Graças as reuniões que faço fora do escritório quase toda semana, acabo conhecendo muitos taxistas diferentes toda semana.
Cada um seus pontos fortes e fracos. Velocidade, conversa, ar condicionado ligado. Mas no geral, não tem grande diferença.
Enquanto eles trafegam pelas ruas, eu viajo na maionese, e antes que perceba, chego ao meu destino.
Só que certa vez, eu tive o azar da cooperativa me mandar aquele que é definitivamente o pior taxista com quem já tive o desprazer de dividir meu tempo.
Trabalho na Av. Angélica, uma das mais movimentadas da cidade, então os taxistas costumam estacionar na garagem pra me buscar.
E eles são muito pontuais.
E eles são muito pontuais.
Um belo dia, quando achei estranho que minha locomoção estivesse demorando mais do que o normal decidi esperar pelo carro na frente do prédio. Um velho super atrapalhado se aproximou e abriu a porta.
- Eu estava esperando na garagem - disse a ele.
- Não tem garagem esse prédio - ele respondeu. - Tive que dar a volta no quarteirão.
Reparei que o taxímetro já estava rodando e a conta ja ultrapassava dez reais.
- Tem sim, tanto que eu acabei de sair dela..
- Não tem garagem não. Onde é a garagem?
Tive que empurrar alguns papéis para sentar no banco.
- Ali atrás.
- Ah, pensei em parar ali. Mas é muito apertado. Fui tentar manobrar e as pessoas começaram a me olhar, como um animal.
Abri o vidro. O Carro fedia.
- Tem carro demais nessa cidade. Nem almocei ainda, acredita? - disse o taxista.
- Pois é, né - respondi desinteressado.
- Logo vão começar a dar carros de graça pras pessoas. Já tem taxas zerando, não é? Quem faz isso são as empresas de combustível. Elas que mandam em tudo. Ninguém mais tem dinheiro pra comprar carro. Vão ter que começar a dar, porque não estão parando de produzir.
Os devaneios do velho continuaram por quase toda a viagem. Não tinha uma ideia minimamente válida, e quando ele virava pra trás exalava um bafo terrível.
Ao chegarmos no meu destino, ele entrou no prédio e um guarda pediu para que encostasse na vaga de parada rápida.
O taxista fingiu não ouvir.
O guarda fez sinal para que mudasse o carro de lugar.
Ele ignorou.
- O guardinha está pedindo pra estacionar ali. Você esta numa vaga da carga e descarga.
- Ele que espere - o mau educado respondeu.
Desci do carro morrendo de vergonha do guarda. Gesticulei com as mãos que não era minha culpa dele ser maluco.
Para preencher os dados do boleto da empresa, perguntei ao motorista qual era o seu nome.
- Napoleão - ele respondeu.
Um nome desses era só o que faltava pra que ele fosse marcado pra sempre em minha memória como o pior taxista da história de São Paulo.
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