sexta-feira, novembro 28, 2014

Monstrô

Marchamos diariamente
Às catacumbas
Do deus Serpente

Uma procissão
Silenciosa e ritmada
de passos lentos
Uma multidão
Com mais de mil detentos

Como sonâmbulos deslizamos 
Cada vez mais fundo
Para o centro do mundo

Pagamos o dízimo
Desviamos de seus seus dentes
Nos amontoamos como insetos 
No colo de seu ventre

A criatura brinca 
Com nossa auto estima
E quando termina
Nos cospe para cima

O que sobra é o pó
É a casca
É osso
É nada

segunda-feira, novembro 24, 2014

Poeminha do Phil

Ao dormir
Guardava tanto frango 
Entre os dentes
Que
Ao acordar
Ouviu um galo cantar


Ass: Phil Dental


FDS ao [ ] (quadrado) (ba dum tss)

Um feriado no meio da semana sempre faz bem! Quinta passada foi dia da consciência negra, e deu pra mim não fazer nada de buenas o dia todo! Deu pra botar as hqs, seriados e Borderlands em dia e a noite, ainda curtir uma feirinha gastronômica com a Manda, ali do lado de casa, na Praça Roosevelt, onde tava rolando o festival Satyrianas. Comemos umas costelas ao barbecue, tomei choppinho ipa da ora e tudo bom bonito e quase barato (pelo menos não tão caro quanto em um restaurante).
A sexta feira, por mais corrida que tenha sido no trabalho, passou voando e a noite trouxe um rolê pela Augusta. Comida mexicana no Tollocos (kapsa, pois ainda sinto saudades do Natortilla, que fechou no Shopping Light) e a descoberta do melhor bar do momento: O JÂO GUERINO DE SAMPA!
A própria Rua Augusta é uma atração por si só, enquanto descíamos pro "Novo Jão", já vimos uns quarentões passando vestidos de Chaves, Kiko e Seu Madruga. O fato mais incrível é que eles não estavam juntos, e o seu Madruga tinha uns sessenta anos de idade. Fora isso, passou um maluco, de camisa social, se abaixou na água que corria ao lado da calçada, e no maior estilo Bear Grylls, tomou tudo como se estivesse numa cachoeira! "Fodasse o mijo da rua de cima, fodasse a dignidade, to aqui de boa plantando bananeira e tomando água da rua!"
Bom, chegamos no Roxo, topamos com o Kev e sua senhora, pedimos umas cervejas (superfaturadas, igualzinho o Jão Guerino), e logo depois nos sentamos numa mesinha abaixo do telão, que (exatamente como a tela de um certo senhor sujo de Jahu), exibia o melhor mix musical da história dos bares. Muito AC/DC ao vivo, Stones, Aerosmith. Todas aquelas bandas que prestam, e que (por algum motivo) passam longe do Lollapalooza! A mesa foi enchendo de desconhecidos, alguém trouxe uma dose de absinto original pra galera e me senti uns dez anos no passado, com a galera do colegial reunida no bom e velho Sr. Guerino. Viva a Augusta! Viva o novo Jão!
No domingo, eu e a-Manda fomos conhecer o shopping do metrô tucuruvi, assistir Interstellar - antes que alguém ainda me acertasse com um spoiler, mais comum e mais letal que bala perdida (crítica no post abaixo) - e tomar umas "paletas mexicanas" (nova moda e desculpa paulistana pra chamar picolé usando um nome fresco só pra poder cobrar o triplo, mas admito que eram deliciosas)! Fdssensacional =]
Fiquem agora com o mais novo clipe, da nova música do AC/DC:

Interstellar

Filmes bons são aqueles que te fazem pensar ao sair do cinema. Que te fazem fervilhar com ideias enquanto assiste. Que equivalem a leitura de um bom livro. Interestellar, novo filme do Nolan (diretor da melhor trilogia do Batman até hoje, e de um que sempre será meus filmes favoritos: "Aminésia" ou Memento) é isso: bom pra caralho!
O filme tem um quê de Quarteto Fantástico (quatro exploradores do universo, 3 homens, uma mulher e um deles tem um filho e uma filha superinteligente), o que é ótimo, já que o próximo filme do Quarteto mesmo vai ser um lixo (o Dr. Destino vai ser um temível...blogueiro ¬¬). E empresta muitos dos conceitos do Guia do Mochieliro das Galáxias. A diferença é que o Douglas Adams nunca se levou a sério (o que não deixa de ser ótimo), enquanto esse filme traz uma abordagem mais realista de algumas de suas ideias (como o robô sarcástico, por exemplo). Quase três horas de filme que passam voando. Trilha sonora do caralho. Ótimos atores. Um filme que seria perfeito, caso terminasse uns dez minutinhos antes. Mas mesmo com o deslize no final (o que também é questão de opnião, deve existir quem tenha gostado), não tira o mérito de um dos melhores filmes do ano (e o único que tenta ser original, em meio a um mundo de adptações, sabiam que até o "Hercules" que estreio esse ano era baseado numa hq? =b)! Anyway, recomendo demais!

terça-feira, novembro 18, 2014

SCORPIO BOYS: UMA HOMENAGEM DE NEIL GAIMAN A ALAN MOORE E AOS ESCORPIANOS

"Os Escorpianos da cidade de Lux cantam suas estranhas canções e deixam as janelas do seu carro manchadas com suas flanelas velhas, e mijam perto da porta da sua casa. É raro vê-los. Se você vir um, você não morrerá hoje.
Há um homem velho. Ele é tudo o que há entre nós e o Fim do Mundo. O Fim do Mundo bate na porta dele uma ou duas vezes por semana, eles comem bolo, bebem chá e batem papo, e no inverno comem pão quentinho, e competem quem é o mais inteligente. Até agora, quem está ganhando é o velho, e o mundo só acaba vez ou outra. Nós não lembramos do mundo acabando. Nós somos do lado de cá.
Ah, os Escorpianos encaram mesmo; é um ato de magia, claro se você conseguir acreditar neles. Se você vir um, é sorte. Tanta sorte.
Espancados e largados para morrer pelos Homens de Piltdown cantando “nós somos, nós somos os Homens de Piltdown, nós somos, nós somos” Cambaleiam pelas ruas das cidades de penumbra quebrando garrafas e vomitando na sarjeta, alguém te encontra e te levanta e te leva para casa. Talvez tenhamos sido nós. Nunca saberá.
Um cigarro desenha no ar uma figura, Algo feito de luz e fumaça, então você sabe que é mágica alguém diz que dá sorte e sabe-se lá o que pode acontecer? Coisas estranhas acontecem em cidades. Mesmo em cidades pequenas.
Veja Lux, por exemplo: uma cidade que não há, Como todas as cidades, é uma descrição mágica, um jeito de fazer todas as impossibilidades acontecerem longe,
Como um poema ou um sussurro ou um tinteiro - você pode ficar olhando para dentro, ou mergulhar sua caneta. Em todo caso, isso te levará a lugares invisíveis, abrirá uma porta em seu coração para nós, Povo fino, curioso e mal-vestido, com nossas roupas com respingos de tinta de caneta e furos de cinza de cigarro.
Quando houver um número suficiente de nós, vamos virar uma cidade.
Fazemos porque acreditamos. Porque histórias precisam ser contadas. E virem a nós para serem criadas."
Neil Gaiman
A canção-poema* foi originalmente publicada em 2003 no livro ALAN MOORE: PORTRAIT OF AN EXTRAORDINARY GENTLEMAN, editado por smoky man eGary Spencer Millidge.
Para conhecer a página oficial de smoky man dedicada a Alan Moore, visite:http://alanmooreworld.blogspot.com.br
Fotografia de autoria de Jose Villarrubia.
Nossos sinceros agradecimentos ao escorpiano Neil Gaiman, que autorizou a tradução e publicação de seu poema em nossa página Alan Moore BR; ao escorpiano Jose Villarrubia, que gentilmente permitiu o uso da foto; e ao escorpiano smoky man, pelo significativo tributo a Alan Moore e pela autorização concedida.
E parabéns a Alan Moore em seus 61 anos. Longa vida ao mais extraordinário escritor e sua obra mágica.
(*) The Scorpio Boys in the city of Lux sing their strange songs, for Alan Moore, © Neil Gaiman.

segunda-feira, novembro 17, 2014

Ice, Ice, Baby

Amizades são como gelo. Parecem sólidas e firmes como pedra. Tem um brilho especial. E, dependendo da ocasião, podem refrescar ou incomodar. Mas um único deslize é necessário pra que esse cubo de gelo se quebre e se parta em mil pedaços, fazendo com que tudo pareça perdido pra sempre. 
Mas o tempo passa, os pedaços de gelo derretem e viram água novamente, e nas circunstâncias propícias (que podem ser uma fôrma de gelo ou simplesmente um churrasco), o gelo pode ser refeito. Talvez seja até o mesmo gelo de antes, quem sabe, como se ele nunca tivesse se partido. Só sei que me sinto feliz, porque nesse final de semana, fizemos gelo novo com água velha. 

segunda-feira, novembro 10, 2014

O ladrão sem rosto

Sábado, a caminho do apartamento que um dia já foi nosso, mas hoje é só da minha irmã, fui assaltado. Estava carregado de mochilas com presentes pra familiares, hqs e roupas que queria deixar em Jau e mais concentrado no que estava em minhas costas, acabaram levando o que havia em um de meus bolsos enquanto estava no ônibus. 
Como sou malandro, não tinha nenhum documento e só alguns de meus cartões na carteira (e como não tenho dinheiro, só carregava algumas moedas). Ainda assim, teve a dor de cabeça do susto e do fato de que eu e a Amanda tivemos que perder quase meia hora cancelando tudo junto aos bancos.Mas o que mais me irritou foi não ver a cara do filho da puta. Não poder dar um rosto pro qual eu poderia direcionar meu ódio, xingamentos e mil e uma maneiras de assassiná-lo mentalmente. A carteira simplesmente sumiu, como num passe de mágica. 
Ironicamente, no período da manhã, eu tinha visto uns caras perto da estação da Luz fazendo aquele velho golpe dos três copos. Ache em qual está a bola, e você ganha seu dinheiro em dobro. Tinha uma fila enorme de gente só esperando sua vez de ser tapeada. O mágico escondia a bolinha, fora de qualquer um dos copos, e em seguida fazia de conta que ela estava em qualquer recepiente que não fosse apontado pelo participante. Cheguei até a comentar com a Amanda, o quanto era ironico que eles ganhassem mais dinheiro com esse único truque, do que com uma apresentação completa, na qual ele dependeria de esmolas e boa vontade.
Pois é, horas depois, a mágica foi no meu bolso.
Tudo bem, não deu nem tempo do fella tentar usar qualquer cartão e no final, e voltei pra casa com mais do que esperava (presentes atrasados de aniversário =]), mas ficou aquele vazio. 
Sempre que algúem sacar uma carteira no ônibus, e vou dar uma boa olhada pra ver se não é a minha, mesmo que essa informação, assim como o talento dos mágicos honestos, não vá servir pra nada.