Envelhecer é foda, né? Ok, é melhor que a alternativa, mas ainda assim...foda, né?
Fui em dois shows nessas últimas semanas que jogaram muito na minha cara o quanto eu estou envelhecendo. Sexta passada fui ver os os Backstreet boys com a Amanda. Os "boys" já viraram "men" há muito tempo, e estão na faixa dos cinquenta.
As dancinhas ficaram um pouco patéticas e as barbas tingidas mais evidentes. Não que eu esperasse um número musical saído de RRR (minha nova indicação de filme do momento), mas eu realmente esperava mais...movimento, sabe? A faixa etária eram mulheres de meia idade e mais velho que o público, só quem estava no palco.
Pelo menos eles ainda cantam alguma coisa. O show foi divertido e a nostalgia bateu muito forte, ainda que a maior parte dessas músicas eu só escutasse por tabela, ou no aguardo da próxima posição do Disk MTV. Melhor que vender o ingresso que a Amanda tinha sobrando pros cambistas, que ofereceram 1/4 do valor que ela tinha pago quando comprou.
O público abraçou a situação da forma mais compreensiva possível. Afinal, melhor um show capenga do que show nenhum, cancelado sem previsão de reposição. E sendo muito sincero, no final das contas quem faz o show é o público. E não tem no mundo uma plateia que ame o Iron Maiden mais do que os brasileiros. Se o Paul não consegue cantar, a gente canta por ele. A gente pula por ele, grita mais alto que a banda, bate cabeça enquanto pode.
Foi o primeiro mosh ("rodinha de porrada") que eu vi onde predominavam cabelos brancos, panças de chopp, escolioses. Faz sentido. Os dois primeiros álbuns do Iron são de 80 e 81. O público se renovou até o começo dos anos 2000, e depois só se manteve. Os jovens foram ouvir outra coisa: Lady Gaga, K-Pop ou Pablo Vittar.
Enfim, o lado bom da velhice é que não é algo pelo que você tenha que passar sozinho.
O velho no palco reflete os idosos se cotovelando na pista, que refletem o estranho que eu vejo no espelho. E enquanto a música estiver tocando, a gente faz o que pode pro show continuar.