Segundo estudo da University Colllege of London são necessários em média 66 dias para transformar um hábito em rotina. Há mais de 100 dias em quarentena, os brasileiros já afirmam gostar dos novos hábitos adquiridos e que pretendem mantê-los. Entre esses hábitos estão aumentar a higiene, comer de forma mais saudável, focar no desenvolvimento pessoal e trabalhar de casa.
Foco hoje no "trabalhar de casa". Se durante 4 meses milhares de empresas (como aquela pra qual eu trabalho, por exemplo), já conseguiram se adaptar ao sistema de home office, pra que voltar pro escritório?
Ok, tem a parte legal da interação com a galera e com os clientes, o aprendizado e tudo mais. Mas não precisamos de 5 dias presenciais na semana pra isso, certo?
Guerras, pandemais e revoluções são sempre pontos de virada, momentos de transformação.
É o empurrãozinho que coisas que estavam a beira de acontecer, precisavam pra acontecer logo de uma vez.
Idosos estão aprendendo que não precisam ir ao banco todo dia e usando internet banking, as pessoas fazem mais compras online e gastam menos com comida. Afinal, com tempo pra cozinhar em casa, quem vai querer gastar R$100 pra comer um hamburger ou R$150 conto pra comer uma costelinha do outback? Com tempo e treino, é perfeitamente possível fazer essas coisas em casa.
As pessoas estão percebendo que as 2h que perdiam diariamente no trem ou no ônibus no trajeto pro trabalho não eram produtivas. Que ficar "batendo ponto" é na verdade contraprodutivo, porque o que acontece é que os trabalhadores batem o ponto e vão tomar café, enrolar batendo papo no corredor ou cagar na empresa só pra otimizar seu tempo (o chamado "cocô remunerado", sério, tínhamos até nome pra isso!).
De casa, você consegue ver quem realmente trabalha de verdade e quem só faz hora. É melhor pro empregado e pro patrão.
Tem sido incrível conseguir aproveitar as "horas do trem" lendo meus quadrinhos, as "horas do almoço" comendo melhor em casa e ainda sobrando tempo tempo pra jogar um videogame e tudo isso na ótima companhia da Amanda e da Luna.
De vez em quando, dá até pra voltar pra Jaú e prolongar a estadia por mais um tempinho.
Tem amigo meu que foi trabalhar da praia, tem gente que foi trabalhar do sítio.
O novo mundo é incrível, é perfeito.
Eu não quero que isso acabe. E tem muita gente que pensa como eu.
Google, Facebook e Twitter já liberaram seus funcionários pra ficar de home office por tempo indeterminado.
Algumas outras empresas, como a XP, disseram que estão construindo centros de convivência mais afastados de São Paulo.
Os ventos da mudança estão soprando.
Pagar aluguel caro nessa cidade infernal não faz sentido.
Qual a necessidade de gastar centenas de reais em almoços superfaturados?
Perder semanalmente pelo menos 10h no trânsito ou no transporte público pra chegar ao trabalho e fazer algo que você poderia tranquilamente fazer de casa NUNCA fez sentido.
Basicamente, todo mundo só concordava em seguir dessa forma porque as pessoas estavam "habituadas" a esse sistema de trabalho operário arcaico e ultrapassado.
Até pras empresas era pior, por terem que se preocupar com a locomoção da galera (gastando horrores com taxis ou até mesmo aviões), gastarem com aluguel caro em algum prédio empresarial badalado e ainda terem que fornecer energia, internet e equipamento pra todo mundo.
Acontece que a pandemia forçou o mercado a abrir os olhos para o quanto o trabalho presencial é obsoleto pra MUITAS profissões. Advogados, publicitários, bancários e por que não até professores de certas matérias, todo esse pessoal pode trabalhar de onde bem entender e aliviar um pouco o excesso de gente que mora em São Paulo.
Eu acredito no futuro. Acredito em uma cidade com menos gente, com alugueis mais baixos, restaurantes com preços mais justos e na implementação de um sistema de home office na maioria das empresas que possa funcionar integralmente de forma digital.
E aguardo, ansiosamente, o caminhão da mudança.
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