segunda-feira, agosto 15, 2016

Lesca

Meu esporte favorito (sim, eu tinha um) na adolescência era um esporte que nem existe de verdade. Meus amigos (Foggy, Sustinho e seus irmãos mais velhos) chamavam de lesca. Mas esse nome não é usado por mais ninguém. Taco parece ser o nome mais aceito, pra esse jogo sensacional que é basicamente uma cópia de críquete e o mais próximo de baseball que eu cheguei a jogar.
Pra jogar tudo que a gente precisava era de duas garrafas pet de 2L, dois cabos de vassoura e uma bolinha de tênis (se tiver mais melhor, a primeira sempre vai parar no telhado do vizinho).
Jogam 4 pessoas por vez. Dois rebatedores e dois lançadores. A moral do jogo é tentar acertar com sua bolinha de tenis a garrafa do time adversário, sem deixar que o rebatedor mande a bolinha pra longe com seu cabo de vassoura. Derrubar a garrafa vale um ponto. Se o rebatedor acertar a bola, ele tenta correr até a sua garrafa e marca um ponto se chegar lá antes do lançador conseguir recuperar a bolinha. Ganha quem fizer mais pontos e o jogo geralmente acaba junto com a disponibilidade de bolas (ou a disponibilidade que o dono das bolas tem de perder mais uma delas).
Eu gostava desse jogo porque unia várias coisas que eu conseguia fazer bem: rebater (porque fazia aulas de tenis na época) e correr como um maluco (a única coisa que eu fazia em qualquer outro esporte). 
Aparentemente, parte do processo de envelhecer (fora acordar involuntaria e invariavelmente cedo e a vontade incontrolável de ir a feira no domingo) é começar a lembrar de repente de assuntos aleatórios. Mal posso esperar até que esses "ataques de saudosismo" também atinjam meus amigos, e que novas partidas de lesca sejam agendadas o quanto antes.
Cruj, cruj, cruj, tchau!

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