. É show demais! (por mais que essa palavra esteja mais desgastada do que nunca hoje em dia). Uma  baita experiência que renova o espírito e te preenche de ânimo! 

Me senti uns 20 anos mais jovem, ao ver aquele quarteto de idoso de cara pintada tocando seus clássicos pra mais de 60 mil pessoas no estádio, cuspindo sangue, passando voando por cima de mim com suas botas de salto alto e soltando labaredas gigantes de fogo, cujo calor dessa vez chegava até a esquentar minha cara! 

Teve muita pirotecnia, bolas gigantes voando por cima da galera e chuva de papel picado. Ou seja, tudo aquilo que eu sempre KISS!

E eis que duas semanas depois, numa terça feira já chegava a vez de eu ver, mais uma vez na premium, o Metallica

Confesso que essa foi uma banda que eu demorei pra começar a gostar (razão inclusive de essa ter sido a primeira vez que eu fui ver a banda ao vivo). Quando eu era mais novo, achava o som pesado demais pro meu gosto. Acontece que enquanto o tempo passava e o rock deixava de ser pop, as músicas novas disponíveis iam acabando, então o que me restava era recorrer a musicas e principalmente bandas antigas que já existiam. E foi assim, através de um gosto adquirido com o tempo, que me tornei parte da Metallica Family. 

Greta Van Fleet ser a banda de abertura ajudou no incentivo da comprar o ingresso, e por um tempo eu até cheguei a pensar que talvez eu fosse gostar mais do show deles do que da própria atração principal. Mas eu não podia estar mais enganado! Por mais que Greta seja sensacional, não deu nem pro cheiro (até porque eles se concentraram mais em músicas do último CD, que não me empolgou tanto quanto os dois primeiros e fizeram um show bem mais sem graça do que da última vez que vi a banda em São Paulo, numa Lolla party).

Ver o Metallica ao vivo é coisa de outro mundo, que até fez com que eu me questionasse se eu não curtia tanto a banda simplesmente por nunca tê-los visto e ouvido ao vivo antes. Os caras mandam muito! 

E o pior é que som ao vivo nem é tão pesado assim, apesar de o tempo todo, as ondas de mosh ao meu redor tentarem me convencer do contrário. Na verdade, tenho até que agradecer os moshs (as famosas "rodinhas punk"), que mais ajudaram do que atrapalharam. Foi graças a eles que eu e o Gui (meu amigo que tinha vindo de Botucatu pro show) conseguimos chegar praticamente na grade do palco. Aproveitando o embalo do empurra-empurra e das cotoveladas, a cada música que acabava, chegávamos mais perto da banda. 

O show começou com uma cena de "O bom, o mau e o feio", um dos meus faroestes favoritos, só fazendo com que eu me identificasse ainda mais com a banda. E depois de uma sequência de "Whiplash", "Ride the lighting" e "fuel" eu só faltava tatuar Metallica na testa. Que experiência foda! 

Por um lado, fiquei até feliz de ter "guardado pra depois dos 30" uma banda desse nível. Além disso, sem dúvida alguma o Gustt do colegial que habita em mim pirou quando escutou e viu, ali pertinho do palco, "Enter the sandman" sendo tocada ao vivo.


Setlist do KISS:

Detroit Rock City

Shout It Out Loud

Deuce

War Machine

Heaven's on Fire

I Love It Loud(Gene breathes fire)

Say Yeah

Cold Gin

Guitar Solo (Tommy Thayer)

Lick It Up 

Calling Dr. Love

Tears Are Falling

Psycho Circus

100,000 Years

God of Thunder

Love Gun

I Was Made for Lovin' You

Black Diamond

Beth

Do You Love Me

Rock and Roll All Nite


Setlist do Metallica:

Whiplash

Ride the Lightning

Fuel

Seek & Destroy

Holier Than Thou

One

Sad but True

Dirty Window

No Leaf Clover

For Whom the Bell Tolls

Creeping Death

Welcome Home (Sanitarium)

Master of Puppets

Bis:

Spit Out the Bone

Nothing Else Matters

Enter Sandman

quarta-feira, março 30, 2022

É tudo ficção!

 Esses dias me peguei pensando no porque eu gosto tanto de super-heróis. Olhei pra minha estante abarrotada de gibis, livros e bonecos e me perguntei porque diabos eu gastei tanto tempo e dinheiro na vida com essa merda.

Então comecei a pensar nas outras coisas pelas quais as pessoas vivem e no que investem seu tempo. 

Deus, religião em geral, política, democracia, amor, riqueza. E a conclusão que cheguei é de que, se você realmente parar pra pensar, no final das contas é tudo ficção. 

E as pessoas vivem e morrem por ficção o tempo todo. Lutam por países desenhados por linhas imaginárias e passam vidas inteiras lutando pra ganhar dinheiro, que por sua vez também não passa de mais uma invenção humana. 

A principal diferença daquilo que reconhecemos como ficção e todo o resto é que nesse caso existe um consenso unânime do que é real ou não. 

Ou seja, ficção científica, super-heróis e fantasia em geral são na verdade o meio mais honesto, transparente e verdadeiro que existe.

Quando tudo é ficção, nada poderia ser mais sincero do que o meio que leva esse título no próprio nome.

Viva o surreal, o absurdo e o bizarro! Viva o sonho!



quarta-feira, março 16, 2022

Apocalipse utópico

Ok, eu admito. Sou o último ser humano da face da terra que continua acompanhando The Walking Dead depois de 11 temporadas. Mesmo depois da série de TV ter abandonado os principais personagens dos quadrinhos e alterado outros tantos. 

Acontece que volta e meia ainda aparece uma boa ideia por ali.

No episódio que assisti ontem, por exemplo, muitos anos após a praga zumbi ter se espalhado pelo mundo, depois de todos já terem se acostumado a ter deixado pra trás seus antigos empregos pra virarem matadores de errantes, ferreiros e fazendeiros em tempo integral, nosso grupo de sobreviventes chegou a uma comunidade que de alguma forma manteve a mesma estrutura social do mundo pré apocalipse zumbi. 

Tipo, os zumbis ainda estão a espreita, mas ainda existem advogados, faxineiros, basicamente, castas sociais que permitem que ainda exista gente que diz coisas do tipo "você sabe com quem está falando?". Tem até gente usando terno! Basicamente, pessoas agem como se fossem melhores que as outras, independente do mundo ter ido pro espaço.

Em qualquer filme de zumbi, a primeira coisa que acontece é a implantação natural do comunismo. As pessoas dividem igualmente as tarefas, os bens e os alimentos, afinal, estão todos na mesma situação de merda. Tem um ou outro filho da puta, mas na ficção eles geralmente são minoria.

Nessa comunidade de TWD não. Nesse lugar, tão parecido com o mundo real que é assustador, não tem essa putaria de comunismo apocalíptico não. É cada um por si, e eu na sua frente porque sou melhor que você!

E é muito triste ver que é exatamente assim que o mundo real funciona. Tem um vírus mortal se espalhando pelo mundo? Foda-se. Dilúvio? Foda-se. Terceira guerra mundial? Foda-se. Contanto que eu esteja bem, o resto do mundo que se exploda.

As pessoas não vão se tornar melhores por causa disso. O mundo esteja acabando e continuo trabalhando pra vender carros de luxo. Ainda tenho que usar calças. Ainda tenho que pegar metrô lotado pra estar em um lugar fazendo as mesmas coisas que eu poderia fazer de casa, gastando mais grana e perdendo mais tempo. 

A evolução é uma mentira. O bem comum é ficção. Nem adianta nem torcer pelo meteoro galera, qualquer coisa que sobre não tem salvação.

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

A origem do coronavírus

Muita gente acredita que a epidemia de coronavírus começou na cidade de Wuhan, na China, em dezembro de 2019, e de lá rapidamente se espalhou para o mundo. As principais teorias levantadas incluem o contato entre um ser humano e um animal infectado e um acidente em um laboratório na China. 

A OMS divulgou um relatório de 120 páginas, desenvolvido por cientistas da China e de outras partes do mundo, que reforçou a origem natural da epidemia. A tese mais aceita diz que o vírus passou do morcego para um mamífero intermediário, e dele para o ser humano. 

Mas tudo isso é fake news.

O que nem todo mundo sabe é que na verdade quem criou o corona foi a Amanda, minha esposa. 

Cansada de me ver chegando tarde em casa depois de sair pra happy hours com meus amigos pós-trabalho e de toda semana eu querer ir pra alguma pré-estreia no cinema no meio da semana, a Dra. Almeida usou os conhecimentos que aprendeu na faculdade que cursou no Japão para desenvolver a arma definitiva contra a boemia: o coronavírus.

Corona significa coroa. Ou seja, o próprio nome já entrega que o objetivo final desse agente patológico é acabar com toda forma de juventude, transformando todas as pessoas do mundo em idosos tristes sem vida social!

Falando sério agora, a Amanda odeia que eu divulgue isso (o que por si só já é meio suspeito), mas como eu tenho poucas oportunidades de contar essa história no bar, tinha que pelo menos postar por aqui mesmo, só pra que fique registrado pra posteridade.

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Rain

 Alguns dias eu me pergunto...será que o fim do mundo chegou? Como se não bastassem milhões de pessoas estarem morrendo por conta de uma nova gripe, agora tem gente morrendo por causa de chuva!

Já são mais de 110 mortos em Petrópolis, uma cidade incrível que onde eu tive o prazer de passar um reveillon junto com minha família há alguns anos atrás. 

Não é muito absurdo isso? Não dá mais nem pra ficar de boa com o que antes costumava ser só...chuva. 

Também não consigo me conformar com as pessoas que simplesmente preferem não acreditar no que está acontecendo. Tem gente (parente meu até!) que não acredita na letalidade do vírus até hoje. 

Quando deu o dilúviu em Jaú, uma galera logo procurou culpados além das forças da natureza. Culparam usinas de terem abrido suas comportas, como se esse não fosse um problema que estivesse atingindo diversas outras cidades pelo país. É como se a cabeça de umas pessoas simplesmente não conseguissem aceitar os tempos que estamos vivendo. O argumento dessas é pessoas é que não poderia ser só chuva, afinal isso nunca aconteceu antes. Como se a falta de histórico justificasse alguma coisa. Parece que é  mais fácil simplesmente viver em negação.

Pra mim a a palavra que mais define essa década em que estamos é apatia (o que é irônico, já que é a primeira palavra da abertura do desenho Batman do Futuro, lançado em 1999). 

Eu até aceito que tudo pode acontecer, mas sinto uma enorme apatia com relação ao futuro, essa total falta de motivação perante a situação, acompanhada de  desgaste físico, inércia e letargia. 

E sinto que está todo mundo assim. Todo mundo ta indo em psicólogo. Ninguém mais faz planos a longo prazo, ninguém parece estar completamente feliz. 

Dá pra ver como isso reflete no próprio entretenimento, em filmes cada vez mais escuros e dramáticos. Já repararam por exemplo que ninguém nem se atreve  mais a lançar uma nova comédia? Qual foi a última sitcom que você acompanhou? Duvido que tenha sido algo lançado recentemente. 

É como se ninguém mais nem tivesse coragem de tentar fazer os outros rirem. 

Enfim, já que é pra chover, que a tempestade traga alguma esperança de renovação, como já dizia minha música favorita do Creed...

I feel it's gonna rain like this for days
So let it rain down and wash everything away
I hope that tomorrow the sun will shine
With every tomorrow comes another life...




sexta-feira, fevereiro 04, 2022

Waterworld

 Em janeiro, por conta de termos pego covid e pelo preço da viagem de São Paulo a Jau estar se aproximando cada vez mais do custo de uma viagem a Dubai, eu e a Amanda (com a Luna babando no banco de trás, como sempre) voltamos uma única vez pra Jaú.

E claro que bem nesse final de semana ia acontecer o grande dilúvio. Chegamos sexta, junto com a chuva, e praticamente não parou de cair água do céu até domingo a tarde. Sério, não me lembro de ter visto uma frequência tão alta de chuva na cidade. A cidade deve ter sentido o mesmo.

Conseguimos aproveitar bem nossa estadia: comemos pizza de parma com meus pais, provamos praticamente todos os tipos de pão doce que uma nova padaria de congelados recém-aberta na cidade tem a oferecer, assistimos uns filminhos legais, visitamos o Gustinho, onde provamos o delivery do Rosbife marombeiro (que tem um franguinho frito show e uma costelinha boa demais!) e comemoramos atrasado o aniversário da Amanda (teve até bolo!). E assim que percebemos que a chuva não ia dar trégua, decidimos sair logo depois do almoço de domingo pra São Paulo, chegando aqui junto com as notícias de que Jaú tinha quase virado Atlântida. 

A cidade foi tomada pela água, com o rio transbordando de um jeito como nunca havia acontecido e alagando de barro várias casas, comércios e restaurantes. 

Poucas horas depois a água já tinha baixado, mas o estrago foi grande. Muita gente perdeu seus bens no meio da desgraça, parede desabaram e teve até um idoso que perdeu a vida. Tudo isso fora a terra que invadiu as casas, que mesmo pra quem não foi tão afetado, deve ser tão fácil de limpar quanto de se esquecer uma tragédia desse tamanho.







quinta-feira, fevereiro 03, 2022

Meia vida

Caramba, quanto pó por aqui hein? Nem lembrava mais a senha pra entrar nesse site que já foi um dia parada obrigatória pra mim toda semana. Acho que nunca fiquei tanto tempo sem postar desde o começo do blog. Em parte, me sinto até um pouco arrependido por não ter mantido um histórico da minha incrível rotina de quarentena. Acho que eu realmente não esperava que essa situação fosse durar tanto. Em março vai fazer 2 anos que eu sai da agência levando o computador pra casa pra ficar quinze dias de home office.

Pouca coisa aconteceu nesse meio tempo. 2021 foi um ano realmente estranho. Eu passei mais tempo em Hyrule do que em Jaú. Estive caçando pokemons por todo Kanto virtual existente, mas mal sai de casa. Minha sala e meu quarto se tornaram praticamente extensão do meu corpo aqui em São Paulo e a Luna minha sombra branca.

Pela primeira vez na vida eu tive tempo pra sentir que o tempo tava passando. Ou seja, nunca me senti tão velho e tão cansado. A pandemia tirou da minha rotina os bares, os amigos, os colegas de trabalho, os restaurantes, as bancas, a Comic Con, os cinemas, os teatros, os shows e as exposições (basicamente tudo que eu tinha pra contar de novidade aqui no blog). Levou tudo que fazia com que o tempo passasse tão rápido (e de forma tão divertida), que eu mal lembrava que ele estava aí. Ao invés disso, o ano passado deixou de legado 3 novos videogames, e uns 10 kilos a mais na balança.

Teve coisa boa sim, uma viagem pra Socorro (na qual levamos até a Luna!), lançamento de conto novo em coletânea de terror, pós-graduação online, o casamento da minha irmã, viagem pra Natal com a Amanda  (o ponto alto do ano, com passeio de buggy nas dunas, rolet de dromedário, mergulhos com peixes, quadriciclo na beira da praia e muita lagosta) e é claro: a chegada da tão esperada vacina!

Não foi uma perda total, mas também faltou muita coisa pra que eu sentisse que o ano foi completo. O medo da doença ainda pairou por nossas cabeças o tempo todo (e inclusive poucas semanas atrás eu mesmo e a Amanda pegamos Covid,  felizmente com poucos sintomas, o pior deles sendo eu ter passado alguns dias com o sentimento androide de ter perdido o olfato e o paladar). 

E como se um vírus mortal não fosse o bastante, ainda teve a queda absurda no nosso potencial de compra. Dólar lá nas alturas fazendo com que eu diminuísse a quase zero minhas comprinhas internacionais, editoras lançando quadrinho que custa quase R$500, gasolina com preço absurdo (voltar pra Jaú deve ter ficado pelo menos 40% mais caro), e o sentimento de que se eu sair pra comer um hambúrguer aqui na cidade vou gastar pelo menos uns R$200. Até delivery ficou caro demais ultimamente. Sério, tudo subiu de preço de uma forma muito absurda e eu acho incrível de verdade que isso não tenha gerado ainda revolta generalizada nas ruas. 

Bom, acho que vou parar por aqui antes que o texto comece a ficar (ainda mais) depressivo. Até a próxima!