Saímos de Jaú por volta das 22h, e apesar do sono e da chuva, estava sendo só mais um dia como qualquer outro. Até que, perto de Corumbataí, começo a sentir o carro se desestabilizar e vejo minha roda traseira direita me ultrapassando. Viro pra Amanda e falo "Essa era nossa roda! Perdemos uma roda!" e jogo o carro pro acostamento. Exatamente a mesma maldita roda cujo rolamento eu tinha trocado no dia anterior!
Checamos os nossos celulares e nenhuma das 3 operadoras que usamos tem sinal. O pânico começa a tomar conta. Ligamos o pisca-alerta. Tentamos nos acalmar e pensar no que fazer.
Como estamos parados perto de uma placa que diz "ÚLTIMO RETORNO ANTES DO PEDÁGIO 500M", imaginamos que o melhor a fazer é ir até o pedágio.
Eu vou sozinho, enquanto a Amanda fica no carro mantendo as luzes do farol e do pisca-alerta acessas pra que nenhum caminhão bata no nosso carro.
Então saio na chuva, no frio e no escuro correndo a procura de ajuda. Tento gritar e fazer sinal pra que algum motorista pare, mas como o medo de que eu seja um assaltante é maior do que a vontade de ajudar, ninguém para. Ninguém nem ao menos desacelera.
Quinhentos metros depois tinha realmente um retorno, mas nada do pedágio. Continuo correndo, cerca de 900 m até achar um daqueles telefones da Centrovias. Ele não tem um painel onde eu possa digitar números, só um botão vermelho gigante, que eu aperto sem parar. Uma voz me pergunta o que aconteceu, e peço ajuda.
Na volta, decido voltar pela terra, já que a luz do meu celular é muito fraca e cada caminhão que passa beirando o acostamento literalmente me dá um banho de água fria.
Chego em um barranco e tenho que pular da terra de volta pra estrada. Calculo mal o pulo e acabo ralando as mãos e os joelhos no asfalto. Agora estou molhado, com as mãos sangrando e correndo de volta em direção ao carro com medo que alguém possa tentar fazer algum mal à Amanda.
Minutos de tensão depois, vejo que tem luzes de uma viatura brilhando atrás do nosso carro. Ela está segura. Vai ficar tudo bem.
A polícia pede meus dados, faz algumas perguntas e pede pra ver o porta-malas, suspeitando de que o carro estivesse pesado demais. O guincho da Centrovias reboca resgata a roda voadora (que tinha ido parar uns 200 m pra frente, no acostamento, mas que eu não consegui carregar de volta com as mãos machucadas), lava meus cortes com álcool e nos leva até o posto mais próximo da Polícia Rodoviária. De lá, já secos e com internet, esperamos o guincho do nosso seguro vir nos buscar. Até chegar em Jaú, de volta à casa dos meus pais, são mais de 3h da manhã. Contamos o que aconteceu e percebemos o quanto temos que ser agradecidos por não ter acontecido nada mais grave com a gente. Tudo que eu quero é um banho quente e algumas horas de sono. No dia seguinte, o táxi do seguro nos leva de volta pra São Paulo...
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